Com plataforma e entre-eixos
comuns ao Clio que ele vem substituir, o Symbol adota linhas mais
atuais, discretas mas com certa elegância
Detalhes cromados à frente e
atrás buscam um ar refinado; as rodas são de 15 pol na versão Privilège,
que traz bons equipamentos de série |
A Renault brasileira tinha um problema a resolver. Quase 10 anos depois
do lançamento do Clio, sua versão de três volumes já não reunia
atrativos suficientes para um segmento tão concorrido quanto o dos sedãs
compactos, que conta com novos competidores —
Voyage e 207 Passion — e antigos
modelos de sucesso — Fiesta, Corsa, Siena, Polo. O Logan, por sua vez,
chegou apoiado no baixo preço e no amplo espaço interno, mas não
convencia a um público mais exigente pela simplicidade de linhas e de
acabamento.
Com isso, restava na gama da marca uma lacuna entre as versões do Logan
de maior aceitação (até a Expression 1,6 de oito válvulas) e o Mégane
mais barato, a faixa de R$ 40 mil a R$ 50 mil. É essa lacuna que o
Symbol chega agora para preencher: um carro nem tão simples e despojado
quanto o primeiro, nem tão grande, luxuoso e caro quanto o segundo.
Trata-se de um modelo recente nos mercados mundiais, lançado em meados
do ano passado no Salão de Moscou, e agora fabricado na Argentina, de
onde é trazido ao Brasil sem imposto de importação.
Medindo 4,26 metros de comprimento, o Symbol é sete centímetros mais
longo do que o Clio sedã, que sai de produção (resta só a versão de
entrada Campus hatch), mas tem a mesma plataforma e igual distância
entre eixos de 2,47 m (compare as
dimensões na tabela). Os grandes
balanços dão ao modelo a impressão de maior porte. A frente
destaca-se pelos grandes faróis, que avançam parcialmente sobre o capô e
os paralamas, e por um largo friso de plástico cromado também integrado
ao capô. Para a Renault, o detalhe remete a modelos de patamares
superiores, opinião discutível. Seria preferível que os faróis tivessem
duplo refletor como no Clio.
Visto de lado, o que mais chama a atenção é o acentuado vinco na linha
de cintura, que vai dos faróis às lanternas traseiras, além de uma
pequena janela triangular nas últimas colunas, que tornam essa seção
mais leve visualmente que a do Clio. A parte traseira, por sua vez, é
realçada pela tampa do portamalas alta e curta e as lanternas bem
integradas à lateral do carro e ao parachoque traseiro — elas poderiam
ser maiores, porém. O teto mais rebaixado na parte traseira completa o
visual discreto do modelo.
Conforto só na
frente
As duas versões — Expression e Privilège — já saem com ar-condicionado,
direção assistida hidráulica, controle elétrico dos vidros dianteiros,
bolsas infláveis frontais, volante e banco do motorista com regulagem de
altura, terceira luz de freio, luz de neblina traseira, repetidores
laterais das luzes de direção, trava elétrica das portas com controle
remoto e alarme. A Privilège inclui ainda computador de bordo,
ar-condicionado automático, retrovisores com regulagem elétrica,
controle elétrico dos vidros traseiros, bancos com revestimento em
veludo, volante e pomo de câmbio revestidos em couro, rádio/toca-CDs com
MP3 e comandos junto ao volante, faróis
de neblina, rodas de alumínio de 15 pol e pneus 185/55. Os opcionais são
poucos: freios com sistema antitravamento (ABS) em ambas e um pacote com
computador de bordo e o rádio para a Expression.
Com bancos revestidos em tecido aveludado e painel em agradável "ton-sur-ton"
cinza e creme, o interior do Symbol Privilège é aconchegante. Na frente
os confortáveis bancos oferecem boa posição. É correto o acabamento,
embora o material plástico rugoso do painel possa não agradar. O quadro
de instrumentos tem contagiros e velocímetro com boa visibilidade; o
computador de bordo e o ar-condicionado usam mostradores digitais. O
rádio reproduz o som com boa fidelidade, mas — assim como o
ar-condicionado — abusa de pequenos botões. Um ponto que incomoda é a
colocação dos comandos de vidros traseiros no fim do console.
Enquanto o porta-malas esbanja espaço (506 litros) e os bancos
dianteiros acomodam bem, os passageiros do banco traseiro desfrutam de
modesto conforto. Há espaço razoável para as pernas, mas o teto abaulado
junto ao vidro limita o espaço para as cabeças, mesmo de passageiros de
menor estatura. Sob esse aspecto, vai ser difícil a Renault convencer
que o Symbol seja uma alternativa superior ao Logan, que é mais amplo em
todas as dimensões.
Continua |