Novo três-cilindros comum ao Peugeot 208 traz bons resultados, com melhora de até 41% em consumo
Texto: Fabrício Samahá e Edison Ragassi – Fotos: divulgação
A exemplo do que ocorreu em abril com o Peugeot 208 (leia avaliação), o Citroën C3 brasileiro substitui o veterano motor de 1,45 litro, quatro cilindros e oito válvulas pelo moderno Puretech de 1,2 litro, três cilindros e 12 válvulas, similar ao usado pelo grupo na Europa. A mudança vale para as versões de acabamento Origine, Attraction e Tendance (veja quadro abaixo com preços e equipamentos) equipadas com transmissão manual, que sofreram aumentos de R$ 725, R$ 225 e R$ 1.000, na ordem, em relação aos modelos 2017 com o antigo motor. O 1,6-litro de 16 válvulas permanece vinculado à caixa automática de quatro marchas, opcional no Tendance e padrão no topo de linha Exclusive.
O primeiro três-cilindros em um Citroën nacional tem soluções técnicas atuais como duplo comando com variação do tempo de abertura de válvulas, partida a frio com preaquecimento no injetor, sistema de arrefecimento com temperaturas separadas para bloco e cabeçote, coletor de escapamento integrado ao cabeçote e correia de distribuição banhada em óleo. Com potência de 84/90 cv e torque de 12,2/13 m.kgf, está um passo adiante dos motores de 1,0 litro, mas atrás do 1,45 que ele substitui — apto a 89/93 cv e 13,5/14,2 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool. Por isso, alguma redução de desempenho é inevitável (o fabricante não informa dados a respeito).
A grande vantagem do Puretech está na economia de combustível. Os índices oficiais pelos padrões do Inmetro (gasolina/álcool) apontam 14,8/10,6 km/l no ciclo urbano e 16,6/11,3 km/l no rodoviário, ante 11,9/7,5 km/l em cidade e 14,7/9,3 km/l em rodovia do quatro-cilindros anterior. O ganho de rendimento mais expressivo, no ciclo urbano com álcool, foi de expressivos 41%. Com tais resultados o C3 obteve classificação “AAA” no programa Etiqueta Nacional de Conservação de Energia do instituto ao receber letra A nas três categorias (Compacto, Geral e Emissões). O carro também fica mais prático ao abolir o tanque auxiliar de gasolina para partida a frio.
Apenas o logotipo identifica que sob o capô está o eficiente três-cilindros de 84/90 cv
Apesar dos quatro anos de produção, nada mudou na aparência do C3 além do logotipo Puretech na tampa traseira, junto à lanterna esquerda. Em fevereiro, na linha 2017, a Citroën lhe havia aplicado o sistema de entretenimento com tela sensível ao toque de 7 pol em amplo uso nas marcas do grupo PSA (que inclui Peugeot e DS), que pode espelhar a tela de um telefone celular conectado pelas plataformas Mirror Link para Android e Car Play para Apple. O sistema inclui o aplicativo My Citroën, que transmite ao celular informações como consumo, localização, percurso realizado e próxima revisão.
O C3 com três cilindros mostra boa aceleração para sua cilindrada e, na rodovia, o Puretech revela-se elástico e silencioso
Ao volante
O Best Cars dirigiu o C3 Tendance em um trajeto de cidade e rodovia do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, SP, até o inicio da descida da serra na rodovia Anchieta, em percurso total (ida e volta) de 60 quilômetros. Comparado ao do 208, o motor tem uma pequena diferença: a calibração eletrônica faz com que a borboleta de aceleração se abra de maneira mais lenta, como parte da estratégia da marca de se diferenciar pelo conforto, deixando a Peugeot como braço mais esportivo do grupo. Mas é uma diferença sutil. A transmissão tem o mesmo escalonamento do “primo” felino.
Na prática, o C3 continua a se destacar pelo conforto na categoria: banco agradável, volante de boa empunhadura, alavanca de transmissão precisa. Em relação à suavidade de funcionamento, nota-se uma pequena vibração em marcha-lenta, comum nos três-cilindros, que desaparece quando o motor atinge a faixa de 1.500 rpm. Acima de 4.500 surgem vibrações mais acentuadas.
Sistema de áudio com tela sensível ao toque de 7 pol havia sido adotado em fevereiro
O carro mostrou boa aceleração para sua cilindrada. Nas ruas do complexo Mauá, várias lombadas fizeram o conjunto de suspensão trabalhar e demonstrar que seu rodar é confortável como em poucos carros pequenos. Na rodovia o Puretech revela-se elástico e silencioso. Em quinta marcha, atinge 120 km/h com o conta-giros em 3.700 rpm. Há boa reserva de potência para o uso normal, como subidas e ultrapassagens, sem necessidade de reduzir marchas.
O carro avaliado estava abastecido com gasolina e no trajeto, em que a velocidade alternava entre 80 e 110 km/h, o computador de bordo mostrou consumo médio de 17,3 km/l. Nossa avaliação completa com o 208 de mesmo motor indicou que economia é realmente um bom atributo do novo motor. A Citroën pretende manter neste ano os patamares de vendas alcançados no ano passado — média de 1.100 unidades do C3 por mês. Também investe em qualidade de serviços e ações para fidelizar o cliente, como pacote de revisões com custo fixo, a fim de combater a imagem de manutenção cara.
A modernização efetuada sob o capô do C3 operou, como no 208, resultados diversos. Do ponto de vista do desempenho ou do prazer de dirigir não há muito o que comemorar, pois o antigo 1,45-litro, mesmo com potência discreta para a cilindrada, era competente. Sob o aspecto da economia, porém, o pequeno Citroën revela um ganho que o torna bem mais interessante e adequado a tempos de maior eficiência energética.
Mais Avaliações
Versões, preços e equipamentos
• C3 Origine (R$ 46.490): vem de série com ar-condicionado, banco traseiro bipartido, computador de bordo, controle elétrico de vidros dianteiros, travas e retrovisores, direção assistida, freios antitravamento com distribuição eletrônica, volante ajustável em altura e distância.
• C3 Attraction (R$ 49.900): como no Origine, mais controle elétrico dos vidros traseiros, faróis de neblina, luzes diurnas em leds, rádio/MP3 com comandos junto ao volante, rodas de alumínio de 15 pol. Opcional: sistema de áudio com tela de 7 pol.
• C3 Tendance (R$ 52.690): como no Attraction, mais alarme antifurto, para-brisa panorâmico e sensores de estacionamento traseiros. Opcional: sistema de áudio com tela de 7 pol.
Há ainda as versões Tendance e Exclusive com motor 1,6 e transmissão automática.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 75 x 90,5 mm |
Cilindrada | 1.199 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 84/90 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 12,2/13,0 m.kgf a 2.750 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 15 pol |
Pneus | 195/60 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,944 m |
Largura | 1,708 m |
Altura | 1,521 m |
Entre-eixos | 2,46 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.110 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade (gas./álc.) | 14,8/10,6 km/l |
Consumo em rodovia (gas./álc.) | 16,6/11,3 km/l |
Dados do fabricante para versão Tendance; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |