Ao volante   A primeira boa impressão ao colocar o Saveiro Cross em movimento é o câmbio preciso, muito suave e de curso reduzido. A caixa de cinco marchas tem as mesmas relações da versão Trooper, com primeira e segunda marchas mais curtas que no Gol, mas os pneus têm maior diâmetro que os do automóvel. Assim, mesmo com o picape vazio, parece faltar um pouco de ânimo ao motor de 1,6 litro por causa do câmbio longo. É preciso recorrer à quarta marcha mesmo em subidas discretas, pois a quinta produz baixa rotação — o que é confortável, mas poderia ser revisto em se tratando de um utilitário. Já a arrancada em primeira é bem vigorosa, justificável pela necessidade de transportar até 661 kg de carga (o limite do Cross é um pouco mais baixo que o do Trooper, 700 kg, pois o peso do carro aumentou).

Tivemos a chance de fazer dois testes muito importantes: curvas no asfalto e um trecho de terra, sem lama. Nas curvas em alta velocidade, o trabalho feito na suspensão permite que, mesmo no limite, o pequeno picape se mantenha firme, sem apresentar tendência a desgarrar de traseira. Já na terra, os pneus Pirelli Scorpion ATR conseguem desempenho compatível com a proposta “aventureira”. Pelo menos com a borracha ainda nova, eles absorvem bem as irregularidades e não acusam pedras ou buracos menores. Têm uma rodagem macia e, quando precisamos "juntar" nos freios para não voar em uma depressão, tanto os pneus quanto o sistema antitravamento (ABS) mostraram grande eficiência. Faltou avaliar na lama, que é a grande dificuldade dos carros com “jeito” de fora-de-estrada, mas tração simples.

O bom trabalho da área de estilo também conseguiu reduzir muito o nível de ruído interno, mas a capota marítima vibra com o vento, produzindo um barulho intermitente bem atrás da cabeça do motorista. A capota deveria ser um item opcional, pois para quem usa a caçamba com frequência a operação de remover as talas (hastes de fixação), enrolar a lona e recolocar tudo é inconveniente. A intenção da lona é proteger a bagagem das intempéries, além de melhorar a aerodinâmica, mas os pertences podem ir dentro da cabine estendida, que existe pra isso. Por outro lado, muito bons são a estrutura de alumínio e os ganchos deslizantes para fixar a carga. É realmente uma pena essa versão não ser oferecida com cabine simples.

Com desempenho pouco mais modesto que o da versão Trooper, pelos dados do fabricante (que, lamentavelmente, não informa o consumo), nota-se que o motor se ressente de um pouco mais de vigor, o que pode ficar ainda mais sensível com a caçamba carregada. Talvez fosse a hora de a VW estudar a possibilidade de equipar o Saveiro com o motor de 2,0 litros de 116/120 cv do Golf e do Polo, o que deixaria o interessante Cross ainda mais atraente.