

Do Attractive de 1,0 litro
para o de 1,4 (em azul), a diferença de torque em baixa rotação se faz
bem clara, mas o motor perde em suavidade


O acerto de suspensão do
Essence (em cinza) nos pareceu o melhor; o do Sporting é bastante firme
e até agrada, mas com prejuízo ao conforto |
Nessa versão a suspensão é bastante macia, embora com a impressão de
melhor controle de amortecimento que no Palio antigo (o Fire fica à
parte), que era mole em excesso. A direção assistida, leve e rápida, e o
câmbio com bom comando fazem dele um carro agradável para encarar o
trânsito. Essas qualidades são preservadas no Attractive 1,4, em que o
rodar se revela um pouco mais firme, mas ainda confortável.
O motor faz valer sua maior cilindrada em baixas rotações, com respostas
bem mais prontas, mérito do torque máximo 2,7 m.kgf mais alto. O tempo
de 0-100 em 12,2 segundos ilustra a melhora e os dados de consumo
apontam aumento discreto em relação ao 1,0-litro — mas em suavidade de
funcionamento esse último é superior. Já o Essence 1,6 tem um conjunto
que agradará com facilidade à maioria dos compradores, embora deva
alcançar vendas mais modestas pelo maior preço.
O motor E-Torq é mais suave que o 1,4, oferece boa potência em média
rotação e ganha agradável tempero esportivo em alta. Capaz de acelerar
de 0 a 100 em 9,8 segundos, pode ainda vir com câmbio Dualogic — que não
é um primor em conforto nas mudanças de marcha, mas opera bem em sua
condição de automatizado monoembreagem. A versão mostra ainda aquele que
julgamos o melhor acerto de suspensão da linha, com rodar mais firme que
nos Attractives e que transmite segurança, sem penalizar o conforto.
Quanto ao Sporting, todo o conjunto foi calibrado para dar satisfação em
uma estrada sinuosa, o que faltou à avaliação. Ao lado do bom desempenho
do E-Torq (praticamente igual ao do Essence; a Fiat divulga apenas 1
km/h de ganho em velocidade), sua direção ganha respostas mais precisas
com os pneus de perfil baixo e o acerto de suspensão, bem firme, está
ideal para a proposta da versão. Chega a causar algum desconforto em
pisos irregulares e ruas de paralelepípedos, mas nada que os fãs de
pequenos esportivos não possam aceitar em troca de melhor estabilidade.
No fim das contas, que tal o novo Palio? Como aspectos positivos,
vários: estilo atual e que deve agradar à maioria, mais espaço, a
correção de antigos inconvenientes do interior, um bom motor 1,6 e dois
razoáveis de 1,0 e 1,4 litro, acerto interessante de suspensão nas
várias versões. E, ainda, o fato de já estrear com as opções de pacote
esportivo e câmbio automatizado, sem fazer o comprador esperar meses ou
anos por tais alternativas.
E os pontos negativos? O maior talvez seja a falta de inovação. Seja
pelo visual, que parece apenas mesclar elementos dos outros Fiats, seja
pela parte técnica, a sensação que fica é de um carro correto, mas
conhecido, sem o atrativo de uma verdadeira novidade. Isso pode ser um
empecilho em um segmento repleto de novas opções de todas as origens e
para todos os gostos — de Nissan March a JAC J3, passando por Kia
Picanto e Chery Face. Além disso, os preços não são exatamente
convidativos, embora não se afastem muito de outras opções da classe.
Mas a Fiat deve saber o que está fazendo. Se por 15 anos o Palio se
manteve entre os carros mais vendidos, chegando a ameaçar a liderança do
Gol em algumas ocasiões, é porque o modelo reunia atributos que muitos
desejam — e a nova geração parece preservar cada um deles ao lado de
suas diversas evoluções. |