As linhas da carroceria em aço estampado eram curvas e de certa forma tentavam imitar as das grandes peruas americanas, como a Chevrolet Suburban. Sua frente seguia a linha “ponton”, com faróis circulares e grade com frisos cromados horizontais. Visto de lado tinha um aspecto gordinho, porém simpático. Muito simples, nem mesmo tinha frisos laterais. Algo que agradava era o pára-brisa que se abria para a frente, melhorando a ventilação interna.

O picape Colorale podia ter a caçamba integrada à cabine, com linhas arredondadas, ou separada e de formas retas como na foto; note-se o pára-brisa basculante

Por dentro a Prairie era rústica, mas levava cinco adultos com conforto em seus modestos bancos. Como opcional era oferecido um terceiro banco menor, que acomodava bem duas crianças. Sem esse, o espaço para bagagens era amplo. Rebatido o segundo banco a capacidade aumentava muito, para cerca de 2.750 litros — atributo importante para atrair clientes do interior e das colônias. O painel era muito simples, com dois mostradores: velocímetro à direita e um instrumento à esquerda que informava o nível de gasolina, a temperatura do motor e a carga da bateria. O volante, de dois raios, tinha diâmetro avantajado como era costume da época.

Seu motor era de concepção antiquada, mas muito robusto e confiável. Mais de 300 mil unidades dele já haviam sido produzidas equipando o modelo Primaquatre. Com quatro cilindros em linha, refrigeração a água e comando de válvulas no bloco, o motor a gasolina chamado de 85 deslocava 2.383 cm³ e desenvolvia a modesta potência de 48 cv. Com o peso elevado de 1.640 kg, o Colorale mal chegava a 100 km/h e acelerava com discrição. Mas este desempenho vinha estampado na publicidade da época do lançamento, assim como o consumo de 8,5 km/l, o que mostra sua adequação às necessidades e padrões daquele tempo. Ainda anunciavam-se a carga útil de 800 kg e capacidade de reboque de 1.000 kg. A tração era traseira.

Com banco traseiro e as lonas erguidas, o Savane (à esquerda) prestava-se ao transporte
de pessoas; o picape com caçamba integrada agradava pelas linhas harmoniosas

No ano seguinte era apresentada a versão picape. Também de aspecto simpático, sua capacidade de carga era bem adequada. A caçamba vinha integrada à parte da frente da carroceria, mas também podia ser destacada, construída em chapa ou em madeira. Entre novembro de 1951 e junho de 1952, um picape e um Savane fizeram uma expedição da Terra do Fogo, na Argentina, até o Alasca. Rodaram mais de 45 mil quilômetros e se mostraram muito robustos e confiáveis. Eram carros de série, sem nenhuma preparação, e enfrentaram condições muito severas ao longo da viagem.

Em 1952 a versão táxi deixava de ser fabricada. Nenhuma companhia havia se interessando muito e poucos taxistas independentes optaram por ela. Para piorar, as vendas dos demais modelos também não iam muito bem. No ano seguinte, numa tentativa de melhorar a aceitação, estreava uma novidade bem-vinda: o propulsor derivado do sedã Frégate. Também com quatro cilindros e comando no bloco, tinha menor cilindrada (1.997 cm³), mas entregava 58 cv a 4.000 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo simples. Na caixa de quatro marchas, a primeira e a segunda não eram sincronizadas.

Nesta variação do furgão havia duas portas de acesso à carga, em que a inferior facilitava sua colocação; o motor inicial de 2,4 litros e 48 cv deu lugar mais tarde a um 2,0 de 58 cv

Também era lançada uma interessante tração nas quatro rodas, disponível para todos os modelos da linha. Tinha engate manual da transmissão dianteira e caixa de transferência com redução. A suspensão usava eixo rígido e molas semi-elíticas na frente e atrás, os quatro freios eram a tambor e os pneus seguiam a medida 7,50-16. Por conta da nova mecânica, seu peso subia para quase 2.000 kg, mas nesta configuração mostrava galhardia em terrenos de difícil acesso, seja na terra, lama ou neve. A altura livre do solo era de 22 centímetros.

O Colorale foi uma válida tentativa da Renault no mercado de utilitários diferenciados. Após 43 mil unidades, deixou de ser produzido em 1956.

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