Tudo seria diferente se a VW optasse por importar a versão 1,8 turbo de 150 cv do Beetle, disponível tanto na Europa quanto nos EUA. O acréscimo de preço certamente seria justificado por um desempenho muito superior, que o tornaria um simpático esportivo. Como está, é um carro de desempenho mediano e mais adequado a tranqüilos passeios.

Os freios são muito bons (a disco com sistema antitravamento ABS de série), os engates do câmbio precisos e a suspensão permite bom comportamento dinâmico, embora ambos um pouco duros. O que irrita de verdade é sua inaptidão para lombadas: em mais de 120 avaliações completas, poucas vezes vimos tamanha facilidade para raspar o pára-choque ou o protetor de cárter nessa situação, sendo pior que o já complicado Golf 2,0. O único jeito é passar bem devagar, a não mais de 20 km/h em lombadas médias ou altas.

São inconvenientes, mas o maior ainda é o preço: R$ 75.200 (carro avaliado, com o dólar a R$ 2,42) é muito, muito caro para um modelo desse porte e potência, mesmo com farto equipamento de série (veja relação). Um Golf GTI três-portas com os mesmos opcionais sai por R$ 51.143 -- e oferece motor turbo de 150 cv e ar-condicionado automático. Até o bem-equipado Audi A3 1,8 turbo de 180 cv com câmbio Tiptronic sai por menos (R$ 63.928)!

Portanto, da mesma forma que um PT Cruiser, comprar um Beetle é decisão mais emocional que racional. O que seus compradores buscam talvez seja outro fato curioso presenciado durante a avaliação: o motorista de um reluzente Jeep Wrangler -- provavelmente escolhido mais pelo estilo jovem que pelas habilidades fora-de-estrada -- reduziu a velocidade e não tirou os olhos do simpático VW, como que arrependido de sua compra. Algo que um GTI ou mesmo um A3 talvez não possam oferecer.