Dirigido por bom período, o E
350 mostrou conforto de primeiro nível, desempenho muito satisfatório e
estabilidade que chega a surpreender |
Ao volante
A Mercedes ofereceu tempo e condições bastante adequadas
para a avaliação de um carro com tanto conteúdo, em dois percursos
da cidade do Rio de Janeiro à de Angra dos Reis e desta à capital
paulista. Contudo, só o E 350 estava disponível. Acionado o botão de
partida, cria-se um ronco baixo, suave e sereno. Engata-se o câmbio pela
alavanca à direita do volante, como em carros do passado, mas agora
bastam leves toques e, para mudar de N para P, pressionar o botão na
ponta da alavanca. Próximas ao aro do volante estão as aletas de trocas
manuais de marcha. Elas conferem a maior parte do aspecto de diversão a
um modelo repleto de recursos que, à primeira vista, incentivam uma
condução comedida.
Basta ganhar velocidade para perceber o potencial dos 272 cv. Uma
ultrapassagem mais vigorosa já transforma a suavidade neutra do ronco do
motor num rugido de respeito, mas sem qualquer vibração. No percurso de
serra com variados níveis de aclives e declives, o E 350 esbanjou
disposição. Breves toques nas aletas reduzem marchas com resposta
imediata do V6. Curvas de alta são feitas com precisão cirúrgica, como
se o carro se concentrasse no ponto em que a mira imaginária do emblema
no capô parece apontar. Os pneus, mais largos no eixo traseiro onde está
a tração, aderem bem ao asfalto sem produzir aspereza e a carroceria é
bem controlada pelos amortecedores. Não se engane pelo aspecto
tradicional do estilo do carro, pois ele está apto a uma direção mais
vigorosa.
Na hora de parar, a assistência para estacionamento é um show à parte.
Ela sinaliza quando há uma vaga que comporte o veículo e dá todas as
instruções do que fazer no mostrador central do velocímetro. Diz que
marcha engatar e para que lado virar, por meio de setas que vão sendo
preenchidas, até que se completam para uma nova orientação. Em dois
minutos é possível ter o Classe E perfeitamente alinhado a 5 cm da guia.
Num trecho à noite, os faróis mostraram a excelência do controle de
facho. Quando carros vinham no sentido contrário, a luz abundante do
farol alto se reduzia para não ofuscar a visão de seus motoristas, sem
que a do condutor do Classe E fosse prejudicada. Como o ajuste é
gradual, é necessário prestar atenção para se dar conta de que está
funcionando.
O novo Classe E chega em bom momento ao Brasil, tanto pelo crescimento
da marca como um todo quanto pela relativa defasagem dos concorrentes —
A6 e Série 5 foram lançados há mais de cinco anos e aguardam a
apresentação das próximas gerações na Europa. A nova estrela alemã tem os atributos e a
oportunidade de que precisa para ser bem-sucedida. |