Avaliação
Chevrolet
Tigra 16V
Linhas
próprias e bom desempenho são os destaques
do pequeno cupê esportivo da GM
Texto: Fabrício Samahá
Quando
retirou de linha o Corsa GSi, no final de 1996, a GM
desagradou a uma legião de fãs. A alegação da
fábrica foi de que as vendas fracas do pequeno esportivo
não vinham justificando sua produção. Passou-se algum
tempo até que a marca decidisse voltar ao segmento,
desta vez com um cupê 2+2 (para dois adultos e duas
crianças) de carroceria própria e muito charme: o
Tigra.
Produzido na Espanha pela Opel, braço alemão da GM, o
Tigra (tigre em latim) deriva da plataforma do próprio
Corsa. Exibido como carro-conceito em 1993, entrou em
produção dois anos depois. Sua chegada ao mercado
brasileiro reinaugura as importações da marca,
interrompidas quando ela deixou de trazer o Astra e o
descontinuado Calibra. O editor do Best Cars Web Site
avaliou na Alemanha a versão 1,6 16V (os europeus
dispõem também da de 1,4 litro e 90 cv).
O estilo do Tigra transmite bom impacto. Embora um pouco
defasado pela chegada de novos modelos, como o Ford Puma,
agrada pela suavidade das formas. A frente não tem grade
e guarda os traços típicos da "família"
Opel. O coeficiente aerodinâmico (Cx) é bom mas não
excepcional: 0,31. Aliado à área frontal reduzida (1,78
m2), porém, resulta num valor de 0,55 m2, melhor até
que o do Vectra, cujo Cx é 0,28. A sustentação
aerodinâmica também é baixa, o que concorre para a boa
estabilidade direcional.
Na traseira de
linhas suaves, o destaque é o grande vidro envolvente
As portas possuem falsos quebra-ventos fixos
e a traseira, com seu enorme vidro, mostra linhas mais
suaves que as da frente. Para aliviar a pressão interna
ao se fechar a tampa traseira, o vidro da porta direita
baixa alguns centímetros. Detalhe positivo é o
retrovisor esquerdo biconvexo, em que uma maior curvatura
na faixa esquerda permite melhor visão, por exemplo, no
acesso a rodovias.
Uma pena que as rodas de alumínio de 15 pol. tenham sido
substituídas, para o mercado nacional, pelas de 14 pol.
do Kadett GLS, em função dos buracos e obstáculos que
assolam nossas vias (além da reposição de pneus
facilitada). Acreditamos que oferecer as de 15 pol. como
opcional evitaria a substituição, por parte dos
compradores, das rodas originais por modelos fora de
especificação.
Ao entrar no Tigra, o usuário de carros GM se sentirá
em casa: o painel é o mesmo do Corsa um ponto
negativo por remeter a um carro popular. O volante,
revestido em couro, tem três raios e empunhadura
correta. O acabamento é bom e algo chamativo, mas
adequado à proposta jovem do modelo. Há ajuste de
altura para os bancos dianteiros, mas não para o
volante. Isso dificulta o encontro da melhor posição de
dirigir. Como a coluna fica distante, foi adotado (como
no Calibra) um extensor que facilita o acesso ao cinto
mesmo assim, um dos pontos críticos do Tigra.
Se leva vantagem sobre o Corsa GSi no estilo
personalizado, o Tigra vai decepcionar os donos de
pequenos esportivos no espaço interno. O banco traseiro
é estreito, duro e baixo e ainda assim adultos
encostam a cabeça no vidro. Só há mesmo lugar, e sem
grande conforto, para crianças. Essa é a maior
limitação do carro na substituição de um
médio-pequeno de preço equivalente. O porta-malas é
razoável para um cupê (de 215 a 425 litros, segundo a
GM), mas o vão de acesso é alto e a cobertura não
oculta totalmente a bagagem.
