A
Honda não informa o consumo de combustível segundo a norma oficial NBR
7024, ao contrário da maioria dos fabricantes instalados no Brasil. O
motivo, velado, é receio de reclamações junto aos órgãos de defesa do
consumidor por proprietários enfurecidos por não conseguirem obter os
números oficiais.
Pena, pois seria útil para efeito de comparação.
Mas
informa o consumo médio por metodologia própria: 12 km/l no EX de caixa
manual e 11,7 km/l com a CVT. Acrescenta que é de 12,6 km/l no LX/LXL
manual, mas não diz quanto o automático faz. Um extrapolação indica 12,3
km/l. A capacidade do tanque, 42 litros, é que é menor do que seria
desejável num país onde a gasolina tem 25% de álcool.
Deveria subir para
cerca de 50 litros.
O câmbio manual teve encurtadas terceira, quarta e quinta, mas o
diferencial foi alongado. Na prática, em quinta passou de 33 km/h por
1.000 rpm (motor 1,35) para 31,8 km/h no 1,5, encurtamento de 4%. Com
isso, a 120 km/h o motor gira a 3.800 rpm (antes 3.650 rpm),
levando o motorista a achar que está em quarta, pelo rumor que invade a cabine. Chega a
ser desagradável e incompatível com o elevado nível de qualidade
do Fit EX. A precisão do comando de câmbio é admirável, pois
reúne boas características de seleção, carga de engate e curso como
poucos — coisa de Porsche atual. A forma esférica do pomo contribui para essa parte do prazer de dirigir.
Apesar do jeito de minivan, o Fit é um hatchback do ponto de vista de
visibilidade e, em especial, da distância adequada dos
ocupantes dos bancos dianteiros até o pára-brisa. Os retrovisores
externos convexos proporcionam excelente retrovisão. Cativa a direção, de relação e
assistência (elétrica) exatos, e o grande esterçamento das rodas. |
Já a
costura do couro na região dos raios horizontais do ótimo volante
poderia estar em outro lugar, pois o contato do polegar com a costura é
desagradável. E o pé esquerdo, por mais que procure, não encontra um
local adequado para ficar quando fora de uso.
O câmbio é
excelente nos engates, mas deixa
a desejar pela relação final de quinta muito curta
O
comportamento dinâmico do EX constitui um ponto alto do modelo. Todavia,
a fábrica exagerou na dureza da suspensão. As irregularidades do piso
das ruas e estradas incomodam mesmo com quatro adultos a bordo. A Honda
deveria rever o quanto antes as cargas de compressão dos amortecedores.
Como estão hoje, são típicas de modo esportivo nas suspensões reguláveis
de carros esporte. O Fit adquiriria rodar compatível com o tipo de uso e
continuaria estável da mesma forma.
Sua trajetória de sucesso é incontestável. Nos oito meses de
comercialização em 2003 atingiu a boa marca de 15 mil unidades, 30 mil
em 2004 e 5.100 nos dois primeiros meses do ano em curso. Vai precisar
acelerar só um pouco para chegar às 37 mil planejadas. E acelerar, que
não era o forte do primeiro Fit, agora é com ele mesmo. |