Lifan 530: novo chinês é apenas um rostinho bonito

Lifan 530

 

Estilo, conteúdo e espaço são atributos do sedã compacto,
mas qualidade e desempenho do motor 1,5-litro não convencem

Texto: Fabrício Samahá e Edison Ragassi – Fotos: divulgação

 

O segmento de sedãs pequenos, um dos mais disputados por marcas chinesas como Chery e JAC, ganha uma opção de outra empresa daquele país asiático, a Lifan. O modelo 530, lançado no mercado de origem no ano passado, chega ao Brasil em duas versões com motor de 1,5 litro e 16 válvulas a gasolina, com potência de 103 cv e torque de 13,6 m.kgf, e câmbio manual de cinco marchas.

A opção básica custa R$ 39 mil, e a Talent, R$ 41 mil. Os equipamentos de série da primeira incluem freios a disco (também na traseira) com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica (EBD), fixações Isofix para cadeiras de crianças, ar-condicionado, faróis de neblina, assistência elétrica de direção, rodas de alumínio de 15 pol, computador de bordo, volante e banco do motorista com regulagem de altura e sensores de estacionamento traseiros. A Talent acrescenta central multimídia com toca-DVDs, tela de 7 pol, navegador, interface Bluetooth e imagens da câmera traseira de manobras. O pacote Hyperpack acrescenta a tal versão bancos de couro e luzes diurnas por R$ 1,5 mil. A garantia é de cinco anos.

 

 
O desenho atual do 530 sugere robustez e parece seu mais forte atributo; o
conteúdo das versões é bom para a faixa de preço em que competem

 

A concorrência para o modelo trazido de Montevidéu, Uruguai, é intensa, com opções como Chery Celer, Chevrolet Cobalt e Prisma, Ford Ka+, Fiat Grand Siena, Hyundai HB20S, JAC J3 Turin, Nissan Versa, Renault Logan, Toyota Etios e Volkswagen Voyage. A meta da Lifan é vender 4.000 unidades no próximo ano, o que significaria dobrar seu volume no mercado brasileiro.

 

O desempenho do 530 revela-se limitado: sua
aceleração é modesta e requer bom uso
do câmbio, sobretudo ao encarar uma subida

 

Um dos argumentos do 530 para isso é o desenho atual e equilibrado, com formas e vincos que sugerem robustez. No interior o acabamento é bastante simples (salvo pelo couro dos bancos), com materiais plásticos e montagem que não transmitem boa qualidade. A central multimídia é fácil de usar e há ajuste elétrico dos faróis, mas faltou acertar o computador de bordo para o padrão brasileiro de km/l (vem em litros/100 km).

 

 

 
O interior decepciona pelos materiais e sua montagem, embora a central
multimídia seja prática; capacidade de bagagem é boa, 475 litros

 

A maior qualidade do sedã compacto da Lifan é o espaço interno: os ocupantes dos bancos dianteiros e traseiro são acomodados em dimensões acima da média da categoria, como o entre-eixos de 2,55 metros. No entanto, os da frente ressentem-se de bancos curtos e estreitos. Bom o volume do porta-malas, 475 litros, ampliável pelo banco traseiro rebatível bipartido; há comando remoto para sua abertura na chave.

 

 

O motor é de construção moderna, com variação do tempo de abertura das válvulas. Diferente de outros chineses, usa correia sincronizadora em vez de corrente — a solução adotada é mais silenciosa, mas a Lifan recomenda a troca a cada 40.000 km, enquanto a corrente costuma durar toda a vida útil do motor. A potência de 103 cv, modesta para um 1,5 de quatro válvulas por cilindro, indica que o fabricante quis oferecer bom torque em baixa rotação: de fato, o pico de 13,6 m.kgf aparece a 3.500 rpm, regime abaixo do usual, mas o valor assim mesmo é insatisfatório para um sedã de 1.140 kg.

 

 

 
Falta disposição ao motor de 1,5 litro e 103 cv do Lifan para o peso de
1.140 kg; estabilidade e câmbio, porém, são adequados à categoria

 

A avaliação de imprensa na via Anhanguera, nos arredores de Campinas, interior paulista, foi com três pessoas no carro. Nessas condições o desempenho do 530 fica um tanto limitado: sua aceleração é modesta e requer bom uso do câmbio, sobretudo ao encarar uma subida. Se tivesse um pouco mais de torque, o resultado seria outro. A alavanca de mudanças é bem macia, com trocas rápidas, e nas curvas o 530 oferece boa estabilidade, mas o isolamento acústico precisa ser melhorado: o ruído do motor invade a cabine e, depois de um tempo, incomoda.

Diante das falhas demonstradas e do desempenho modesto, o novo Lifan não convence já no primeiro contato. Tem um bonito desenho e conteúdo adequado ao preço, mas começa errado no ponto em que os chineses mais deveriam se esmerar — a percepção de qualidade — para compensar a má fama que muitos produtos do país conquistaram no Brasil. Como está, ele precisaria custar bem menos para ter chances em um segmento com tantas opções consagradas.

Mais Avaliações

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 78,7 x 77 mm
Cilindrada 1.498 cm³
Taxa de compressão 10:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima 103 cv a 6.000 rpm
Torque máximo 13,6 m.kgf a 3.500 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual, 5
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 15 pol
Pneus 185/60 R 15
Dimensões
Comprimento 4,30 m
Largura 1,69 m
Altura 1,49 m
Entre-eixos 2,55 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 42 l
Compartimento de bagagem 475 l
Peso em ordem de marcha 1.140 kg
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis

 

 

Sair da versão mobile