O Runabout de 1911 e o 7 HP do ano seguinte (em vermelho) são de uma fase criativa da Spyker, que propôs até transmissão pneumática

O C1 de 1919, já com o logotipo da hélice sobre a roda, sugeria nas formas uma esportividade que o motor de 3,6 litros não podia fornecer

Novos carros projetados por Laviolette eram apresentados em 1910, trazendo curiosidades técnicas como uma árvore de comando de válvulas para cada dois cilindros. Ainda menos usual era a transmissão pneumática, que não chegou à produção normal: tanto a partida do motor quanto o envio de potência às rodas eram feitos por meio de ar comprimido. Modelos de seis cilindros apareciam no ano seguinte, e dois deles foram escolhidos pela rainha Guilhermina dos Países Baixos como carros oficiais: um de 4,6 litros e 25 cv, outro de 7,2 litros e 40 cv. A empresa fez também modelos comerciais, os furgões 10/15 e 15/25.

Durante a Primeira Guerra Mundial, na qual os Países Baixos foram neutros, a Spyker manteve a produção de automóveis, embora em menor quantidade por conta da escassez de matérias-primas. Em crise financeira, a empresa mudava de mãos em 1914, passando ao controle da Dutch Aircraft Factory (fábrica holandesa de aviões). No período bélico ela construiu também motores rotativos de uso aeronáutico, o que a levou a adotar como emblema uma hélice sobreposta a uma roda com os dizeres em latim "Nulla Tenaci Invia Est Via", ou "para os tenazes nenhuma estrada é insuperável".

Os carros só deixaram de ser feitos no último ano do conflito, 1918, mas voltaram a chegar às ruas no fim do ano com o novo modelo 13/30, também chamado de C1. Com um estilo que sugeria mais velocidade do que ele poderia entregar, trazia motor de quatro cilindros e 3,6 litros e câmbio de três marchas. Um caminhão de 4,6 litros com capacidade para duas toneladas, o C2, também estava disponível (não chegou a existir um C3).

Em 1920 vinha o 30/40 ou C4, modelo de turismo conversível de acabamento luxuoso, desenhado pelo projetista de aviões Frederick Koolhoven. O motor dessa vez não era "de casa", mas um seis-cilindros de 5,7 litros comprado da alemã Maybach. Ganhou a fama de "Rolls-Royce do continente", em alusão aos já renomados modelos ingleses. Nesse começo de década os Spykers continuaram a se destacar em competições.

Em novembro de 1920, um C4 correu uma maratona nos 119 quilômetros entre as cidades holandesas de Nijmegen e Sittard. Foram 36 dias e noites que somaram mais de 30 mil km à média de 35 km/h — mais que o próprio Rolls-Royce que, entre Londres e Edimburgo, havia percorrido 24 mil km com média de 32 km/h. No ano seguinte, em julho, Frits Koolhoven fez os 500 km entre Paris e Haia (nos Países Baixos) em oito horas e 26 minutos.

Hugo Baron van Pallandt, em março de 1922, levou outro C4 à subida do monte La Turbie, em Monte Carlo, e fez o percurso à média de 45 km/h. Enfim, em julho do mesmo ano, com um C4 levemente preparado, o piloto australiano S. F. Edge batia um recorde de velocidade no circuito inglês de Brooklands, ao alcançar a média de 119,5 km/h em dois períodos de 12 horas cada e mais de 2.800 km. Como o mercado para carros de alto desempenho era restrito, a Spyker passou também a vender modelos compactos da francesa Mathis como Spyker-Mathis, um negócio que não durou muito.

Em 1922 a empresa entrava em concordata e se recuperava ao fim daquele ano, mas o cenário não voltou a ser promissor. Em 1925 a Spyker fechava as portas de vez para ressurgir apenas como marca, sem relação entre as empresas, na virada do milênio.

Mostrado em versão Torpedo de 1924, o imponente C4 com motor Maybach foi um Spyker vitorioso em corridas e recordes de velocidade
 
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