Pompa argentina

Primeiro sedã de luxo do país, o Kaiser Carabela teve
vida breve, mas impressionou pelas linhas e o requinte

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Nosso país vizinho ao sul, a Argentina, é mundialmente conhecido pelo tango, pela bela capital Buenos Aires, pelos vinhos e pelo famoso churrasco. Mas é um país com muita tradição automobilística e terra natal do pentacampeão mundial Juan Manuel Fangio. Nos anos 70, o piloto Carlos Reutemann e o preparador Orestes Berta também ganharam destaque na imprensa. E poucos sabem que a indústria automobilística deles começou antes da nossa. Foi com a eleição do presidente Juan Domingo Perón, em 1946, e sua reeleição seis anos mais tarde que a fabricação de carros tomou impulso, nos mesmos moldes da brasileira.

Nessa época, Henry J. Kaiser, proprietário da Kaiser Motors Corp americana, produzia automóveis de classe, mas — impotente diante das três grandes Ford, General Motors e Chrysler — via sua empresa em franca decadência devido à intensa concorrência. Era um homem de visão, porém, e lutaria para que a empresa sobrevivesse. Após pesquisas e várias negociações, resolveu se instalar na Argentina na cidade de Santa Isabel, na província de Córdoba, e criou a IKA, Indústrias Kaiser Argentina.

Nos Estados Unidos, onde enfrentava grande concorrência, a Kaiser lançou em 1951 o sedã Manhattan, que foi importado para a Argentina três anos depois

O empresário mudou-se para o país em 1954 e trouxe junto todo o equipamento dos Estados Unidos, cerca de 9.000 toneladas. Teve apoio do governo e também de empresários locais. O complexo fabril ocupava cerca de 200 hectares. Começou primeiro a fabricar o Kaiser Jeep e depois a perua Estanciera, dele derivada e idêntica à nossa Rural, pois a Willys Motors Inc. era uma filial da Kaiser. No mesmo ano trazia o grande sedã Manhattan, lançado lá em 1951, para testar o gosto dos argentinos.

Em 1958, baseado no Manhattan, o Kaiser Carabela ganhava as ruas de Buenos Aires e de todo o país. O grande sedã de quatro portas tinha três volumes e linhas muito arredondadas. Não era nem um pouco convencional: nem os amplos vidros escapavam das curvas. Chamava muito a atenção por onde passava, pelo porte e pelas formas. Seu nome era homenagem às caravelas que navegavam nos séculos 15 e 16.

A estréia do Carabela, em 1958, foi um grande passo para a indústria local: seu primeiro sedã grande era luxuoso e de linhas imponentes

Com 5,47 metros de comprimento, 1,90 m de largura, 1,54 m de altura e 3,01 m entre eixos, foi um dos maiores carros produzidos no país em todos os tempos. Inseridos numa moldura metálica cromada de formato oblongo, em posição vertical, seus faróis eram circulares. A grade e a entrada de ar sobre o capô eram cromadas e bem visíveis. Os pára-choques eram robustos e havia fartura de cromados nas laterais. Estava na moda. Atrás, um discreto rabo-de-peixe e lanternas de bom tamanho. Quase sempre vinha em duas cores, sendo a do teto mais clara. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 12/2/08

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade