Os faróis de duplo refletor
do Siena deixaram o Palio mais atraente e iluminam melhor, mas o desenho
básico da carroceria já tem 13 anos |
Quase 20 anos depois do relançamento dessa cilindrada por meio do Uno
Mille, em 1990, os carros com motor de 1,0 litro continuam a representar
cerca de metade das vendas de automóveis novos. Se nos modelos de
entrada — como Celta, Palio Fire, o Gol antigo e o próprio Mille — não
há opção de cilindrada, quando se sobe um degrau começam a surgir
alternativas, caso do Palio ELX, que pode vir tanto com 1,0 quanto com
1,4 litro.
Pelos 40% adicionais de capacidade cúbica pagam-se 8% a mais. Ambos com
cinco portas, o ELX de motor menor custa a partir de R$ 31 mil; já o
maior parte de R$ 33.450. Os itens de série são os mesmos, salvo por
detalhes como a seção central do painel em tom prata no 1,4 e os pneus,
que têm a medida 185/60 R 14 nessa versão em vez de 175/65 R 14. Com as
alterações feitas no modelo 2010, o Fire de 1,0 litro fornece potência
de 73/75 cv a 6.250 rpm e torque de 9,5/9,9 m.kgf a 4.500 rpm, enquanto
o 1,4 passa a 85/86 cv a 5.750 rpm e 12,4/12,5 m.kgf a 3.500 rpm, sempre
com uso de gasolina e álcool, na ordem.
A vantagem do motor maior fica em apenas 15% em potência e 26% em torque
(tomando-se o álcool como referência) e, nas configurações atuais, até
os regimes dos valores máximos estão mais próximos. Diante de tudo isso,
fica a pergunta: para quem vai comprar um Palio, vale a pena pagar quase
R$ 2,5 mil a mais pelo 1,4? Como esse motor já esteve em avaliações do
Siena ELX
e da Weekend Trekking,
rodamos com um hatch ELX 1,0 para responder à dúvida. Os dois motores
são da mesma família Fire e seguem igual configuração de duas válvulas
por cilindro, mas diferem bastante em funcionamento. O curso de pistões
bem mais longo do 1,4 se traduz em ganho importante em torque em baixa
rotação, mas — por não ter sido ampliado de acordo o comprimento de
bielas — resulta em operação mais áspera e menor rendimento, pois a
relação r/l piora bastante.
Se o 1,4 agrada pela disposição ao primeiro toque no acelerador, o motor
deixa a desejar em maciez de funcionamento. De fato, sua r/l de 0,325
está longe do ideal, enquanto a do 1,0-litro (0,289) é bem adequada.
Comparado ao irmão mais forte, o Palio 1,0 parece outro carro. É menos
ágil em baixa rotação, naturalmente, mas tem respostas suficientes para
que se acompanhe o tráfego, sem precisar "brigar" com o carro, e sobe de
giros de forma suave e sem vibrações excessivas, o que permite explorar
sua capacidade sem a impressão de esforço que o 1,4 transmite. E, quando
em alta rotação, os 75 cv o fazem andar bem perto dos 86 cv da versão de
maior cilindrada. Pelos números do fabricante, sempre com álcool, o 1,4
consegue velocidade máxima 10 km/h mais alta e vantagem expressiva em
aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 11,8 segundos contra 15,7 da versão
de 1,0 litro. O Palio "pequeno" dá o troco no menor consumo: 9,9 km/l no
ciclo urbano e 13,8 no rodoviário, ante 9,5 e 13,0 do motor maior.
Rotação demais
Números à parte, o que mais importa é que a versão de 1,0 litro hoje tem
desempenho suficiente para as situações normais de tráfego, mesmo em
estrada, onde o aumento de velocidade ocorre mais facilmente que em anos
anteriores. Nem parece o mesmo motor lançado em 2000 com modestos 55 cv,
cujo fôlego parecia acabar por volta de 3.000 rpm. E, ao contrário de
similares da concorrência como o 16-válvulas da Renault, a alta
potência específica (75 cv/litro) não
implica falta de disposição em baixa rotação.
Continua |