Dromedário sobre rodas

Carroceria em plástico ABS e mecânica do 2CV formavam
o Méhari, um jipe que a Citroën produziu por 20 anos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Veículos de lazer sempre foram sucesso de publico — se tivessem preço baixo, melhor ainda. Os bugues fizeram muito sucesso em todo o mundo nas décadas de 1960 e 1970. Na maioria das vezes eram equipados com motores Volkswagen arrefecidos a ar, muito robustos e ótimos para se andar em areia. Estavam longe de ser um fora-de-estrada, mas enfrentavam com galhardia vários tipos de solo. Na Europa esses carros também eram construídos de forma artesanal, em pequena escala.

Na França, nos anos 60, a Citroën tinha como modelos compactos o 2CV e seus derivados Dyane e Acadiane. Era um carro popular muito polivalente e que merecia mais uma derivação. Em 1967, Jean-Louis Barrault, projetista de uma empresa chamada SEAB, especialista em pesquisa e aplicação de licenças, apresentava a proposta de um novo e interessante veículo que seria batizado de Méhari. O nome vinha de um dromedário tuaregue de passos rápidos do norte da África.

Compacto em seus 3,52 metros, o Méhari não poderia ser mais simples: linhas retas, pára-brisa rebatível, portas e capota opcionais

A empresa mantinha uma estreita colaboração com a Citroën, desde os anos 50, e era uma das pioneiras mundiais em embalagens flexíveis de plástico. Pertencia a Roland Paulze d’Ivoy, que teve a idéia do Méhari quando observava um Mini Moke britânico. Apresentada uma maquete em escala 1:10 do utilitário, passaram-se alguns meses e o primeiro protótipo começava a fazer testes. Sua carroceria em ABS — sigla em inglês para copolímero de acrilonitrila, butadieno e estireno —, um material termoplástico leve e resistente, era apoiada num chassi tubular e não tinha coluna central.

Após pouco tempo o primeiro carro era apresentado à imprensa na refinada cidade de Deauville, na França. No ano seguinte, 1968, o Citroën Dyane 6 Méhari era revelado ao grande público no Salão de Paris. No local recebeu a primeira encomenda de 500 exemplares. O pequeno e simpático jipe autenticamente francês media apenas 3,52 metros de comprimento, 1,26 m de largura, 1,63 m de altura (com a capota opcional) e 2,37 m de distância entre eixos. Pesava pouco, 590 kg. As portas de lona de pequenas dimensões eram outro opcional, pois o acesso ao interior era apenas bloqueado por correntes. Sua lateral com nervuras mostrava sua rusticidade.

O interior do modelo 1975: acabamento espartano, banco traseiro opcional e painel apenas com velocímetro e indicador de combustível

Na frente, dois faróis circulares se acomodavam numa moldura quadrada, com luzes de direção nas extremidades. A grade tinha frisos retos horizontais e os verticais eram inclinados para o centro. O capô era fechado na frente por pequenas cintas e na lateral por ganchos. Os pára-choques vinham incorporados à carroceria, o pára-brisas era rebatível e, com a retirada da coluna central, seu aspecto ficava mais incomum. Um carro lúdico. As primeiras cores oferecidas eram tão exóticas quanto seu nome: vermelho Hapi, ocre Kalahari, laranja Kirghiz, amarelo Atacama e verde Montana. O ABS em grãos se misturava à pintura no molde, facilitando a construção. Continua

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Data de publicação: 31/7/07

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