Na estrada, o Grand mostrou-se
apenas um bom sedã compacto; em curvas é que surpreendeu pela grande
evolução em relação ao Siena |
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O câmbio automatizado Dualogic
agora pode ter trocas por alavancas junto ao volante; a atuação é boa,
sobretudo em modo manual esportivo |
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Já o eixo de torção da traseira foi tomado emprestado do Punto, com
molas e amortecedores (pressurizados) adequados
ao peso do sedã, o que deixou a bitola mais larga e trouxe novos padrões
de reação às oscilações e torções. O eixo recebe estabilizador apenas no
Tetrafuel, por causa da massa dos cilindros de gás. E as rodas de 16 pol
com pneus 195/55 são usadas pela primeira vez em um Siena.
O percurso de avaliação pelos jornalistas em Casablanca (a 100 km de
Santiago), no Chile, previa apenas trechos urbanos e rodoviários planos
e quase sem curvas. Ali, o Essence com câmbio manual mostrou bons
atributos para o que se espera de um carro familiar: rodar silencioso e
relativamente macio; motor com respostas adequadas em baixa e muito boas
em alta rotação, apesar de nesta condição revelar alguma aspereza;
câmbio com comando leve e preciso; bom nível de ruído em velocidades
habituais de viagem, como 120 km/h, na qual produz cerca de 3.300 rpm em
quinta marcha.
Feito o trajeto duas vezes, voltamos com uma grande interrogação sobre
como teria ficado o comportamento dinâmico. A resposta veio com um
percurso específico em estradinha de montanha, onde outro Essence —
dessa vez com câmbio Dualogic — pôde ser dirigido com a faca entre os
dentes...
O cenário era dos mais apropriados, pois a estrada mesclava trechos de
bom asfalto com placas de concreto nem sempre bem emendadas; além disso,
o tráfego de caminhões pesados deixou o piso ondulado e com defeitos,
mais parecido com nosso padrão viário, que seria impossível de encontrar
em uma cidade com ar (e vias) de Primeiro Mundo como Santiago. A falta
de áreas de escape (em geral, barranco de um lado e precipício do outro)
explica por que a Fiat não incluiu esse trecho no percurso-padrão da
imprensa.
E foi ali que o Grand Siena comprovou o acerto desse chassi híbrido,
meio Palio, meio Punto. Acabaram-se as oscilações que traziam
insegurança a tantos donos do antigo Siena em mudanças rápidas de
direção: a atitude agora é decidida, controlada, e cada movimento do
volante traz apenas o resultado esperado, sem reações nocivas. Acelerar
mais e tirar o pé no meio das curvas pouco altera o comportamento, como
deve ser em um carro sem pretensões esportivas. A inclinação da
carroceria em curvas rápidas é contida e, mesmo exagerando, não se nota
subesterço excessivo. Parece qualquer
carro, menos um Siena.
Os pneus de perfil baixo da versão (Continental no carro avaliado)
revelam alto limite de aderência, difícil de encontrar naquelas
condições, e não impedem que os impactos do piso sejam absorvidos em
grande parte. Os freios desempenham bem, com boa calibração do ABS, e
não revelaram perda de eficiência após uso intenso. Mesmo o câmbio
Dualogic indicou acerto melhor que o usual, com trocas de marcha rápidas
no modo manual esportivo. Só um aspecto não agradou: em curvas, as
vibrações são bastante transmitidas ao volante.
Não chegamos a dirigir o Attractive, mas o conhecido motor de 1,4 litro
deve fornecer desempenho apenas razoável, apesar do bom torque produzido
em baixa rotação. Essa versão, que deverá ser a mais vendida (a Fiat
prevê participação de 70%), não mostra bom custo-benefício para quem for
comprá-la com ar-condicionado, pois o preço fica a menos de R$ 1,8 mil
do Essence básico, que já traz esse importante item e o motor bem mais
potente. Só compensa mesmo se o uso pretendido for estritamente urbano,
onde o motor Fire dá conta do recado, pois nem mesmo o consumo é razão
para escolher o 1,4-litro. Quanto ao Tetrafuel, deve manter o novo carro
entre os preferidos dos táxis, mercado importante para o modelo antigo.
Se o Grand Siena pode não ter o espaço de alguns concorrentes, por outro
lado revela um conjunto muito válido em que se destacam os equipamentos
de segurança de série, o bonito desenho, a ampla oferta de itens de
conveniência, a opção de câmbio automatizado e o comportamento dinâmico
dos melhores. É um evidente passo à frente sobre o Siena antigo em
qualquer aspecto, o que justifica o aumento de preço. O Essence na
configuração básica parece capaz de deixar satisfeita a maioria das
famílias que procuram um sedã e não podem chegar ao segmento dos médios.
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