Um motor elétrico e um
quatro-cilindros mais eficiente que o do modelo normal: a fórmula do
Hybrid para obter 193 cv e consumo mais baixo
As rodas exclusivas da versão
usam pneus favoráveis ao rolamento; nas portas e no porta-malas vem o
logotipo com uma folha e uma pista |
Dez
anos depois que o pioneiro Toyota Prius começou sua carreira
internacional, a propulsão híbrida em automóveis ainda é um assunto
quase inexplorado no mercado brasileiro. Foi no ano passado que a
Mercedes-Benz passou a vender o
S 400 Hybrid —
considerado um híbrido paralelo leve, em que o motor elétrico jamais
move o carro por si mesmo — e, em novembro, a Ford apresentou o Fusion
Hybrid, o primeiro híbrido completo, ou em série-paralelo (capaz de
rodar apenas com eletricidade), trazido ao mercado por importação
oficial.
Apesar de tudo que se falou sobre esse novo Fusion por ocasião do
lançamento, muitas dúvidas pairam na mente de quem se interessa pelo
assunto. Como é dirigi-lo? Como cada motor — elétrico e a gasolina —
opera em cada situação de uso? Como funciona a recarga da bateria?
Afinal, vale a pena pagar muito mais caro por ele e aguardar o retorno
pela economia de combustível? Para responder a essas e
outras questões, o Best Cars passou mais de 1.200 quilômetros ao
volante do Hybrid.
A base desse Fusion é a versão de quatro cilindros e 2,5 litros, mas
eles são diferentes já no motor a gasolina (saiba
mais sobre técnica). Com ambos os motores ativos, sua potência
combinada é de 193 cv, portanto 20 cv acima do carro normal de quatro
cilindros. A bateria de alta capacidade fica instalada atrás do banco
traseiro, que por isso não pode ser rebatido.
Em nome da eficiência, a Ford fez várias outras alterações na mecânica
do automóvel. Em lugar da caixa automática de seis marchas é usado um
câmbio de variação contínua (CVT) com
engrenagens planetárias e controle eletrônico, que combina a tração dos
motores elétrico e a combustão. Outra novidade em um Fusion é o sistema
de freios regenerativo, que recupera até 94% da energia que seria
normalmente perdida no atrito, usando-a para recarregar a bateria de
alta capacidade.
Ao pisar levemente no pedal de freio, o que retém o carro não são as
pastilhas sobre os discos, mas sim a ação do gerador
— só
em frenagens mais vigorosas é que os freios a disco são acionados. Um
simulador de atuação de freios (SBA) faz com que a sensação do motorista
seja a mesma de um sistema convencional. O Hybrid ganhou ainda pneus com
menor resistência ao rolamento (Michelin Energy MXV4 em vez de Pilot HX
MXM4), embora com a mesma medida dos demais Fusions, e ar-condicionado
com compressor elétrico, que é mais eficiente e independe do motor a
gasolina para funcionar.
Painel
configurável
Diante do motorista,
mudança importante é o quadro de instrumentos Smart Gauge (traduzível
por mostrador inteligente), composto de duas telas digitais de alta
resolução TFT de 4,3 polegadas nos dois lados do velocímetro analógico.
TFT, sigla para thin-film transistor ou transistor de película fina, é
um tipo de tela de cristal líquido (LCD) que usa um minúsculo transistor
transparente para ativar cada ponto da tela, de modo a conseguir alta
qualidade de visualização.
Quando se abre a porta as telas compõem uma imagem ecológica, que dá
lugar após a partida a um de quatro modos de uso para as telas
configuráveis: Inform ou informar, que indica temperatura do motor,
carga da bateria, nível de combustível, consumo instantâneo e eficiência
do sistema; Enlighten ou esclarecer, que adiciona conta-giros e nível de
operação elétrica; Engage ou comprometer, que mostra informações do
freio regenerativo e das fontes de potência; e Empower ou autorizar, que
indica o uso de potência e o consumo de energia dos acessórios. Os
mostradores de nível de combustível e de carga da bateria são
interessantes, como se mostrassem o líquido em um reservatório.
Pode-se ainda inserir na tela direita o EcoGuide, com imagens de folhas
verdes que se multiplicam para indicar o modo de dirigir mais econômico,
ou os mostradores de consumo instantâneo e do histórico de consumo médio
em até 60 minutos de uso. Outro histórico refere-se à rodagem desde a
última vez que se zerou a medição ou de até 3.200 km. Ao fim de cada
trajeto, ao desligar a chave, o painel aponta distância percorrida,
combustível consumido e média de consumo.
Continua |