Bancos firmes e confortáveis
são característicos dos bons alemães; o ajuste elétrico é apenas parcial
e, no de trás, o espaço é algo modesto
Ar-condicionado de duas zonas
vem de série em todo Classe C; painel elevado do sistema de áudio tem
aspecto antigo, incoerente ao conjunto |
O C 180 CGI já vem com seis bolsas infláveis (duas frontais, duas
laterais dianteiras inferiores e duas cortinas para a área lateral de
vidros), controles de estabilidade e
tração, freios com sistema antitravamento (ABS) e
assistência adicional em emergência,
encostos de cabeça dianteiros ativos,
ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, ajuste elétrico
parcial dos bancos dianteiros (não inclui as regulagens longitudinal e
de inclinação), revestimento dos bancos em couro sintético,
controlador e limitador de velocidade,
teto solar com comando elétrico, pneus 205/55 R 16 com rodas de
alumínio, faróis e limpador de para-brisa automáticos, rádio/toca-CDs
com interface Bluetooth e caixa
automática de cinco marchas.
No C 200 CGI Avantgarde acrescentam-se rodas de 17 pol (com pneus 225/45
à frente e 245/40 na traseira, uma desigualdade desnecessária nesse
patamar de potência), ajuste elétrico do volante, bancos de
couro natural e acabamento interno diferenciado. A versão Sport traz
ainda bancos especiais com regulagem elétrica completa e memórias (nesse
caso os comandos vêm nas portas), pedais com cobertura esportiva,
suspensão mais firme, comandos do tipo borboleta atrás do volante para
trocas manuais de marcha (possíveis nas outras versões pela alavanca do
console) e pacote externo AMG, que abrange rodas e conjunto aerodinâmico.
Ao volante
E como é dirigir esses Mercedes aprimorados? A fábrica deu uma ótima
oportunidade aos jornalistas para encontrar a resposta: um percurso de
mais de 200 quilômetros com ambas as versões entre Ribeirão Preto, SP e
Poços de Caldas, MG, por estradas de diferentes tipos, traçados, limites
de velocidade e qualidade de piso. Uma avaliação de imprensa digna do
nome, não as "voltinhas de quarteirão" que infelizmente são cada dia mais
comuns.
Começamos pelo C 200 CGI Avantgarde, que mostrou grandes atributos. O
motor de 1,8 litro lembra uma unidade de maior cilindrada e
aspiração
natural, tal a prontidão com que entrega potência ao primeiro toque
no acelerador. O conhecido retardo de turbo (turbo lag) não existe nesse
caso, ao menos com a caixa automática usada pela Mercedes, que não
permite forçar retomadas em rotação bem baixa (mais sobre isso adiante).
Mesmo em saídas e retomadas de velocidade, basta pisar um pouco para obter
respostas equivalentes às de um bom motor de 2,5 litros e, mesmo em rotações
medianas, um agradável empurrão do banco nas costas. Não cabe mais a
crítica feita ao antigo C 200 K quanto à resposta em baixos regimes.
Quem busca apenas um sedã confortável poderá sustentar o
limite de velocidade em qualquer condição, com baixa rotação, e fazer ultrapassagens com
rapidez e facilidade. Já os entusiastas encontrarão algo mais: acelerado até a troca automática de marcha por volta de 6.000
rpm, o motor esbanja suavidade de funcionamento, com nível de ruído
baixo e vibrações nulas, enquanto o turbo emite um zunido discreto
e agradável. Não chega a transmitir esportividade, mas sim a sensação de
algo projetado e construído com esmero.
A suspensão está bem de acordo com a proposta, ao associar molas macias
a amortecedores de carga alta (firmes) e dotados de ajuste mecânico, que
altera sua carga de acordo com a intensidade do movimento, sem uso de
eletrônica. Os resultados são rodar confortável, mesmo com os pneus de
perfil baixo da versão, e comportamento sadio tanto em alta velocidade —
não nos pergunte quão alta — quanto nos trechos de curvas fechadas da
avaliação. A tendência no limite é de leve subesterço,
hoje um padrão mesmo em carros de tração traseira, em nome da segurança
para o motorista de habilidade média. O controle de estabilidade
intervém um pouco mais do que gostaríamos, mas há um modo mais
permissivo descrito como desativação (off), que não acontece de fato.
Uma característica Mercedes que poderia melhorar é a seleção manual de
marchas, feita movendo-se a alavanca para a direita (subir) e a esquerda
(reduzir). Além de fugir aos padrões mais comuns (frente-trás e
trás-frente), não é um comando manual efetivo: a caixa faz reduções por
conta própria, ao se acelerar um pouco mais, e quando se busca uma
marcha mais alta cai-se novamente em modo automático (drive). Isso
impede, por exemplo, impor à caixa que mantenha a quinta marcha para uma
retomada suave e silenciosa em rodovia. Há opção entre modos econômico e
esportivo para mudanças automáticas.
Continua |