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O Clio requentado

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Nem simples como o Logan, nem luxuoso como o Mégane, o
Symbol vem ocupar a faixa intermediária de sedãs Renault

Texto: Ricardo Panessa* - Fotos: divulgação

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Com plataforma e entre-eixos comuns ao Clio que ele vem substituir, o Symbol adota linhas mais atuais, discretas mas com certa elegância

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Detalhes cromados à frente e atrás buscam um ar refinado; as rodas são de 15 pol na versão Privilège, que traz bons equipamentos de série

A Renault brasileira tinha um problema a resolver. Quase 10 anos depois do lançamento do Clio, sua versão de três volumes já não reunia atrativos suficientes para um segmento tão concorrido quanto o dos sedãs compactos, que conta com novos competidores — Voyage e 207 Passion — e antigos modelos de sucesso — Fiesta, Corsa, Siena, Polo. O Logan, por sua vez, chegou apoiado no baixo preço e no amplo espaço interno, mas não convencia a um público mais exigente pela simplicidade de linhas e de acabamento.

Com isso, restava na gama da marca uma lacuna entre as versões do Logan de maior aceitação (até a Expression 1,6 de oito válvulas) e o Mégane mais barato, a faixa de R$ 40 mil a R$ 50 mil. É essa lacuna que o Symbol chega agora para preencher: um carro nem tão simples e despojado quanto o primeiro, nem tão grande, luxuoso e caro quanto o segundo. Trata-se de um modelo recente nos mercados mundiais, lançado em meados do ano passado no Salão de Moscou, e agora fabricado na Argentina, de onde é trazido ao Brasil sem imposto de importação.

Medindo 4,26 metros de comprimento, o Symbol é sete centímetros mais longo do que o Clio sedã, que sai de produção (resta só a versão de entrada Campus hatch), mas tem a mesma plataforma e igual distância entre eixos de 2,47 m (compare as dimensões na tabela). Os grandes balanços dão ao modelo a impressão de maior porte. A frente destaca-se pelos grandes faróis, que avançam parcialmente sobre o capô e os paralamas, e por um largo friso de plástico cromado também integrado ao capô. Para a Renault, o detalhe remete a modelos de patamares superiores, opinião discutível. Seria preferível que os faróis tivessem duplo refletor como no Clio.
 
Visto de lado, o que mais chama a atenção é o acentuado vinco na linha de cintura, que vai dos faróis às lanternas traseiras, além de uma pequena janela triangular nas últimas colunas, que tornam essa seção mais leve visualmente que a do Clio. A parte traseira, por sua vez, é realçada pela tampa do portamalas alta e curta e as lanternas bem integradas à lateral do carro e ao parachoque traseiro — elas poderiam ser maiores, porém. O teto mais rebaixado na parte traseira completa o visual discreto do modelo.

Conforto só na frente   As duas versões — Expression e Privilège — já saem com ar-condicionado, direção assistida hidráulica, controle elétrico dos vidros dianteiros, bolsas infláveis frontais, volante e banco do motorista com regulagem de altura, terceira luz de freio, luz de neblina traseira, repetidores laterais das luzes de direção, trava elétrica das portas com controle remoto e alarme. A Privilège inclui ainda computador de bordo, ar-condicionado automático, retrovisores com regulagem elétrica, controle elétrico dos vidros traseiros, bancos com revestimento em veludo, volante e pomo de câmbio revestidos em couro, rádio/toca-CDs com MP3 e comandos junto ao volante, faróis de neblina, rodas de alumínio de 15 pol e pneus 185/55. Os opcionais são poucos: freios com sistema antitravamento (ABS) em ambas e um pacote com computador de bordo e o rádio para a Expression.

Com bancos revestidos em tecido aveludado e painel em agradável "ton-sur-ton" cinza e creme, o interior do Symbol Privilège é aconchegante. Na frente os confortáveis bancos oferecem boa posição. É correto o acabamento, embora o material plástico rugoso do painel possa não agradar. O quadro de instrumentos tem contagiros e velocímetro com boa visibilidade; o computador de bordo e o ar-condicionado usam mostradores digitais. O rádio reproduz o som com boa fidelidade, mas — assim como o ar-condicionado — abusa de pequenos botões. Um ponto que incomoda é a colocação dos comandos de vidros traseiros no fim do console.
 
Enquanto o porta-malas esbanja espaço (506 litros) e os bancos dianteiros acomodam bem, os passageiros do banco traseiro desfrutam de modesto conforto. Há espaço razoável para as pernas, mas o teto abaulado junto ao vidro limita o espaço para as cabeças, mesmo de passageiros de menor estatura. Sob esse aspecto, vai ser difícil a Renault convencer que o Symbol seja uma alternativa superior ao Logan, que é mais amplo em todas as dimensões. Continua

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* Editor do blog A Tração Total - Data de publicação: 17/3/09

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