A mecânica do Tigra motor, câmbio, suspensões,
direção e freios é a mesma do Corsa GSi. O
motor de 1,6 litro, duplo comando e 16 válvulas roda por
aqui com taxa de compressão mais baixa (9,8:1 contra
10,5:1 do mercado europeu), para evitar problemas com
nosso combustível irregular. Com isso a potência
máxima caiu de 106 cv para 100 cv, e o torque, de 15,1
mkgf para 14,7 mkgf, nos mesmos regimes de giros.
Chamativo no
acabamento, acanhado no espaço traseiro, o interior
remete ao do Corsa
Os 6 cv a menos promovem ligeira perda de desempenho,
como na menor velocidade máxima (195 contra 203 km/h).
No teste por ruas e estradas alemãs, o Tigra de 106 cv
mostrou bom desempenho em altas rotações e razoável em
baixas. O ronco do escapamento é esportivo e agradável,
mas o motor poderia ser mais suave em altos regimes
falta atribuída à relação desfavorável entre
o curso dos pistões e o comprimento das bielas, 0,31,
quando não deveria passar de 0,30. O câmbio tem bons
engates e as relações são próximas (close ratio),
como convém a um multiválvula esportivo. A queda de
giros entre trocas é pequena, o que convida a acelerar.
Surpreendeu a ótima estabilidade, com os pneus 185/55 R
15 utilizados lá fora. Freios e direção transmitiram
segurança em alta velocidade.
O pacote de segurança é respeitável: barras de
proteção nas portas, bolsa inflável para o motorista e
cintos de três pontos também atrás são de série.
Freios antitravamento ABS e a bolsa do passageiro são
opcionais os únicos do modelo, sendo itens como
aerofólio e rodas especiais acessórios vendidos na rede
de concessionários. Mas alguns detalhes merecem
correção: os controles elétricos de vidros (do tipo
um-toque e com sistema antiesmagamento) não têm
temporizador, o espaço para objetos é mínimo (não há
bolsas nas portas) e falta iluminação nos espelhos dos
pára-sóis. A qualidade do som, um toca-fitas com
mostrador separado, também não está à altura do apelo
esportivo do carro.
O Tigra chega ao mercado com preço entre R$ 26 mil e R$
28 mil, já com ar-condicionado, mas sem opção de teto
solar. Com a descontinuação do Mazda MX3, concorre só
com versões esportivas como Gol TSi e Escort RS
já que a Ford descartou a importação do Puma, cupê
derivado do Fiesta que é seu concorrente direto na
Europa.
FICHA TÉCNICA
MOTOR - Transversal, 4 cilindros em linha;
duplo comando no cabeçote, 16 válvulas.
Diâmetro e curso: 79 x 81,5 mm. Cilindrada:
1.598 cm3. Taxa de compressão: 9,8:1. Potência
máxima: 100 cv a 6.000 rpm. Torque máximo: 14,7
mkgf a 4.000 rpm. Injeção multiponto
seqüencial.
CÂMBIO - manual, 5 marchas;
tração dianteira.
FREIOS - dianteiros a disco
ventilado; traseiros a tambor; antitravamento.
DIREÇÃO - de pinhão e
cremalheira; assistência hidráulica.
SUSPENSÃO - dianteira,
independente McPherson com estabilizador;
traseira, eixo de torção com estabilizador.
RODAS - 5,5 x 14 pol.; pneus,
185/60 R 14.
DIMENSÕES - comprimento,
3,920 m; largura, 1,600 m; altura, 1,340 m;
entre-eixos, 2,430 m; capacidade do tanque, 46 l;
porta-malas, 215 l (fabricante); peso, 1.030 kg.
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DESEMPENHO E
CONSUMO - Velocidade máxima - 195 km/h.
Aceleração 0-100 km/h - 10,4 s. Consumo em
cidade - 11,6 km/l. Consumo em estrada - 17,2
km/l.
(dados do fabricante)
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