Presidente Ghosn informou o foco: utilitários esporte, com Duster, o sul-coreano Koleos e o nacional Captur
Título resume aviso de Carlos Ghosn, brasileiro presidente da aliança Renault-Nissan – à qual juntará a Mitsubishi. Veio ao país e fez périplo familiar-executivo-institucional. Na prática, reverência à matriarca; inspeção nas adequações na fábrica Renault em São José dos Pinhais, PR; e ida ao Rio de Janeiro para ser saudado como patrocinador dos Jogos Olímpicos.
Pulando a parte familiar onde o Kibe cru moído duas vezes, alfavaca em lugar da hortelã, temperado com Zatar e Canela, variação local da receita originária do norte do Líbano ocupa lugar de relevo; a obviedade das fugazes reverências pelo importante aporte ao evento mundial, mais importante, ao mercado nacional e compradores, Ghosn informou o foco da Renault: utilitários esporte, com Duster, o sul-coreano Koleos e um lançamento nacional, o Captur. A marca inclui na conta o pequeno hatch Kwid, sucessor do Clio.
Quem é quem
“Com este novo planejamento de produto, esperamos conquistar uma parte significativa do crescente segmento de SUVs, com três modelos de nossa família de SUVs a serem fabricados aqui, no Brasil. Nossa confiança neste mercado está novamente confirmada”, declarou em pequena entrevista. Os utilitários esporte, sempre mal chamados de jipinhos, são a demanda da vez, em grande ascensão nas vendas, e complementarmente ao anúncio, Ghosn desvendou o segredo do Captur: de produção nunca confirmada, vendas em seguida ao Kwid, previsto para início de 2017, mesmo prazo para o Koleos, topo de linha dos SUVs Renault.
Coreano, produto em nova versão, com novo traço de design Renault, o Koleos é feito na fábrica de onde saíam os carros Samsung, como o Fluence. De maior porte, 4,60 m de comprimento, 2,70 m entre eixos, deverá ter motor de 2,5 litros e 175 cv. O Captur tem tamanho próximo ao do Duster, entretanto de projeto, construção e conteúdo nitidamente mais refinados.
Quanto ao Kwid, já descrito pela Coluna, visa superar o Sandero como mais vendido, por sua conformação, pela colocação mercadológica e pelo motor tricilíndrico, visando ser o mais potente da cilindrada (1,0 litro). Em linguagem de balcão, é o fim do período de dacialização e a volta da marca Renault. Há anos a empresa, para se salvar da queda de vendas, optou produzir veículos de menor preço, no caso a linha Dacia. Começou com o Logan, derivou Sandero, Duster e Oroch.
No encontro Ghosn garantiu o fluxo de investimentos e disse inexistir novidades sobre gestão Nissan na Mitsubishi, de quem assumiu o controle ao adquirir 34% das ações. Aguarda auditoria interna e análise de órgãos governamentais sobre a aquisição e concentração.
Sprinter acelera na frente
Para ampliar mercado e usos, empresa fez uma miscela de habilidades e características, chegando a 40 versões. Pode mesclar potência — motor é básico —, rodado posterior simples ou duplo, variando em função das aplicações, número de assentos, seu revestimento, teto alto, portas corrediças em ambos os lados. Novidade a se esperar é a automatização do câmbio, especial necessidade para uso em cidades.
Preços entre R$ 102 mil para chassis curto a R$ 190 mil para van para 20 passageiros, e mudança na assistência técnica: revisões a cada 20 mil quilômetros com mão de obra graciosa.
Toyotas Hilux e SW4 agora Flex
Para abrir o leque de participação de sua marca no mercado de picapes e utilitários esporte, Toyota desenvolveu versão flexível com motor de 2,7 litros, únicas bicombustíveis com transmissão automática de seis marchas. Mais, criou versão especial do SW4, curta em equipamentos, cinco lugares, câmbio mecânico, tração 4×2, para frotistas. Tem 159 cv com gasolina, 163 cv álcool, e torque comum de 25 m.kgf.
Roda a Roda
Horizontalização – Daimler, controladora da marca Mercedes-Benz, anunciou fazer outra fábrica na Hungria, destinando US$ 1 bilhão à empreita. Nova planta adotará sistema flexível, adotado na brasileira de Iracemápolis, permitindo fazer carros com tração dianteira ou traseira.
