Comportamento dinâmico correto,
boa agilidade para o trânsito e um motor que gira com suavidade: o
pequeno Kia parece apto a disputar uma fatia de seu segmento |
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MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; comando no cabeçote,
3 válvulas por cilindro (duas de admissão, uma de escapamento). Diâmetro e curso:
67 x 77 mm.
Cilindrada: 1.086 cm3. Taxa de compressão: 10,1:1. Injeção
multiponto seqüencial. Potência máxima: 64 cv a 5.500 rpm. Torque máximo:
9,9
m.kgf a 2.800 rpm. |
CÂMBIO
- manual, 5 marchas, ou automático, 4 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a tambor. |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, eixo de torção. |
RODAS
- 5 x 14 pol; pneus, 165/60 R 14. |
DIMENSÕES
- comprimento, 3,495 m; largura, 1,595 m; altura, 1,48 m;
entreeixos, 2,37 m; capacidade do tanque, 35 l; porta-malas, 157
l; peso, 890 kg (automático, 910 kg). |
Dados do fabricante;
desempenho e consumo não disponíveis |
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Seguindo uma inadmissível tendência, a Kia não informou desempenho e
consumo. Mas seu site em Portugal revela velocidade máxima de 154 km/h
com caixa manual e 144 km/h com automática. Aceleração também não é
informada lá, mas sim o consumo: na cidade é de 16,4 km/l (automático
13,5 km/l), e na estrada, 23,2 km/l (automático 20,8). É claro que o
Picanto gastará mais combustível — algo em torno de 10% — com nossa
gasolina com 25% de álcool, mas mesmo assim é bastante econômico. A
partir do ano que vem essa "farra" do esconde-esconde por parte de
fabricantes e importadores vai acabar: será obrigatória a afixação de
uma etiqueta em todo carro novo com a informação de consumo pela norma
brasileira, a NBR 7024.
Bom de andar
O Picanto é
muito agradável de dirigir e anda com desenvoltura. Embora o teste
inicial tenha sido muito limitado (um percurso em estreitas estradas
dentro de um clube de golfe em Itu, cidade do interior paulista onde a
empresa está sediada), pôde-se perceber a grande elasticidade do motor,
o que torna fácil obter bom desempenho. Não é preciso girá-lo muito e
pode-se ficar, em geral, entre 2.000 e 3.000 rpm. O motor sobe suave até
6.500 rpm. Em quinta marcha são 35 km/h por 1.000 rpm, permitindo
antever 3.400 rpm a 120 km/h e velocidade máxima em quarta — portanto um
câmbio tipo 4+E, cada vez mais raro na
produção nacional.
Os comandos são como se espera de um bom automóvel, em especial o de
câmbio, por cabos. A ré fica sob a quinta e não há a incômoda trava de
alavanca para impedir seu engate involuntário. Essa marcha não é
sincronizada, mas conta com freio tipo
arruela, o que evita arranhadas ao engatá-la. O comportamento em curva
denota bom acerto, combinado com os pneus coreanos (Hankook Optimo K
406) em medida incomum, 165/60-14 (a Kia informa que para reposição pode
ser usado o Continental nacional). Os freios são adequados. No todo, um
carro pequeno competente e que não desaponta.
Agradável surpresa foi o câmbio automático de quatro marchas. Da
ausência total da conhecida vibração em marcha-lenta, com carro parado
em D, à precisão e à correta programação das trocas, nota 10. O
pedal de freio é largo para permitir o uso do pé esquerdo, a alavanca
pode selecionar D, 2 e L e há um botão na manopla para desativar a
quarta marcha. O fluido hidráulico jamais precisa ser trocado e o câmbio
como um todo funciona muito bem. Deverá fazer sucesso.
A decisão
Assim como
houve rejeição aos carros japoneses da década de 1980, que depois
desapareceu por completo, o consumidor ainda pode olhar os sul-coreanos
com certa reserva, mas isso também pertence ao passado. Eles de fato
aprenderam a fazer automóveis, que estão no mesmo nível dos países de
vanguarda, se não melhores. Ficam as dúvidas de desvalorização comparada
com a dos carros nacionais e a questão de manutenção e peças, mas a Kia
está firme no propósito de mudar esse conceito.
A empresa está no mercado brasileiro desde 1992, é bem estruturada e tem
cuidado com afinco da rede de concessionárias, em especial do
fornecimento farto e ininterrupto de peças — cujos preços, garante,
estão na média do mercado dos carros nacionais. Sem contar que a Kia é
um contendor global há mais de uma década e vem experimentando êxito
crescente nos Estados Unidos e na Europa, mercados dos mais exigentes.
Por isso já é a sexta maior do mundo, com 12 fábricas e presença em 167
países, e produziu 1,105 milhão de veículos no ano passado. Tudo indica
que vale a pena apostar neles. |