O PV36 tinha largas colunas encerrando seu teto e portas dianteiras articuladas atrás, as chamadas portas "suicidas". Um charme todo especial foi conseguido de maneira simples com coberturas sobre os pára-lamas posteriores, semelhantes às do Airflow. Elas traziam um friso em forma de "L" invertido que fazia menção a uma asa e reforçavam o aspecto aerodinâmico trabalhado pelos desenhistas do Volvo. O resultado foi um visual bastante moderno para a época, o que impressionava por vir de um fabricante sem tradição — anterior ou posterior — de ousar no desenho de carrocerias.

Se o "Carioca" inspirava modernidade, sofisticação e conforto, não era um mero acaso. O fabricante sueco realmente pretendia criar um automóvel de nível superior e que expressasse exclusividade. Para tanto, Ornberg criou um compartimento de passageiros amplo, que podia transportar até seis pessoas — três na frente, três atrás. O banco traseiro era mais largo que os modelos anteriores da Volvo. O porta-malas era integrado e, portanto, mais bem protegido. Mais que um exemplo de esmero estético, o "Carioca" era também seguro, como alguns acidentes graves vieram a provar mais tarde. Nisso ele se consolida com a filosofia dos produtos da marca até hoje.

Uma miniatura reproduz uma versão conversível do "Carioca", da qual não há registro de produção em série; a articulação das portas dianteiras na parte de trás era comum à época

Mas o PV36 também era elogiado por ter funcionamento suave e silencioso. Juntando-se o isso a modernidade do desenho e o conforto interno, a Volvo concluiu que seria justo cobrar 8.500 coroas suecas pelo modelo, um preço relativamente alto na época. Pesando 1.660 kg e medindo 2,95 metros entre os eixos, o PV36 "Carioca" tinha sua avançada e robusta carroceria feita toda em aço. Ele só não apresentava grandes inovações na parte técnica do projeto. Embora novo, o motor desenvolvido por Ornberg caracterizava uma evolução, não uma revolução, além de ser o mesmo usado em outros modelos da linha Volvo para 1935.

Com seis cilindros em linha e válvulas laterais, tinha cilindrada de 3.670 cm³ (diâmetro de 84,14 mm e curso de 110 mm) e potência máxima de 80 cv a 3.300 rpm. A caixa de câmbio era manual de três marchas, com alavanca no assoalho, e os freios hidráulicos nas quatro rodas. A suspensão era independente, com braços sobrepostos e molas helicoidais, na dianteira e usava eixo rígido na traseira. Apesar do desenho que inspirava velocidades elevadas, com essa configuração o desempenho do sedã sueco era modesto o suficiente para não ultrapassar 120 km/h.

Com motor de seis cilindros, 3,7 litros e 80 cv para lidar com 1.660 kg, seu desempenho era apenas razoável, mas o PV36 cativava pela segurança, a tradicional bandeira da marca

A produção limitada e o preço pouco convidativo se mostraram adequados à fraca demanda pelo PV36 "Carioca". As vendas eram realizadas a conta-gotas. Paralelamente a ele, a Volvo desenvolveu um modelo menos complexo e mais acessível, que atraiu o público mesmo custando um pouco mais que seus concorrentes. Era o PV51, de 1936, um discípulo com fórmula mais balanceada dos princípios introduzidos pelo PV36 um ano antes.

Com 6 cv a mais e 160 kg a menos, o espartano PV51 veio na medida do que o mercado buscava. Seus faróis não embutidos, maior diferença visível em relação ao "Carioca", ainda eram mais palatáveis ao gosto do consumidor sueco naquele momento. Com o PV51 a modernidade já representava vendas para a Volvo. Se esse não foi o caso com o PV36, o inovador modelo de 1935 ao menos funcionou como uma bússola apontando para o futuro. O "Carioca" pode ser comparado a um dia de verão tropical em pleno inverno nórdico.

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