Dali para trás, os vidros assumiam perfil mais baixo e o teto terminava em uma traseira truncada, cujo enorme vidro, sustentado aberto por molas a gás, consistia a própria tampa do porta-malas. O original formato permitia um bom espaço aos dois ocupantes do banco traseiro — que trazia a inovação do encosto rebatível bipartido, depois imitado por peruas e hatches do mundo todo. O vidro já possuía limpador, que parava fora dele quando desligado para permitir a abertura. E a Reliant anunciava aceitar pedidos de qualquer cor para a pintura, acrescentando em um catálogo que "uma cliente recentemente encomendou o veículo da cor de seu esmalte de unhas preferido"...

O Scimitar GTE: quatro lugares, vidro traseiro para acesso ao compartimento de bagagem, desenho original -- e a primazia mundial do banco traseiro rebatível e bipartido

O GTE trazia ainda uma alteração mecânica: o uso do motor Ford "Essex" V6 (o nome referia-se ao local de produção, na Inglaterra), em versões de 2,5 e 3,0 litros, aplicado também ao cupê no ano seguinte. Com um só carburador da italiana Weber, a de maior cilindrada fornecia 138 cv e 23,7 m.kgf, suficientes para acelerar de 0 a 100 km/h em nove segundos e chegar à máxima de 192 km/h. Havia agora três opções de câmbio: manual de quatro marchas, outro com sistema overdrive e um automático Borg-Warner de três marchas. Os pneus passavam à medida 185-14 e o peso chegava a 1.190 kg. A princesa Anne, filha de Elizabeth II, ganhou um GTE em seu 18º aniversário e passaria muito tempo fiel ao modelo.

A versão inicial da "perua", SE5, dava lugar em 1972 à SE5A, com evoluções como um aumento de potência em 7 cv. O painel de linhas retas era substituído por um arredondado, mas de plástico moldado e baixa qualidade. Essa série foi a de maior sucesso na linha Scimitar, com 5.105 unidades produzidas — a Reliant trabalhava então com toda sua capacidade. Três anos depois surgia o SE6, mais comprido e largo, que ambicionava um segmento superior do mercado. Apesar do requinte do interior, não convenceu pela qualidade, tanto por problemas como vazamentos quanto pelo comportamento dinâmico inferior ao do SE5.

O desenho frontal do GTE era exclusivo e mais interessante que o do cupê; na versão SE6B, ao lado, o motor "Essex" já havia dado lugar ao "Cologne" V6 de 2,8 litros, com câmbio automático de série

Já em 1976 aparecia seu sucessor, o SE6A, com melhores freios, qualidade de construção e estabilidade, além de oferecer direção assistida. Também retornava a produção de carros com volante à esquerda (abandonada havia anos), para exportação a países como Bélgica, Suíça e Holanda, grandes compradores da marca. Mas a venda da Reliant à Nash Industries, em 1977, deu início a seu declínio: os novos donos queriam investir em carros esporte menores, abandonando a evolução da linha Scimitar.

Com o encerramento da produção do V6 "Essex" pela Ford, em 1979, o carro passava a usar outro motor da mesma marca, o "Cologne" V6 de 2,8 litros, feito na unidade alemã de Colônia e que equipava o Taunus. Com potência similar (135 cv) e menor torque (22 m.kgf), além de câmbio automático de série, o carro era chamado de Scimitar SE6B. Também nesse ano aparecia um conversível, o GTC ou SE8, com quatro lugares e linhas atraentes. Uma estrutura do tipo targa enrijecia a estrutura, ligando um lado a outro e à armação do pára-brisa. Apesar do capricho no acabamento, como o uso de lona especial na capota em vez do vinil barato de outros conversíveis ingleses, teria apenas 442 exemplares feitos até 1986.

Proposta de redução: o Scimitar SS1, lançado em 1984, era mais leve e usava motores de quatro cilindros, como o 1,8 turbo da Nissan

O público não mais aceitava pagar caro por um modelo de técnica superada: a suspensão dianteira, por exemplo, era similar à do Triumph TR6 da década de 1960, por sua vez originária do modelo Mayflower dos anos 50. O SE8 foi o último modelo da série original, mas o nome introduzido em 1964 não desaparecia tão já. Em 1984 a Reliant havia lançado o compacto Scimitar SS1, com desenho de Michelotti e chassi inspirado no do Lotus Elan original. Como era menor e mais leve que os modelos do passado (3,87 m de comprimento, 2,13 m entre eixos, 840 kg), podia usar motores de quatro cilindros e menor cilindrada, como os Fords de 1,3 e 1,6 litro, com 69 e 96 cv, na ordem. Mais tarde vinha o 1,8 turbo de 135 cv da Nissan.

Quatro anos depois apareciam as evoluções SS2 e SST, com estrutura monobloco. Com base nesses modelos a empresa mostrava em 1991 o Scimitar Sabre, com motor 1,4 de 104 cv da Rover e bom desempenho. A produção dos três carros estendeu-se até 1995, quando a Reliant foi vendida à Avonex e deixou o mercado de modelos esporte.

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