

O motor 1,5 lida bem com o peso
do City, mas não emociona e traz mais ruído do que se espera;
suspensão firme prejudica um pouco o conforto


Atrás do volante do EXL
automático, abas para troca manual de marcha; em capacidade de bagagem
deixa o Civic longe: 506 litros contra 340 |
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MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; comando variável no
cabeçote, 4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 73 x 89,4 mm.
Cilindrada: 1.496 cm3. Taxa de compressão: 10,4:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 115 cv (gas.) e 116 cv (álc.) a 6.000 rpm. Torque máximo:
14,8
m.kgf a 4.800 rpm. |
CÂMBIO
- manual ou automático, 5 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a tambor (LX) ou disco
(EX e EXL); antitravamento
(ABS) para EX e EXL. |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência elétrica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, eixo de torção. |
RODAS
- 5,5 x 15 pol, pneus 175/65 R 15 (LX); 6 x 16 pol, pneus 185/55 R
16 (EX e EXL). |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,4 m; largura, 1,695 m; altura, 1,48 m;
entre-eixos, 2,55 m; capacidade do tanque, 42 l; porta-malas, 506
l; peso, de 1.122 kg (LX manual) a 1.178 kg (EXL automático). |
Dados do fabricante;
desempenho e consumo
não disponíveis |
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Em função da rotação e da carga (abertura de acelerador) a que o motor é
submetido, o sistema hidráulico atua sobre o solenóide que controla a
vazão do óleo do motor para os balancins conectados às válvulas, fazendo
com que as outras quatro válvulas também se abram por completo para
melhor admissão da mistura pelos cilindros. Essa é mais uma variação do
sistema VTEC — lançado em 1989 — que, segundo a Honda, já conta com mais
de 40 versões com finalidades diferentes, da economia à esportividade
absoluta. No City, o foco é a economia de combustível.
Interessante também é a caixa automática da Honda. Não atua com
engrenagens planetárias, como os sistemas tradicionais. Mantendo o
conversor de torque, a transmissão é feita por pares de engrenagens
banhadas a óleo, com comando hidráulico por meio de solenóides. Com a
primeira marcha engatada, o conversor permite um pequeno deslizamento
até a rotação do câmbio e a do motor se estabilizar, para depois acoplar
diretamente a marcha e transmitir a potência do motor ao solo. Ao passar
à marcha seguinte o processo se repete, com o solenóide responsável pela
dupla de engrenagens da segunda marcha liberando-a para ser engatada. A
unidade de controle eletrônico então corta a alimentação de óleo para a
solenóide anterior, da primeira marcha. Com isso o câmbio tem
funcionamento mais preciso e eficiente.
Ruído excessivo A
avaliação do City pela imprensa, em Indaiatuba, SP, se deu em um trajeto
de apenas 10 quilômetros, mas que pôde ser feito mais de uma vez e com
todas as versões. Apesar da qualidade de construção do carro e do
ambiente de cabine característico da marca, ele decepcionou pelo ruído
que transmite ao interior, tanto do motor quanto de rodagem, seja nos
carros com rodas de 15 pol, seja nos de 16. Isso denota economia da
Honda em materiais fonoabsorventes, ao contrário de Fit e Civic.
Incomoda bastante para um carro de seu preço.
No geral, o comportamento do carro segue muito o dos outros modelos da
marca, com desempenho dentro da expectativa e da proposta de um carro
familiar, sem grandes emoções. A suspensão, com a arquitetura clássica
para carros de países em desenvolvimento — McPherson na dianteira e eixo
de torção na traseira —, tem uma calibragem bem firme, como já é padrão
nos veículos da marca. Não chega a incomodar para quem gosta de carros
com essa característica, mas pode causar estranheza a quem prefere
veículos mais macios.
O câmbio manual e sobretudo o automático parecem ser muito abertos — com
relações de marcha muito espaçadas entre si — para as características do
motor. Mesmo assim, a quinta marcha é muito curta na versão manual: a
120 km/h o motor gira a 3.600 rpm, o que agrava o problema de ruído. No
automático o problema não existe pois a quinta é longa ao extremo. No
caso do EXL com esse tipo de caixa, a forma de uso é a mesma do Civic
EXS: as abas do volante podem ser usadas tanto no modo automático quanto
no manual e, neste último, o motor fica no limite de giros sem passar à
marcha superior.
O City é um carro correto e racional que, à exceção do desenho muito
belo, não causa grandes emoções ao motorista. Apenas cumpre — e bem —
aquilo a que se propõe e as falhas podem ser facilmente corrigidas. No
entanto, talvez o principal obstáculo esteja em seu preço: se por seu
porte ele fica pouco acima de sedãs pequenos como Fiesta, Polo e Symbol,
o custo o coloca em meio a médios como Corolla, Focus, Mégane, Sentra,
Linea, 307 e Vectra — e até o próprio Civic, com o qual há grande
interseção dentro da linha.
O mercado está pronto para um carro com essas características e esse
preço? Difícil responder. É fato que as fábricas japonesas, por sua
imagem de qualidade, costumam ter sucesso cobrando mais por modelos
menos equipados que os concorrentes. A Honda acredita que não terá
concorrência interna na linha, mas a missão do City de conquistar as
ruas de nossas cidades talvez seja um pouco mais complicada do que a
empresa gostaria. |