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Por que os carros morrem

Cedo ou tarde o fim chega para eles, mas há algumas
razões para que venha mais rápido ou demore a acontecer

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Milhares de proprietários de Escort e Brava estão passando pela mesma sensação que já atingiu alguns milhões de brasileiros: saber que seu automóvel, talvez ainda cheirando a novo, saiu de produção. Foi descontinuado, como os fabricantes preferem dizer (ainda que nestes casos não o tenham admitido ainda). A dúvida fica no ar: por que isso aconteceu? Já era o momento de meu carro se tornar passado?

"O que mata um veículo não é a fábrica, é o mercado", defendem-se sempre os responsáveis por decidir esse delicado momento, que tanto desagrada a uma legião de consumidores e admiradores. Com isso pretendem mostrar que o declínio de vendas é que leva à extinção do modelo, não o mero desinteresse da empresa -- mas esta pode apressar em muito aquele declínio.

Há seis anos sem uma renovação na aparência, o Escort -- ainda um produto muito válido -- foi abandonado pela Ford, levando o consumidor a escolher entre Fiesta Sedan, novo Fiesta e Focus

É o caso, por exemplo, de cessar as campanhas publicitárias. Num mercado tão disputado como o de hoje, deixar de anunciar mata um produto, qualquer que seja -- de automóvel a margarina. E por que deixar um carro cair no esquecimento? Saiba-se lá o motivo. Um deles certamente é falta de visão.

O caso do argentino Escort é expressivo: de janeiro a novembro de 2002 foram vendidas apenas 1.109 unidades, menos que o Ka vende em um mês. No mesmo período a Ford colocou no mercado 5.109 exemplares do Focus hatch, seu sucessor natural e conterrâneo, e 8.053 do Fiesta Sedan mexicano, modelos que, somados ao próprio novo Fiesta -- com seu atrativo de novidade --, "espremeram" o veterano Escort.

Questão complexa: ou a Fiat trocava os motores italianos do Brava pelos nacionais da Powertrain, ou interrompia sua fabricação. Importar os propulsores resultava em custo inviável para um modelo superado pelo Stilo

Nem tão veterano assim, aliás: a geração que se vai havia sido lançada na Europa em 1990 (no Brasil em 1992), enquanto o projeto original do Fiesta antigo, de que o Sedan foi desenvolvido, tem um ano a mais. O mercado simplesmente abandonou o Escort, apesar das suas qualidades e da notável relação custo-benefício. A falta de divulgação pela marca parece a principal responsável -- ele nem mesmo apareceu no recente Salão do Automóvel de São Paulo. Continua

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Data de publicação deste artigo: 21/12/02