Picapes de médio porte e pequenos utilitários serão destaques
do ano, que trará também novos automóveis nacionais e importados
Previsões para este ano indicam será pareado com o exercício passado: equilíbrio numérico em vendas e em lançamentos. Olhando o painel, significa briga intensa em dois segmentos opostos: o de entrada, com Gol buscando recuperar a liderança perdida ao Palio e este mantê-la, e a presença de concorrente insuspeitado, o Ford Ka. No outro extremo, as marcas caras aos brasileiros, tanto no sentido de custo elevado como admiradas — Mercedes-Benz, BMW, Audi, Jaguar e Land Rover, Lexus —, preveem crescimento.
Nos segmentos mais alcançáveis ao público, o mercado nacional indicará expansão no de atual moda, o SAV/SUV — ditos erradamente jipinhos. Nos SAV (Sport Athletic Vehicles), maior crescimento: são maioria dos ditos utilitários esporte, apenas carros de diversão, sem direcionamento a aplicações duras fora de estrada como os SUV.
De relevo, as novidades principais: Jeep Renegade (foto), com a marca voltando a fabricar no Brasil e a Pernambuco, onde o Jeep iniciou ser montado há exatos 50 anos; Honda HR-V, feito sobre a plataforma Fit/City; Peugeot 2008. Primeiro com comercialização prevista para abril, demais em junho. Seminovidades, Ford Ecosport, case de rentabilidade anteriormente solitária, e concorrente Renault Duster passarão por leve revisão estética.
Em picapes, Renault e Fiat afiam seus produtos e argumentos. Ambos criam novo segmento, o dos picapes intermediários, prensado entre os de entrada no mercado — Fiat Strada, VW Saveiro, Chevrolet Montana — e os grandes — Ford Ranger, Chevrolet S10, Toyota Hilux, Nissan Frontier, Mitsubishi Triton, VW Amarok.
Automóveis
No segmento, duas novidades disputam a primazia de lançamento: Nissan Versa, com produção nacional, motores 1,0-litro de três cilindros e 1,6-litro; e o chinês nacionalizado Chery Celer. Junho, apresentação de duas outras novidades no Salão do Automóvel em Buenos Aires: Ford Focus com nova frente — e se espera política comercial capaz de valorizá-lo, como não ocorreu nos anteriores — e VW Jetta com produção em São Bernardo do Campo, SP.
Fiat Bravo revisto será lançado em janeiro ou fevereiro; VW terá novidades com o Gol; aplicação de turbo em motores pequenos produzidos no País — Honda 1,5, VW 1,4, Ford 1,0-litro — cria atrativos e versões. Renault finaliza versão Sandero GT com acertos de suspensão, direção e, talvez, motor de 2,0 litros. Em agosto, lançamento do sedã Audi A3 1,4 produzido no Paraná.
Jaguar XE, modelo de entrada, de sucesso dependendo de preço, concorrente com Audi A3 e A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C. BMW terá Mini alongado de cinco portas, a minivan Active Tourer com tração dianteira concorrendo com Classe B da Mercedes. Esta trará novo Smart — sua visão sobre o Renault Twingo, dividindo plataforma e motor traseiro. Já mostrado, Suzuki S-Cross vem ficar ao lado do SX4, ao qual substitui em outros mercados.
Roda a Roda
Mais – Hyundai e Kia construirão duas fábricas na China, elevando capacidade industrial a 300 mil unidades/ano. Querem aumentar participação no maior mercado do mundo, seguindo as maiores concorrentes. Em 2014 Hyundai vendeu mais de um milhão de unidades na China.
Outro – O mercado do Cazaquistão expande-se quase geometricamente. De 45.000 unidades em 2011 preveem-se 200.000 unidades em 2015.
Ching ling – Acredite, o Jaguar XE será produzido na China, em associação entre Jaguar Land Rover e a matriz da Chery.
Mudança – A Jaguar sempre vendeu contadas unidades e o atual proprietário — grupo indiano Tata — informa terem sido 80.000 em 2014. Com o XE chinês e possível produção no Brasil e na Arábia Saudita, quer mudar o desenho da marca e vender 850 mil unidades em todo o mundo até 2020. Formidável salto de uns 1.050%.
Roda – Indústria automobilística continua se movendo, apesar dos comandos momentâneos para se adequar à velocidade do mercado. Lançamentos se iniciam em janeiro, 27, com Audi apresentando novo motor para A4: versão 1,8 Ambiente TFSI com turbo e dupla injeção, 170 cv.
Razão – Motorização era 2,0-litros com 200 cv, mas a Audi reduziu-a em cilindrada e potência para menores consumo e emissões. Integra ação para enfrentar BMW Série 3 e Mercedes Classe C.
Renegade – Jeep nacional faz série inicial na nova fábrica FCA em Pernambuco. FCA é Fiat Chrysler Automobiles. Lançamento, fim de março.
Agenda – Férias natalinas encerradas com entrevista no Dia de Reis. Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissan, anunciou início da produção de motores 1.0 tricilíndricos em Resende, RJ.
