O motor básico era o 151 "Iron Duke" (em alusão ao bloco de ferro fundido) da General Motors, de quatro cilindros em linha e 2.471 cm³, com comando de válvulas no bloco e um carburador de corpo duplo Carter BBD. A potência de 86 cv e o torque máximo de 17 m.kgf traziam desempenho apenas razoável, em vista do peso elevado. Mais adequado era o seis-cilindros em linha de 4.235 cm³, a conhecida unidade AMC de 258 pol³, que gerava 112 cv e 29 m.kgf. Com o câmbio automático de três marchas de série, a velocidade máxima era de 165 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 14 segundos. A versão de quatro cilindros podia vir também com caixa manual de quatro marchas.

Para tracionar reboques e circular em regiões de inverno severo, com neve, a perua da AMC mostrava-se bem superior à concorrência com tração em duas rodas

O mais interessante no Eagle, no entanto, era a tração nas quatro rodas permanente, similar à usada no Jeep Cherokee. A transmissão idealizada pela Fergusson tinha um terceiro diferencial na parte central-dianteira, com acoplamento viscoso, que fazia a distribuição de torque entre o eixo dianteiro e traseiro. Com isso, o carro era muito equilibrado ao rodar, sobretudo em pisos de baixa aderência, e a tração integral permanecia em uso no asfalto, o que não era possível na maioria dos 4x4 da época.

Para o consumidor comum, o automóvel era uma ótima mistura entre um sedã convencional e um fora-de-estrada. As exigentes polícias americana e canadense souberam apreciar estas características pouco ortodoxas para suas frotas, em especial nas regiões de inverno rigoroso. A suspensão dianteira, independente, tinha molas helicoidais e a traseira usava feixes de molas, junto do eixo rígido tão apreciado pelos americanos. Os pneus eram na medida 195/75-15. Os freios dianteiros eram a disco e os traseiros a tambor. Um câmbio manual de cinco marchas seria oferecido de 1982 em diante.

O cupê de dois volumes Kammback SX/4 seguia os conceitos de aerodinâmica do alemão Kamm, que sugeria uma traseira com perfil descendente e corte abrupto ao final

Em 1981 era lançado o cupê Kammback SX/4, denominação em homenagem ao engenheiro aerodinâmico alemão Wunibald Kamm, que considerava mais favorável ao ar a traseira em linha descendente, com um corte abrupto no final. Diversos outros carros seguiram esse caminho, como os Citroëns GS, CX e SM, o Audi A2 e o atual Toyota Prius. Tanto a traseira quanto o entreeixos (2,46 m) eram mais curtos que no sedã, ficando o comprimento com 4,23 m, e havia um defletor para melhorar a aerodinâmica. No resto o irmão menor da família Eagle era quase idêntico aos demais.

A decoração externa ganhava pára-choques, grade, retrovisores e contornos de vidros em preto. As cores externas também eram mais fortes. Com evidente apelo esportivo, fez sucesso em provas fora-de-estrada, pois precisava de pouca preparação, mas não durou muito no mercado: deixava de ser produzido em 1983. No mesmo ano o motor 151 da GM dava lugar ao 150 da própria AMC (da mesma família do 258 de seis cilindros), com 2.458 cm³.

Depois da troca do motor de 2,5 litros da GM pelo da AMC, a perua com o seis-cilindros de 4,2 litros foi a única versão mantida até o encerramento da linha, em 1988

Os Eagles foram produzidos até 1988, com algumas alterações na parte dianteira. No último ano havia apenas a perua e, desde 1986, o motor de 4,2 litros era o único disponível. Fizeram história. Não tinham o apelo esportivo de um Audi Quattro nem as pretensões para superar obstáculos de um Cherokee, mas deixaram sua marca na indústria automobilística americana como uma linha de automóveis originais e acessíveis. Foram muito apreciados pelos que moravam longe das metrópoles. Em fazendas, ranchos e lugares montanhosos de difícil acesso, aliavam conforto e valentia. Marcas como Subaru, Volvo e Audi seguiram o mesmo caminho com suas peruas fora-de-estrada produzidas ainda hoje.

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