Por se tratar da primeira avaliação completa do
BCWS de um carro de caixa manual automatizada (antes, apenas impressões ao dirigir dos
Maseratis Coupe e Spyder CambioCorsa e do próprio
147), preparamos um Comentário Técnico especial sobre o Selespeed, com descrição de seu funcionamento e a análise de seu comportamento em uma série de situações, escrito em formato de perguntas e respostas.
Esse tipo de transmissão consiste em automatizar os três processos que efetuam uma mudança de marcha em caixa manual: 1) a embreagem desacopla (como ao apertar o pedal) e interrompe a transmissão de torque para a caixa de mudanças; 2) o motorista seleciona e engata a marcha; 3) a embreagem acopla (como ao liberar o pedal) e o torque volta a ser transmitido para a caixa de mudanças (e daí para o eixo motriz).
Com o Selespeed, tudo é feito por três atuadores, que controlam a embreagem, a seleção e o engate das marchas. Um quarto atuador, ligado à borboleta de aceleração (eletrônica) do motor, faz com
que ela feche um pouco mesmo que o motorista mantenha o acelerador pressionado.
A fonte de energia do Selespeed é um sistema hidráulico, em que uma bomba elétrica leva fluido sob pressão a um atuador e fornece, assim, a energia necessária para selecionar, engatar e desengatar marchas, além de operar a embreagem. Como o sistema precisa de energia já na partida, a bomba é acionada já ao abrir a porta do motorista, como se percebe pelo ruído característico.
A central eletrônica vem da Magneti Marelli, a mesma fornecedora para o sistema da Ferrari, e fica em
permanente comunicação com a central Bosch Motronic do motor. Para que esta possa comandar as mudanças de marcha, a central do câmbio monitora informações da posição do acelerador, velocidade do carro e rotação do motor.
Uma troca de marcha em câmbio manual é feita entre 1 e 1,5 segundo, em média, do início da redução de torque ao final de sua
reaplicação.
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A transmissão da Alfa leva o mesmo tempo em modo Normal, mas apenas de 0,4 a 0,5
s em modo Esportivo -- mais rápido do que qualquer motorista. Este modo é aplicado automaticamente em
alta rotação com uso de mais de 60% do curso do acelerador.
O sistema possui salvaguardas para segurança em situações específicas. Em eventual dificuldade de engatar uma das marchas, a tentativa é repetida; em caso de novo insucesso, é engatada a marcha superior, para evitar que o carro fique em ponto-morto. Já
em uma brusca redução da velocidade do carro, indicando frenagem vigorosa (mas não pânica), ocorrem reduções de marcha para auxiliar os freios. Em velocidade abaixo de 10 km/h os comandos do volante são desativados, para evitar acionamento involuntário em manobras de estacionamento.
Outro recurso é o que detecta declives, como o carro, com uma marcha engatada, andar por si só e atingir 40 km/h. Fica configurado o declive e, portanto, a embreagem acopla, para proporcionar freio-motor. Seria como, em um câmbio manual convencional, deixar o carro rolar com a embreagem desacoplada e depois acoplá-la. Mas se antes disso o motorista pressionar o acelerador, reassume o controle do câmbio.
E há mais. O câmbio passa ao ponto-morto e emite um sinal sonoro: 1) se a porta do motorista for aberta com o motor ligado, sem o uso do acelerador ou do freio por pelo menos um segundo;
2) se nem o acelerador nem o freio forem usados por um minuto, com o motor ligado;
3) se a pressão do fluido for insuficiente para operar a embreagem.
O uso da marcha à ré -- engatada só com o carro parado -- é indicado todo o tempo por um sinal
sonoro. E o sistema testa automaticamente seus componentes: se houver falha nos comandos de mudança de marcha, o modo City (automático) é aplicado; se a falha for de outra natureza, o sistema opera em um modo com mínimas funções, para que
se possa chegar a uma concessionária ou oficina.
Continua
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