CVT traz conforto e eficiência a Nissan March e Versa

Transmissão de variação contínua, que acresce R$ 4.800 ao preço, mostra bons resultados em desempenho, consumo e comodidade

Texto: Fabrício Samahá e Felipe Hoffmann – Fotos: divulgação

 

Antes tarde, a linha 2017 dos Nissans March e Versa ganha a opção de transmissão automática de variação contínua (CVT). O fabricante foi um dos últimos a oferecer alguma alternativa à caixa manual no segmento de carros pequenos, que conta com transmissões automatizadas de uma ou duas embreagens, automáticas e CVT em quase todos os modelos concorrentes.

A novidade é oferecida como opcional no March e no Versa em acabamentos SV e SL, apenas com motor de 1,6 litro, e de série no Versa Unique 1,6 (veja na página 2 os preços e conteúdos de cada versão). O custo adicional de R$ 4.800 é maior que os R$ 3.500 da caixa automática (antiga, de apenas quatro marchas) do Toyota Etios XS, os R$ 4 mil da automatizada monoembreagem do Fiat Grand Siena Essence e os R$ 4.500 da automatizada de dupla embreagem do Ford Fiesta SE, mas menor que os R$ 5.800 cobrados pela CVT do Honda Fit DX ou os R$ 6 mil da automática de seis marchas do Chevrolet Onix LTZ.

 

As versões SV, SL (como o March das fotos) e Unique (apenas Versa) de 1,6 litro podem receber a nova transmissão, que se torna padrão no sedã de topo

 

Além da transmissão, a linha 2017 tem outras novidades. A versão básica de 1,0 litro ganha o nome Conforto no Versa, como já ocorria no March, e recebe itens de série do antigo pacote opcional Plus (o mesmo vale para o March, que ganhou os conteúdos dos pacotes Plus e Multi). O acabamento S agora é o mesmo antes vendido como SV, de modo que o novo SV é o antigo com pacote Plus. Controle elétrico de vidros passa a vir em todo Versa e sua versão SV já traz fixação Isofix para cadeira infantil.

 

O regime a 120 km/h é dos mais baixos, 1.800 rpm, mas difícil de manter: a rotação sobe com qualquer pressão a mais com o pé direito

 

Embora também seja denominada XTronic, a CVT dos Nissans compactos não é a mesma aplicada ao Sentra: é uma unidade do fornecedor Jatco com menor capacidade de torque (15,3 m.kgf). Como no sedã médio, porém, é usado conversor de torque para o acoplamento inicial nas saídas: é uma solução mais robusta que a embreagem (empregada, por exemplo, no Honda Fit de primeira geração) em condições severas, como arrancada forte em subida sem apoio dos freios, e que contribui para multiplicar o torque e favorecer as acelerações.

Para o motorista, sua alavanca oferece as mesmas posições do modelo maior: P (estacionamento), R (ré), N (ponto-morto), D (direção normal) e L (reduzida, que mantém o motor em rotações mais altas para favorecer a agilidade e obter freio-motor em declives). Há ainda um botão lateral na alavanca que desativa o overdrive, ou seja, produz em menor grau o mesmo efeito da posição L. Não foi prevista simulação de marchas por seleção manual, como usam Renault Fluence e Toyota Corolla, entre outros.

 

Interiores trazem mais equipamentos para 2017 (na foto o do Versa Unique); quadro de instrumentos ganha indicador da posição da caixa

 

Uma novidade dessa caixa é a função Active Slip Control (controle ativo de deslizamento), que evita por algum tempo a variação das polias de modo a operar com relação de transmissão fixa, como se fosse uma marcha de caixa automática tradicional. O objetivo foi reduzir a “sensação de carro elétrico” frequente em CVTs e que incomoda alguns motoristas, pela rotação constante de motor enquanto a velocidade aumenta. O intuito de não incomodar pelos ruídos levou ainda à aplicação de para-brisa com isolamento acústico e acabamento fonoabsorvente mais denso no painel. A Nissan informa também reduções de atritos em relação à antiga geração da mesma caixa.

