Excitante? Sim, isso mesmo. O equilibrado motor de cinco cilindros em linha, 2,5 litros e 170 cv ronrona em marcha-lenta e nem de longe avisa que, ao ser levado a rotações mais alegres, emitirá um som que é pura música para quem gosta de automóvel. Certamente por saber do viés esportivo dessa supostamente tranquila perua, a Volkswagen organizou o evento de lançamento numa pista, o traçado espetacular da Fazenda Capuava, em Vinhedo, SP, onde o falecido Alcides Diniz (Grupo Pão de Açucar), piloto de mão cheia — e bolso idem —, se divertia com sua frota de carros de corrida da melhor qualidade. Curvas lá não faltam e, nesse cenário, nem só de som de motor se valeu a Variant para agradar aos jornalistas. Equilibrada, a perua não perdeu pose (ou penas?) nem mesmo nas mais radicais trocas de direção, emendando esquerdas e direitas em aclive e declive. Jamais um descompasso, nunca um desequilíbrio. Como enfrentariam os tão almejados utilitários esporte e minivans essa dança de trajetórias? Na certa, atabalhoadamente. Mas a vida do dia a dia nas cidades e estradas não é de curvas tomadas no limite, nem de frenagens bruscas, certo?

Certo. Mas também errado. Certo é imaginar que quem comprará a Variant deve privilegiar a condução segura, a civilidade ao volante. Perua é preferência de quem tem família, leva bagagem, cachorro, bicicletinha, o que não combina com pilotagem ousada. Mas errado é imaginar que quem tem família e leva suas tranqueiras para praia ou sítio deve abrir mão de freios bons, comportamento preciso do volante e uma atuação soberba das suspensões, já que, tanto na estrada quanto na cidade, um carro bem equilibrado, ágil e “esperto” é sinônimo de segurança. E na pista da Fazenda Capuava a Variant mostrou tudo isso: a esperteza, a agilidade, a segurança que todo carro deveria ter, sobretudo os que levam famílias. Segurança que — lamentavelmente — está sendo preterida por uma posição de dirigir “altinha”, uma tração integral que nunca será usada e ângulos de ataque e de saída para dunas que nunca serão enfrentadas.

A Jetta Variant conta não apenas com um eficiente motor, bem assessorado pela caixa automática de seis marchas, mas também com uma soberba suspensão traseira independente multibraço que faz os pneus copiarem o solo de maneira atávica. Em conjunto com os controles de estabilidade e tração, por mais provocada que seja através do volante, a Jetta permanece um impávido colosso, fiel como um cão à trajetória escolhida. E na hora de evitar o tronco das árvores no fim das retas da pista da bela fazenda, freios que cumprem sua função com louvor. Dentro o ambiente é de sobriedade, com destaque para o novo sistema de áudio, os bancos muito confortáveis e o ar-condicionado capaz de detectar alta concentração de poluentes e fechar a entrada de ar externo. O revestimento em couro pode ser preto ou bege e cores para a carroceria também há várias, incluindo a bela vermelha que aparece em algumas fotos. E a opção pela perua traz ainda um bom espaço para bagagem, de 505 litros sem rebater o banco traseiro (dividido em 60:40), além de todo o pacote de itens de conforto, conveniência e segurança que supera a maior parte dos modelos de sua faixa de preço.