Agora que você já sabe como e por que manter
a calibragem correta e efetuar o alinhamento de rodas, entenderemos melhor
esta operação e também o balanceamento, essencial para uma longa vida
útil dos pneus.
Três
parâmetros O alinhamento
de rodas envolve ajustar, colocando dentro de parâmetros determinados pelo fabricante, três ângulos: convergência, câmber e
cáster. Convergência é a abertura horizontal entre duas rodas de um mesmo eixo: se mais afastadas na frente, a direção é divergente; se mais abertas atrás, convergente. De modo geral, os carros de tração traseira utilizam rodas dianteiras convergentes, e os de tração dianteira, divergentes, pois a aplicação da potência tende a convergi-las.
Câmber ou cambagem é o posicionamento vertical das rodas. É positivo se as rodas convergem para baixo, ficando mais distantes no topo; negativo se ficam mais distantes no ponto de contato com o solo, convergindo para cima; e neutro ou nulo, se ficam perpendiculares ao solo. A tendência atual é o emprego de cambagem nula ou negativa, para melhor estabilidade em curvas.
Finalmente, cáster é o ângulo de inclinação do eixo do pino-mestre (que fixa a roda à suspensão) em relação à vertical e ao eixo longitudinal do veículo. Quanto maior o efeito do
cáster, mais intenso será o realinhamento da direção após as curvas. Outra influência desse fator ocorre nas curvas: um cáster elevado torna mais negativa a cambagem da roda externa e mais positiva a da interna
-- o que é ideal para melhorar a aderência dos pneus nessa situação. Por outro lado, um cáster menor faz a direção ficar mais leve. A diferença entre as rodas também é importante: cáster muito desigual faz a direção puxar para o lado em que o ângulo é menor.
Quando
alinhar? De modo geral, o manual de cada modelo especifica os ângulos corretos de alinhamento e quais deles são passíveis de ajuste, pois em muitos carros é fixo o cáster e em alguns também o
câmber. Esclarece ainda se o serviço deve ser efetuado nas rodas
de trás. O alinhamento da traseira é fundamental para a segurança: se o projeto prevê rodas traseiras convergentes, por exemplo, rodar com elas divergentes (por desgaste ou devido a impactos) pode fazer o carro sair de traseira nas curvas.
Deve-se conferir o alinhamento sempre que houver forte impacto em buracos e obstáculos; quando for substituído qualquer componente de suspensão ou direção; houver desgaste excessivo ou de forma irregular nos pneus; ou o carro apresentar instabilidade nas curvas e nas frenagens. Mesmo que nada disso ocorra, é conveniente alinhar as rodas a cada 10 mil km para compensar o desgaste e a folga dos componentes.
Seja
equilibrado Balancear ou equilibrar as rodas consiste em aplicar contrapesos em sua parte
mais leve. |
O objetivo é compensar as diferenças de massa existentes na circunferência do conjunto roda-pneu.
Uma roda desbalanceada produz oscilações e vibrações que, além de desconforto aos passageiros, resultam em esforço e fadiga de componentes mecânicos
-- como amortecedores, rolamentos, pivôs de suspensão e terminais de direção
--, além de submeter o pneu a um desgaste irregular. Uma diferença de massa de apenas 50 gramas no pneu gera cerca de 40 kg de força a 70 km/h!
Esse desequilíbrio pode ser provocado por variações de densidade do material, aro descentralizado ou desgaste irregular do pneu, sobretudo após freadas fortes com travamento de roda.
O correto balanceamento envolve dois planos: estático e dinâmico. O desequilíbrio no plano estático indica desigualdade nas massas ao redor do eixo, gerando vibrações verticais
-- as rodas tendem a saltitar e o volante a vibrar verticalmente. O plano dinâmico refere-se às massas ao longo do eixo, provocando oscilações laterais, fenômeno conhecido como
shimmy -- o volante oscila para os lados.
Fixa
ou portátil? As máquinas de balanceamento podem ser de coluna (fixas) ou portáteis. A fixa exige a remoção da roda mas permite corrigir os desequilíbrios estático e dinâmico, indicando quanto peso colocar nos lados interno e externo da roda. A máquina portátil, que mantém a roda no veículo, faz apenas o balanceamento estático. Podem, portanto, permanecer as oscilações no plano dinâmico. Por outro lado, permite equilibrar também os rolamentos e componentes de freio. Por isso é ideal fazer o serviço na máquina fixa e corrigir depois eventuais variações com a portátil.
O balanceamento deve ser feito em média a cada 10 mil km ou sempre que for instalado novo pneu ou roda, for desmontado um pneu ou, ainda, houver oscilações no volante ou no carro todo. E sempre nas quatro rodas: o serviço apenas nas dianteiras, como alguns fazem, não elimina vibrações que podem prejudicar a suspensão traseira.
Onde colocar os
melhores Um velho mito defendia que no eixo dianteiro se devem montar os pneus melhores, isto é, aqueles com banda de rodagem menos consumida. Entretanto, testes
de publicações especializadas, endossados por fabricantes como Pirelli, Goodyear e
Michelin,
comprovam que os pneus com menor desgaste devem rodar atrás.
A principal razão é que, em curvas com piso molhado, os pneus traseiros com sulcos mais rasos terão menor capacidade de escoar a água, provocando uma derrapagem de traseira de difícil correção pelo motorista
comum. Furos, cortes e estouros, aos quais estão mais sujeitos os pneus usados, são mais perigosos no eixo traseiro pelo mesmo motivo. É mais fácil o controle do veículo quando o problema ocorre num pneu dianteiro.
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