Até nos acostumarmos, por várias vezes passamos à música seguinte quando o objetivo era ouvir a faixa atual um pouco mais alto. Outras incoerências: não é no botão principal que se liga o rádio e, para chegar aos ajustes de graves e agudos, passa-se por uma injustificável sequência de menus e comandos. O comando satélite junto ao volante não está em melhor situação, já que seus botões ficam encobertos por um dos raios e exigem adivinhação.

E, tanto quanto o áudio, muito se lamentou que o antigo Sandero tivesse o controle elétrico dos vidros com botões no painel, para os dianteiros, e no fim do console central para os traseiros, mais fáceis de acionar com os pés que com as mãos de quem viajava atrás. Agora eles estão onde sempre deveriam, nas portas. Só que a Renault improvisou o local dos botões traseiros, nos apoios de braço, e acioná-los requer um contorcionismo que, no caso de haver três pessoas atrás, exige habilidades de Cirque du Soleil.

Melhor seria substituir o péssimo apoio, em cujo puxador cabem apenas as pontas dos dedos — aquele mesmo que vinha nas portas dianteiras do Logan e despertou inúmeras críticas até ser trocado. Enquanto isso, o calor transmitido pela base do porta-copos do console dianteiro faz imaginar um sistema de aquecimento de bebidas, mas que não pode ser desligado quando se prefere tomar algo frio.

Então está tudo errado no interior do Sandero? Não, pelo contrário. Apesar dos vários pontos que merecem revisão, ele mostra um acabamento compatível com os dos concorrentes diretos, o espaço é dos maiores da classe (mérito da altura e da distância entre eixos acima da média) e uma posição confortável para o motorista pode ser encontrada, mesmo com o volante cerca de 5 cm deslocado para a direita em relação ao banco.

Também ficou bom o quadro de instrumentos com novo visual, embora marcadores analógicos para temperatura e nível de combustível fossem preferíveis aos digitais, e agora o bocal de abastecimento é aberto por uma alavanca no assoalho. Há ainda um dos maiores compartimentos de bagagem da categoria (para 320 litros) e acomodação satisfatória até para o passageiro central do banco traseiro. O que poucos apreciam é a montagem do estepe embaixo do assoalho, por fora, mais vulnerável ao furto e menos conveniente no caso de troca de pneu, embora tenha a vantagem de dispensar a retirada de eventual bagagem.

O Sandero Privilège vem com razoável conteúdo de série, que inclui ar-condicionado, direção assistida, ajustes de altura do banco do motorista e do volante, controle elétrico dos vidros e travas com controle remoto para estas, rádio/CD com MP3, computador de bordo, faróis de neblina, banco traseiro bipartido e rodas de alumínio de 15 pol. O pacote de opcionais de segurança — bolsas infláveis frontais com volante revestido em couro, freios ABS e encosto de cabeça para o passageiro central — adiciona R$ 2.500 e assim, com pintura metálica e o câmbio, ele passa para R$ 45.100, valor competitivo para um modelo com tais atributos, apesar das incômodas reduções de custo.

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