A CVT foi combinada ao conhecido motor de 1,6 litro e quatro válvulas por cilindro, que produz potência de 111 cv e torque de 15,1 m.kgf, tanto com gasolina quanto com álcool. Comparada à manual, a nova transmissão deixa mais lenta a aceleração de 0 a 100 km/h, que passa de 9,3 para 10,6 segundos no March com qualquer dos combustíveis (a do Versa não foi informada, nem a velocidade máxima de ambos). Há algum prejuízo também ao consumo urbano, que no March aumenta de 13/8,5 km/l para 12/7,8 km/l na ordem gasolina/álcool pelos padrões do Inmetro.

Em contrapartida, o CVT é até mais econômico no ciclo de rodovia: 15/9,8 km/l ante 14,1/9,9 da versão manual. Tanto ele quanto o Versa mantém-se com nota A pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. A manutenção dos dois modelos não sofreu aumento de custo em relação às versões manuais nas revisões até 60.000 km nem está prevista a substituição de fluido da caixa, embora possa ser necessária aos 100.000 km sob uso severo. E o peso do carro aumentou pouco, 13 kg no caso do Versa Unique.

 

Alavanca tem posições D e L e botão para desativar overdrive; na traseira de cada modelo, a identificação da caixa XTronic CVT

 

Ao volante

O Best Cars dirigiu o Versa CVT pela Rodovia dos Bandeirantes a partir de São Paulo, SP, com um pequeno trecho urbano, em total de 120 quilômetros. Logo nas primeiras saídas nota-se a diferença para outras caixas do gênero, como a dos Hondas Fit e City: o “empurrão” inicial é um pouco mais fraco. No entanto, a escolha de relação inicial (que seria a primeira marcha, se marchas houvesse) bem curta atenua esse efeito e o carro consegue ser vigoroso em subidas íngremes.

 

 

No uso urbano, como ao sair de semáforo com abertura moderada de acelerador, a rotação levanta para a faixa de 2.000 a 2.200 rpm e logo que se chega a 20-30 km/h cai para constantes 1.500-1.700 rpm. Ali permanece até 60-70 km/h, caso se mantenha o pedal constante, e não sobe muito até se alcançar velocidades de rodovia.

O regime a 120 km/h é dos mais baixos já vistos, por volta de 1.800 rpm, mas difícil de manter: como há pouca potência nessa faixa, a rotação sobe com qualquer pressão a mais com o pé direito. Rodando em ritmo constante a transmissão revela que poderia ter calibração mais refinada: qualquer variação de uso do pedal já faz o giro subir e descer, o que é um pouco desagradável.

 

Saídas na cidade poderiam ser mais ágeis, mas escolha de relações trouxe desempenho adequado e até reduziu consumo rodoviário

 

Quando se requer desempenho, acelerando a pleno, o 1,6-litro sobe de rotação aos poucos e só atinge potência máxima perto de 100 km/h: se chegasse mais cedo, como na caixa manual, a aceleração seria mais rápida. Não faz diferença nessa condição a alavanca estar em D ou L, com ou sem overdrive, mas sim no uso com aberturas parciais: desativar o overdrive leva o regime à faixa de 3.500-4.000 rpm e usar L conduz o motor a cerca de 5.000 rpm. Estando em D não há retenção de “marchas” ao desacelerar: os giros caem quase à marcha-lenta tão logo se tire o pé do acelerador, o que poderia ser revisto para poupar freios em descidas de serra.

Embora pudesse aprimorar a calibração, a Nissan fez bem em adotar — afinal — a transmissão de variação contínua no March e no Versa. É um tipo de caixa eficiente do ponto de vista energético, apropriado ao uso urbano e que, com a definição de relações adotada, beneficiou também o consumo rodoviário. Poderia custar menos, é verdade, mas para quem não suportava mais apertar o pedal de embreagem no trânsito vai valer cada centavo.

