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Versões cupê também eram muito interessantes. Foram usados para corridas e para bater recordes. Esses eram pintados na cor azul, muito usada na França em corridas. Da ampla grade do radiador saiam duas hastes metálicas que se apoiavam nos pára-lamas curvos. Estes também apoiavam dois faróis circulares de bom tamanho. Um terceiro ficava junto à parte inferior do radiador. O pára-brisa, de pouca altura, era inclinado e recebia três limpadores.

Havia uma preocupação aerodinâmica. Vários conhecimentos aeronáuticos da empresa foram aplicados na carroceria. Os quatro pára-lamas envolventes tinham desenho bem estudado, com linhas curvas. Os vidros laterais, quase retangulares, tinham também pouca altura e faziam boa figura com o resto do conjunto. Os estribos eram cromados, largos e bem perpendiculares às portas. Muito interessante era o teto corrediço que, fechado, se apoiava no pára-brisa. Aberto, mostrava quase metade do interior. Os pára-choques eram de lâmina cromada, protegendo os pára-lamas, e tinham belo desenho.

Era um carro de luxo. Transportava com conforto seis ocupantes. O painel, com acabamento em madeira nobre, tinha seis mostradores com desenho circular e fundo preto. O volante enorme tinha quatro raios e curiosamente ficava à direita, apesar da origem francesa. A suspensão dianteira usava eixo rígido, feixes de molas semi-elitícas e amortecedores a fricção. Atrás também se viam feixes de molas, mas com um eixo De Dion. As rodas de aro 18 pol tinham calotas cromadas e côncavas, cobrindo toda a área da roda. Os pneus tinham a medida 6,50-18 e os freios a tambor possuíam acionamento hidráulico.

Seu motor Knight de seis cilindros em linha, refrigerado a água e alimentado por dois carburadores, era silencioso e eficaz. Com 3.318 cm³, tinha potência de 110 cv e também não usava válvulas. As camisas eram móveis e o mesmo sistema também foi utilizado nos carros da marca Minerva, de origem belga. As molas de válvulas na época não eram resistentes. Essa concepção deixava os motores mais confiáveis e com melhor desempenho.

A velocidade final era de 140 km/h, número muito bom para a época. Sua tração era traseira. Foram construídos cerca de 30 modelos até 1938, quando a empresa foi absorvida por outra por problemas financeiros. A Voisin contou com clientes muito importantes e famosos, tais como a dançarina e cantora americana (radicada em Paris nos anos 20) Joséphine Backer e o famoso ator de cinema Rodolfo Valentino. Gabriel Voisin, um homem genial, com humor perspicaz e intrépido, morreu em 1973. E deixou 12.000 automóveis de destaque como herança ao mundo.

No recente filme Sahara, estrelado por Penélope Cruz e Matthew McConaughey, o C28 foi imortalizado. O ator principal faz o papel de Dirk Pitt e comenta que só foram fabricados seis exemplares do belo carro — na verdade foram cerca de 30. Foi construída uma réplica muito bem feita, com supervisão de "autoridades" da marca, em apenas três meses. Porém, devido ao teto baixo, os atores não ficavam visíveis. Foi então concebido um segundo modelo, em tempo recorde de três semanas.

Não era autêntico, pois não existiu um modelo quatro-portas conversível, mas no restante era impecável. Foi moldado em alumínio e resina poliéster sobre um verdadeiro. Para a aventura, a cópia recebeu motor de Jaguar XJ de 4,2 litros, caixa automática de Dodge e elementos de transmissão de Range Rover. Para enfrentar as areias do deserto, tinha tração integral. Devido aos malabarismos nas filmagens foram gastos oito pára-brisas, vinte rodas, quinze faróis e cinco capôs. Foi construído um tanque de combustível especial para suportar as explosões do filme.