Nos EUA, assim como no México, a "coisa" era anunciada como um veículo de lazer, assim como os bugues que há tanto tempo fazem sucesso no Nordeste brasileiro. Dentro dessa proposta a fábrica destacava a capota conversível (com opção por um teto rígido de plástico reforçado com fibra-de-vidro), o pára-brisa rebatível e as portas que podiam ser removidas. Cores vivas como laranja e amarelo eram oferecidas (havia também o branco) e a capota oferecia quatro tons, incluindo branco. Usava as lanternas traseiras da Kombi dos anos 60.

Com a capota de lona ou a rígida (opcional) e as portas no lugar, o Thing assumia um ar pacato, típico de um pequeno utilitário...

Embora parecesse até maior, por conta das quatro portas e das linhas retas, o 181 mantinha a distância entre eixos do Fusca e da Kombi, 2,40 metros, e era mais curto que ambos, com 3,78 m no total. Como no sedã, o estepe e o tanque de combustível (para 40 litros) ficavam na frente. O motor de quatro cilindros opostos arrefecido a ar, na versão inicial de 1.493 cm³ e um só carburador, fornecia potência de 44 cv a 4.000 rpm e torque máximo de 10,2 m.kgf a 2.000 rpm — força razoável em baixas rotações, como convinha à proposta do veículo.

Um ano depois, em agosto de 1970, passava ao de 1.584 cm³, com 48 cv e 10,5 m.kgf. Com câmbio manual de quatro marchas e uma curta relação final de 4,125:1, estava longe de ser rápido: velocidade máxima de 110 km/h, aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 23 segundos. Mas oferecia boas respostas em baixa rotação, atributo que também contribuiu para o êxito do Fusca, mesmo nas versões de 1,1 e 1,2 litro. Os freios eram a tambor e as rodas de 15 pol recebiam pneus 165-15. A suspensão dianteira usava braços arrastados, e a traseira, semi-eixos oscilantes, ambas com barras de torção.

...mas ganhava um ar descontraído de bugue quando tinha as portas retiradas, o pára-brisa basculado e a capota retraída

O jipe pesava 900 kg e oferecia razoável vão livre do solo, 205 mm, com a vantagem de não ter um diferencial protuberante no eixo traseiro, como acontecia com concorrentes de motor à frente e tração atrás. Um ano após o encerramento da produção alemã, em 1973 o jipe passava a ser fabricado no México, o que facilitou em muito sua exportação para os EUA. A publicidade da VW americana dizia que o Thing podia ser anything (qualquer coisa), isto é, um veículo adequado para a neve ou a praia, a cidade e o campo. "Quer ver um filme? Rebata o pára-brisa e você não perderá nada", convidava, referindo-se à moda dos cinemas drive-in.

As maiores alterações técnicas no 181 ocorriam em março de 1973: suspensão traseira por braço semi-arrastado, novo câmbio, rodas de 14 pol com pneus 185-14. O motor passava a desenvolver 55 cv e 10,6 m.kgf e também mudavam retrovisores (antes montados nas portas, agora na própria carroceria), escapamento, sistema de aquecimento interno e tomadas de ar para o motor. Contudo, a VW não conseguiu aprová-lo para as novas normas de segurança em colisões dos EUA para 1975 e, em vez de efetuar as melhorias necessárias, preferiu abandonar aquele mercado.

A VW mexicana fez a versão Acapulco, para um hotel, com teto ao estilo toldo, estribos e pintura em dois tons: agradou tanto que chegou ao mercado americano

Uma versão especial, a Acapulco, foi elaborada para uso na cidade mexicana de mesmo nome pelo Las Brisas Hotel. Tinha estribos, acabamento interno especial, capota em forma de toldo e pintura que combinava branco a verde, amarelo, azul ou laranja. A decoração tornou-se tão popular que a VW chegou a exportá-lo assim para os EUA. Em 1980 o Thing deixava de ser produzido. Pode-se dizer que seu conceito foi seguido por inúmeros bugues, no Brasil e no exterior, e em parte pelos jipes X-10, X-12 e Tocantins da Gurgel, que também apostavam na robustez e na simplicidade da mecânica VW "a ar" para compensar a falta de tração nas quatro rodas.

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