Atualização em 8/8/16: corrigida informação sobre conversor de torque. Ao contrário do informado no lançamento pela engenharia do fabricante, não é usada embreagem nas saídas.

Próxima parte

 

Mesmo sem CVT, outras versões do March e do Versa receberam novos conteúdos

 

Versões, preços e equipamentos

March Conforto 1,0 (R$ 38.790): ar-condicionado, banco do motorista e volante com regulagem de altura, computador de bordo, conta-giros, direção com assistência elétrica, freios com sistema antitravamento (ABS), distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD) e assistência adicional em emergência, rodas de 14 polegadas (aço) com pneus 165/70.

Versa Conforto 1,0 (R$ 44.690): como no March Conforto, mais alarme antifurto com acionamento a distância, controle elétrico de vidros (todos), travas e retrovisores, para-sóis com espelhos e rodas de 15 pol (aço) com pneus 185/65.

March S 1,0 (R$ 41.690) e S 1,6 (R$ 46.190): como no March Conforto, mais controle elétrico de vidros e travas (March) e para-sóis com espelhos.

Versa S 1,0 (R$ 48 mil) e S 1,6 (R$ 50.690): como no Versa Conforto, mais rádio/CD com MP3 e entrada USB e volante com comandos de áudio e telefone. Apenas com motor 1,0, rodas de alumínio de 15 pol.

March SV 1,0 (R$ 44.690), SV 1,6 (R$ 49.290) e SV 1,6 CVT (R$ 54.090): como no March S, mais ajuste elétrico dos retrovisores, faróis de neblina, interface Bluetooth para telefone, rádio/CD com MP3 e entrada USB, revestimento de bancos superior, rodas de alumínio de 15 pol com pneus 185/60 e volante com comandos de áudio e telefone.

Versa SV 1,6 (R$ 53.190) e SV 1,6 CVT (R$ 58 mil): como no Versa S, mais banco traseiro rebatível com cinto de três pontos também no centro e ancoragem para cadeira infantil em padrão Isofix, revestimento de bancos superior, rodas de alumínio de 15 pol,

March SL 1,6 (R$ 53.590) e SL 1,6 CVT (R$ 58.390): como no March SV, mais alarme antifurto com acionamento a distância, ar-condicionado automático, câmera traseira para manobras, navegador, revestimento de bancos superior, rodas de alumínio de 16 pol com pneus 185/55 e sistema de áudio Multi-App com tela de 6,2 pol, toca-DVDs, execução de aplicativos e acesso à internet.

Versa SL 1,6 (R$ 59.890) e SL 1,6 CVT (R$ 64.690): como no Versa SV, mais ar-condicionado automático, câmera traseira, faróis de neblina, luzes de direção nos retrovisores, revestimento de bancos e volante em couro, rodas de alumínio de 16 pol com pneus 185/55 e sistema de áudio Multi-App (veja no March SL).

Versa Unique 1,6 CVT (R$ 66.290): como no March SL, mais defletor traseiro, saída de escapamento cromada, tapetes e transmissão CVT.

 

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 78 x 83,6 mm
Cilindrada 1.598 cm³
Taxa de compressão 10,7:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 111 cv a 5.600 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 15,1 m.kgf a 4.000 rpm
Transmissão
Tipo de caixa automática de variação contínua
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 16 pol
Pneus 195/55 R 16
Dimensões
Comprimento 4,492 m
Largura 1,695 m
Altura 1,506 m
Entre-eixos 2,60 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 41 l
Compartimento de bagagem 460 l
Peso em ordem de marcha 1.101 kg
Desempenho e consumo (gas./álc.)
Velocidade máxima ND
Aceleração de 0 a 100 km/h ND
Consumo em cidade 12/7,8 km/l
Consumo em rodovia 14,0/10,0 km/l
Dados do fabricante para Versa Unique; ND = não disponível; consumo conforme padrões do Inmetro

 

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