O Mégane em avaliação:
comportamento bem acertado e ótimo desempenho com o motor 2,0-litros de
138 cv
Faltaram alguns detalhes, mas a
Renault fez um bom trabalho nesse sedã, que vai conquistar seu espaço |
O
comportamento em curvas é correto, sem excesso de saída de frente,
apesar do retrocesso técnico ocorrido no eixo traseiro — antes
independente com braços arrastados, agora do tipo torção, como na maior
parte dos adversários. Focus e Civic tornam-se os únicos sedãs da classe
com suspensão traseira independente.
O Dynamique 2,0-litros de caixa manual, com mesmo número de ocupantes,
exibe pujança ao andar. Conhecido da Scénic e do primeiro Mégane, o
motor tem funcionamento suave e entrega boa potência em baixa rotação,
no que ajuda o variador de fase para
admissão. Só que a sexta marcha, ao contrário do que a Renault informa
no material de divulgação, não é destinada a "repouso" em velocidades de
viagem: à máxima de 200 km/h o motor está girando a 5.400 rpm, 100 a
menos que a rotação de potência máxima. Porém, como em todo carro que
chega a essa velocidade, a 120 km/h o regime é comedido, nesse caso
3.200 rpm.
Pode ser que na versão original francesa a sexta tenha realmente aquele
conceito, mas que a fábrica tenha tido o receito de aplicá-lo aqui, onde
trocar de marcha geralmente é considerado "trabalho". Como está, o
câmbio de seis marchas torna-se mero argumento de marketing, pois
cinco marchas com relações corretas produziriam o mesmo efeito...
Como o irmão menos potente, o Dynamique 2,0 apresenta comportamento
irrepreensível nas variadas situações de tráfego (ajudado pelos bem
escolhidos pneus 205/55-16), inclusive os freios. Na descida bem rápida
da Serra da Graciosa houve uma perda inicial e pequena de eficiência, os
freios mantendo a potência até o final, onde até saía fumaça dos freios
dianteiros tal o aquecimento. Nota 10 para o Mégane nesse quesito. Nessa
apresentação não houve oportunidade de dirigirmos a versão com câmbio
automático, que traz a primazia em um Renault nacional das mudanças
manuais seqüenciais. Fica para a avaliação completa.
Uma curiosidade é o pedal do acelerador de dois estágios, o segundo bem
para o final de curso. A razão, explicou a fábrica, é nesse segundo
ponto ser liberado o limitador de velocidade, entendendo o sistema que o
motorista deseja mais potência. No Expression, sem o limitador, o
segundo estágio serve como lembrete para acelerar menos. E ficam as
críticas a algumas ausências: teto solar, acionamento uma-varrida do
limpador de pára-brisa, controle automático de temperatura do
ar-condicionado e bate-pé na região dos pés do motorista. Mas são erros
facilmente corrigíveis e o BCWS espera que a Renault não demore a
fazê-lo.
Em meio às águas de março, o novo Mégane tem tudo para participar com
méritos da tempestade que tem caído sobre a categoria, com toda a
vantagem para o consumidor. |