Projeto – Inicialmente os 77 cv moverão o Versa. Logo após, March novo e antigo e, naturalmente, Renaults com opção 1,0-litro: Clio, Logan e Sandero, substituindo atuais unidades Renault. Não há razão econômica para dois motores com a mesma cilindrada na mesma aliança.
Sem graça – Governo Dilma 2, ambicioso no reduzir despesas e aumentar receita, não fará graça ao grande público. Assim, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para os automóveis, encerrado dia 1º, não volta. Por cilindrada, o imposto voltará a ser: até 1.000 cm³, 7% em vez de 3%; de 1.001 a 2.000 cm³, 11% (motor apenas a gasolina, 13%) em vez de 9%.
Ainda – Redução vale a veículos faturados até 31 de dezembro. Como o estoque de fábricas e distribuidoras é de médios 40 dias de produção, benefício existirá até, pelo menos, próximo mês.
Cenário – A redução do IPI foi arma governamental para insuflar venda de veículos — e garantir empregos. Porém o mercado em 2014 exibiu queda, e não recolhimento de impostos. Assim, na dúvida se a medida fomenta vendas ou se é corte adicional à receita, acabou.
Na prática – Deveria continuar. O total de impostos nacionais já é muito alto e nada justifica aumentar a carga tributária ante os maus serviços públicos oferecidos aos contribuintes. O retorno ao patamar anterior significa corrigir preços dos carros 1.000 em 4,5%.
Questão – Decisão delicada. Redução significou não recolher R$ 6,5 bilhões ao caixa do governo desde 2011. Quantos empregos garantiu e a que custo? De outro, quem não usufruiu deixou de ter transporte, saúde, infraestrutura melhores.
Sinal – Discurso de posse presidencial sinalizou o futuro. Foi atrapalhada junção de frases; manteve como meta projetos não cumpridos; por ele a economia andou bem; e na Petrobrás a culpa dos malfeitos é apenas de funcionários e inimigos externos. Aqui tudo foi e vai muito bem.
Já vi – Fez par com a justificativa de Nicolás Maduro, da Venezuela, para a situação catastrófica de seu país: os EUA baixaram o preço do petróleo para prejudicá-la… Culpa por problemas é sempre dos outros. Governantes são sempre dedicados sábios.
Ocasião – Dois de janeiro, primeiro dia pós-posse, na página de editoriais do Correio Braziliense, lido fisicamente nas mesas do Poder, Cledorvino Belini, presidente da Fiat, conseguiu publicar artigo O Brasil depois das eleições.
Recado – Visão prática do empresário de talento reconhecido mundialmente: estratégia de crescimento e sustentação de ciclo de expansão em longo prazo; retomada dos investimentos produtivos focados em inovação e ganhos de produtividade. Consultoria graciosa.
Processo – Ante a queda de vendas, fabricantes vêm dando férias, folgas remuneradas, incentivando demissões com prazo e vantagens. Pós-volta de folga remunerada, Volkswagen quis demitir 800 funcionários — menos vendas significam menor produção e menores insumos e mão de obra. Sindicato não gostou e conduziu greve geral. Parece tiro no pé.
Sonho – Desejo secreto dos fabricantes é de greve. Afinal, a produção é interrompida sem remuneração, cessa a formação de estoque enquanto este escoa. Pode haver enzima política na paralisação: testar o novo presidente da Volkswagen para medir o peso do Sindicato.
Freio – Ministro das Cidades Gilberto Kassab, a quem estão afetos Contran e Denatran, sustou por 90 dias vigor da Resolução obrigando troca de extintores e multa por vencimento ou ausência. Novo equipamento é difícil de ser encontrado.
Ocasião – Boa ocasião de o Ministro avocar os estudos que recomendaram a obrigatoriedade do uso de extintor, para saber quantos incêndios/ano há na frota nacional. Há mais de 20 anos esta utiliza injeção eletrônica e com isto eventual risco de incêndio tornou-se nulo. Obrigatoriedade do uso e troca do extintor é de suspeita insensatez.
Vida real – Não interessa à sociedade, ao contribuinte, mas apenas aos fabricantes de extintores e policiais corruptos. É medida injustificável, merece ser revogada, e a hora é esta. Ministro novo deve mostrar serviço. Bom serviço.
Proximidade – Está perto o carro autônomo, o capaz de autocondução. Audi realizou teste em 900 km com imprensa especializada, levando um A7 ao Consumer Electronics Show, o CES 2015. Motorista será figura decorativa.
Como – Carros autônomos recebem sinais externos, saem, andam, mudam de rota e chegam sem interferência do motorista, presente por imposição legal.
Tre-le-le – Confusão entre a revendedora Caramori Veículos e a representada Jaguar Land Rover em Cuiabá, MS, por cancelamento da concessão. Revenda alega ter sido notificada fora do prazo contratual. Diz, além da impropriedade jurídica, superou em 60% metas ditadas pela concedente, vendendo quase 1.000 veículos em cinco anos; e trabalhará até o final da discussão judicial. JLR quer encerrar em maio.
Produtividade – Raizen, associada da Shell, iniciou produzir álcool celulósico a partir de bagaço de cana de açúcar. Nova fonte amplia volume produzido em até 50%.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars