A
frente trazia a já tradicional grade em formato oval e faróis bem
baixos, próximos ao pára-choque — na verdade uma barra da cor do carro
ligando os dois pára-lamas, que começavam bem à frente da própria
grade, postada sobre o eixo dianteiro. Dessa maneira, a frente
pronunciada por um longo capô permitia o formato de asa dos pára-lamas
dianteiros nas laterais, além de um ar imponente de nobreza. Rebites
visíveis, e incorporados ao desenho, justificavam-se pelo uso de peças
em magnésio, material bem mais leve que o alumínio, mas tão inflamável
que não permitia soldas.
Portas de abertura "suicida" continham janelas laterais na forma de um
grão de feijão, mais baixas na parte posterior, e com quebra-ventos.
Os pára-lamas traseiros vinham acompanhados de saias que escondiam as
rodas até a base do carro. O caimento da traseira era ao estilo
fastback, suave e ovalado como
uma ave com suas asas recolhidas. Pequenas lanternas ladeavam o espaço
reservado à placa do veículo. O maior charme do Atlantic era uma
espécie de espinha dorsal que dividia ao meio a capota, do pára-brisa
bem inclinado ao porta-malas.
O que ajuda a tornar esse Bugatti um clássico perene da mais alta
estirpe é sua ínfima produção: apenas três foram feitos. E, para
inflar ainda mais sua aura de obra de arte, cada um deles tem
características próprias e o paradeiro sempre rastreado pelos
colecionadores. Confeccionado sobre um chassi do Type 57 normal, o
primeiro era mais alto, como denunciava seu capô. A carroceria era
toda feita em magnésio (chamado comercialmente de electron na
época), razão pela qual muitos o tratam por Aerolithe Electron Coupe.
Tinha rodas raiadas e pneus com faixa branca. Sua história é
desconhecida, mas reza a lenda que ele foi destruído por um trem.
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