Orgulho britânico

Potente, confortável e com soluções avançadas para os anos 70,
o Rover SD1 competia com os luxuosos de toda a Europa

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A década de 1960 foi um bom tempo para a britânica Rover. Seu sedã médio P6 obteve êxito no mercado de carros executivos e fez sucesso até com a polícia, sobretudo depois da adoção do motor V8. Um de seus concorrentes, o Triumph 2000, havia se tornado um modelo parceiro com a absorção de ambas as marcas pela British Leyland. Na virada para os anos 70 o grupo inglês começou a trabalhar em um único sucessor para ambos os automóveis. Contudo, grande parte das áreas de desenvolvimento ainda não era compartilhada, o que o levou a manter projetos separados. Tão logo era concluído o Range Rover, David Bache passava ao projeto do novo carro, o P10.

Habituado a desenhos à frente de seu tempo, ele definiu que um hatchback seria o formato ideal para um carro que rompesse os padrões da época. Enquanto isso, a Triumph desenvolvia o estilo de seu carro, o Puma, com Michelotti. Em 1971, porém, a Leyland resolveu unificar as equipes de projeto e escolher o melhor dos trabalhos já elaborados. O vencedor foi o da Rover. Assim, quando a marca foi agrupada (junto da Triumph e da Jaguar) na chamada Specialist Division (divisão especialista) da companhia, ou SD, o projeto foi renomeado SD1. A sigla foi mantida quando ele chegou ao mercado, em junho de 1976, de início apenas na versão 3500. Era produzido em uma fábrica em Solihull especialmente construída para ele.

Em 1976, um desenho típico da década seguinte: frente sem grade, pára-brisa inclinado, cinco portas, boa aerodinâmica

O dois-volumes de cinco portas impressionou pelas formas modernas e esportivas. Tinha ampla área envidraçada, pára-brisa bem inclinado, luzes de direção envolventes e uma frente "limpa", sem grade. Bache, o projetista, dizia com uma pitada de exagero que ele se saía bem quando colocado ao lado de Ferraris e Maseratis, apesar de ser um hatch familiar e não um cupê esporte. De fato, o desenho frontal era fortemente inspirado pelo 365 GTB/4 "Daytona" da marca de Maranello. Havia também semelhanças com o projeto BMC 1800, desenhado em 1967 pelo estúdio Pininfarina. Amplo, media 4,69 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,38 m de altura e nada menos que 2,82 m entre eixos. Seu coeficiente aerodinâmico era bom, 0,41, e o peso estava ao redor de 1.370 kg.

Por dentro o SD1 era sóbrio, sem os acabamentos em couro e madeira do P6, mas impressionava bem. Plásticos macios, que transmitiam qualidade, eram usados no volante e no painel, cujo desenho quase simétrico buscava facilitar a produção das versões local, com direção à direita, e de exportação, à esquerda. Os instrumentos ficavam em uma "caixa" que parecia só repousar sobre a parte superior do painel; os mostradores maiores, velocímetro e conta-giros, eram acompanhados por outros quatro; o volante tinha um formato incomum, com dois raios na base e o restante do aro livre. Havia amplo espaço para objetos, volante regulável em altura e profundidade, bancos reclináveis e controle interno dos retrovisores.

Por dentro do SD1, painel e volante de desenho original e bom padrão de conforto

O motor V8 de 3.528 cm³ que a Rover havia comprado da Buick, divisão da GM americana, e que já equipava o P6 e o Range era uma opção natural para o novo carro. Uma otimização elevou a potência de 143 cv a 5.000 rpm para 155 cv a 5.250 rpm, enquanto o torque máximo de 27,3 m.kgf aparecia a baixas 2.500 rpm. Usava dois carburadores. O câmbio manual de cinco marchas era um projeto da Triumph, com opção pelo automático de três. Na suspensão traseira o conceito De Dion do P6 era abandonado, em razão de custos, em favor de um simples eixo rígido, com sistema de nivelamento automático. A engenharia da Rover garantia que ela funcionava tão bem quanto as independentes de alguns adversários.

Na frente também havia uma simplificação, em que os braços sobrepostos do P6, com molas e amortecedores horizontais, davam lugar à suspensão McPherson. Um destaque do SD1 era a direção assistida bem rápida, com apenas 2,7 voltas entre os batentes — até então só o Citroën DS, com seu sofisticado sistema hidráulico de direção, freios e suspensão, havia adotado relação tão baixa. Os pneus eram radiais 185/70-14, com opção pelos 195/70-14 em rodas de alumínio, e os freios dianteiros usavam discos. A oferta de itens de segurança era muito boa, com pára-brisa laminado, cintos dianteiros de três pontos e previsão para montagem apropriada de cadeira infantil, opcional. Continua

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Data de publicação: 18/10/05

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