Apesar de muito longo, o Q7
transmite robustez e certa esportividade; as rodas podem ser de 20 pol e
as lanternas sobem junto da tampa traseira, que é elétrica |
Não
deixa de ser um paradoxo, mas um dos fabricantes pioneiros no uso da
tração integral em automóveis — começou em 1980 com o cupê
Quattro — foi também o último,
entre os quatro alemães de prestígio, a ter em linha um utilitário
esporte. Depois de Mercedes-Benz
ML, BMW X5 e Porsche Cayenne,
surgiu enfim no Salão de Frankfurt de 2005 o Audi Q7, que no fim de
setembro começa a ser vendido no Brasil.
Os três modelos citados, mais o Volvo XC 90, o Range Rover Sport e o
Volkswagen Touareg (do qual é derivado), são
os principais concorrentes do Q7 também por aqui. A Audi optou por
trazer uma única versão, com motor V8 de 4,2 litros,
injeção direta de gasolina e 350 cv,
ao preço de R$ 379.950. O ML 500 (5,0 litros, 306 cv) sai a R$ 359,9
mil, o Range Rover HSE (4,4 l, 300 cv) a R$ 330 mil, e o X5 (4,4 l, 315
cv), a ser substituído em breve pela
nova geração, a R$ 356 mil. O XC 90 V8 (4,4 l, 315 cv) e o Touareg
(4,2 l, 310 cv) custam menos — R$ 328,9 mil o sueco e US$ 130 mil, cerca
de R$ 277 mil, o alemão —, mas não desfrutam o mesmo prestígio. O
Cayenne S (4,5 litros, 340 cv) está por US$ 156 mil ou R$ 332 mil, mas
como todos os demais — exceto Audi e Volvo — não tem sete lugares.
A competição, portanto, será intensa. Mas a Audi vem bem preparada, a
começar pelo belo desenho do Q7, obra do canadense Dany Garand. Apesar
das enormes dimensões, como 5,08 metros de comprimento e três de
distância entre eixos, o utilitário consegue ter proporções harmoniosas
e um ar robusto, imponente, que o conceito
Pikes Peak antecipou no Salão de Detroit de 2003. Há detalhes de
construção interessantes, como a tampa traseira que leva junto, ao se
erguer, as lanternas. Por isso, as luzes dos pára-choques assumem sua
função quando a porta é aberta. O
coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,34 é ótimo para o tipo de veículo.
Com um interior funcional e bem-desenhado como em todo carro alemão, o
Q7 tem acabamento primoroso, instrumentos e comandos de fácil leitura e
acesso. Os bancos da unidade avaliada eram revestidos de Alcântara
(espécie de camurça) na seção central, que tem aspecto sofisticado e
vantagens sobre o couro liso, como não esquentar tanto sob sol, não
gelar no tempo frio e reter mais o corpo nas curvas e no
fora-de-estrada. Podem ser incluídos apliques em madeira marrom ou bege
claro.
Por ter sido a última a lançar uma variação do projeto conjunto entre o
grupo Volkswagen e a Porsche, do qual saíram o Touareg e o Cayenne, a
Audi decidiu ter o modelo mais amplo dos três e o único deles com sete
lugares. Os bancos adicionais têm espaço para cabeça de passageiros de
até 1,70 m, mas não o bastante para suas pernas, além de acesso
incômodo. Já nos demais lugares o espaço é abundante e, com exceção do
passageiro central da segunda fila, todos têm grande conforto.
Continua |