Fiat 500 Cult, do nicho para o grande público

Avaliação

Do nicho para o grande público

Mais acessível na versão Cult, o Fiat 500 continua charmoso e oferece conforto e segurança para quem não precisa de espaço

 

“Bigodes” e maçanetas cromados e as lanternas traseiras buscam uma associação com o Nuova 500, grande sucesso da Fiat dos anos 50 a 70

 

De tempos em tempos aparecem carros compactos diferentes, com soluções de estilo que lhes dão um charme próprio, uma identidade diferenciada nas ruas. Nos anos 90 havia o Ford Ka e o Renault Twingo, com seus desenhos criativos por fora e por dentro, algo que ambos mantêm em suas atuais gerações europeias — mas o primeiro perdeu tal atributo na remodelação para a América do Sul em 2007. Hoje, quem busca tal diferenciação pode optar por um Smart Fortwo, um Mini da BMW, um Audi A1 ou um Fiat 500, este claramente o mais acessível dos três.

O que deixou o “Cinquecento” (500 em italiano) ao alcance de muitos foi a produção na fábrica da Chrysler em Toluca, no México, para atender ao mercado dos Estados Unidos. Não poderia ter sido mais oportuno, pois logo após seu lançamento por aqui — em agosto — o governo brasileiro elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados, deixando México e Mercosul de fora. Com isso, os oponentes encareceram e o Fiat hoje parece ainda mais barato no chamado segmento de “carros pequenos de imagem”.

Com o início da fabricação mexicana, o 500 passou a vir ao Brasil também em uma versão de entrada, a Cult (nos EUA é chamada de Pop, o que talvez o marketing tenha rejeitado pela associação com “carro popular”). Além do conteúdo mais enxuto que o das já conhecidas Lounge e Sport, a opção mais barata — R$ 40.770 a valores atuais — deixava de lado o motor importado de 1,4 litro e 16 válvulas, hoje dotado da tecnologia MultiAir, em favor de nosso conhecido Fire Evo de mesma cilindrada, mas com oito válvulas e flexível em combustível.

Estava pronta a fórmula para que o 500 alcançasse volumes mais expressivos de vendas, como se nota pelos números ou por sua presença nas ruas das grandes cidades. Até a primeira quinzena de junho, seus emplacamentos este ano registravam média mensal de 784 unidades, mais que as de Peugeot 207 e VW Polo — muito distante do Mini com 94 exemplares mensais, do A1 com 58 e do Smart com 31.

Apesar de algumas simplificações, o conteúdo de série é um dos atributos do Cult. Entre os destaques estão itens de segurança como controle eletrônico de estabilidade e tração, bolsas infláveis frontais, faróis com regulagem elétrica de altura e freios com sistema antitravamento (ABS), assistência adicional em emergência e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD). A dotação de conforto passa por ar-condicionado, volante e banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção com assistência elétrica, auxílio para arrancada em subida, rádio/CD com MP3 e controle elétrico de vidros, travas e retrovisores. Rodas de alumínio de 15 pol também estão incluídas.

Como opcionais, a versão traz apenas dois pacotes. O Convenience I (R$ 872) tem controlador de velocidade e interface Bluetooth para telefone celular por meio do sistema Blue&Me, que inclui comando de voz e leitura de mensagens SMS. Já o Sport I (R$ 3.183) vem com sistema de áudio superior com alto-falantes da renomada marca Bose e teto solar com controle elétrico. Pintura perolizada adiciona R$ 1.375 e, assim, o Cult completo como o avaliamos — mas sem o câmbio automatizado Dualogic, que custa mais R$ 2.920 — sai por R$ 46.200.

Embora sem mudanças desde sua apresentação na Europa, há cinco anos, o estilo continua um destaque do 500. Trata-se de uma nova interpretação para um dos maiores sucessos da história da marca — o Nuova 500 fabricado de 1957 a 1975 —, o que explica seu ar nostálgico e a frente sem grade, que simula não existir um motor ali, pois no carro original ele vinha na traseira. A versão mexicana traz algumas diferenças para a antiga, importada da Polônia, como luzes de posição junto às caixas de rodas e luzes diurnas na frente, montadas nos faróis menores (não são de neblina como podem parecer) e que podem ser desativadas.

O interior repete a proposta de lembrar o passado, como no painel com grande seção na cor da carroceria (de plástico, mas simulando os de metal de outras épocas) e as maçanetas de porta, enquanto os encostos de bancos trazem em baixo relevo o arranjo dos “bigodes” cromados e do logotipo da Fiat que aparecem na frente do carro. Merece elogio a oferta de combinações incomuns de tons para o revestimento, como vermelho com a parte superior em preto ou em marfim. No carro avaliado, preto embaixo e marfim em cima, painel e volante acompanhavam o tom da parte superior — medida discutível, pois o volante do carro bem novo já parecia um tanto encardido.

O Cult não é luxuoso nos materiais, que recorrem a plásticos rígidos e de aspecto simples e um tecido algo áspero. O motorista desfruta boa posição, com um banco mais amplo que o esperado em um carro tão pequeno (afinal, foi adaptado para atender aos EUA) e excelente posição da alavanca de câmbio, mas há restrições como os pedais deslocados para a direita e a falta de ajuste do volante em distância. Diferente da versão polonesa é o ajuste de reclinação dos bancos por alavanca, em pontos definidos; antes era giratório.

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Data de publicação: 23/6/12

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