Elétrico – Produto transporta 26 t, autonomia de 200 km, e solução centenária: motores elétricos nas extremidades dos eixos de tração. Foco alternativo da empresa é a energia elétrica.
Caminho – Por sua marca Fuso, comemora 3ª geração do Canter E-cell, leve, autonomia menor, 100 km. Direcionamento para caminhões urbanos está no fato de 70% da população mundial estar nas cidades, demandando distribuição.
Local – Chegaram à rede de revendedores os Range Rover Evoque montados em instalação da empresa em Itatiaia, RJ. Quatro versões de decoração e conteúdo, motorização 2,0 turbo, 240 cv e transmissão automática ZF com nove marchas. Baixa nacionalização e preço idêntico ao dos modelos importados.
Negócio – Bancos PSA e Santander, aliados na Europa no processo de salvação da fábrica, estendem ação ao mercado brasileiro. Financiarão vendas fábrica a concessionárias Peugeot, Citroën e DS; a clientes; e seguros.
Preferências – Mania de estatística nos EUA chega a duas informações curiosas: mais furtados são Honda Accord e Civic, da década passada — por que alguém surrupia carros com tão baixo valor? Mais multados, os proprietários de Lexus ES 300.
Graça – Nova campanha publicitária da Citroën faz graça ao enfatizar economia, custo de manutenção de R$ 1/dia e apresentar pequena moto quando, na verdade, os atributos se referem ao novo C3 com motor 1,2 PureTech.
Limbo – Viação Itapemirim e outras empresas sob o comando do espírito-santense Camilo Cola entraram com pedido de recuperação judicial em juízo de Vitória, ES. Ex-maior empresa mundial como frota, a Itapemirim perdeu o viço, vem encolhendo e enfrentando problemas.
Limpeza – Ford em campanha de peças e serviços com preços e atrativos promocionais buscando trazer clientes de seminovos à rede revendedora, e de frota com até 10 anos – há tempos cliente de oficinas particulares. Venda de peças originais a preços reduzidos também se aplica às oficinas. Iniciativa parece ligada à mudança na presidência da empresa, em nome de estancar prejuízos.
Pré – GT-R foi pré-apresentado nas festividades dos Jogos Olímpicos. Nova frente, nova grade, 582 cv pelo motor V6 de 3,8 litros, biturbo. Ganho de 20 cv graças a regulagens e temporização da ignição a cada cilindro.
Mais? – Nova área, 90 mil m2, pretende superar número de visitantes cristalizado em torno de 750 mil. Crê-se, oferecer conforto como espaço e ar condicionado sirvam de atrativo maior.
Aditivo – Sem maior atrativo para sua gasolina, ao contrário das concorrentes, Ipiranga aplicou aditivo capaz de reduzir atritos entre peças móveis, em tese permitindo maior durabilidade ao motor. Chama-a DT Clean. Das aditivadas nova química a nivela à Grid Petrobrás. V Power Nitro+ da Shell/Raízen promove limpeza, impede formação de depósitos resultantes da combustão, mas não oferece tal proteção.
Mercado – Raízen, licenciada da marca Shell, amplia presença no Triângulo Mineiro, aumentando a 20 milhões de litros capacidade de tancagem no terminal de Uberlândia. Também criou ponto para distribuir combustível aeronáutico no aeroporto local. Supre omissão. Triângulo é dos maiores entroncamentos de transporte no país e concentra grandes distribuidoras de mercadorias.
Desperdício – Professor Eduardo Hadad, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, teve trabalho lembrado durante reunião do Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, no Ministério das Cidades. Estudo diz, Brasil perde R$ 15,2 bilhões ao ano, quase 3% do PIB, com a morosidade do deslocamento casa/trabalho/casa por trabalhadores na capital paulista.
Fidelizar para ampliar clientela, o plano Toyota
No contrato revendedores se comprometem a adquirir o veículo usado por até 85% do preço da Tabela Fipe para carros usados, e este valor quita a parcela final, com o troco servindo de entrada para o financiamento de modelo 0-Km, fechando o Ciclo Toyota. Pode, também, manter a posse do veículo financiando a prestação em vencimento, ou trocar por versão ou modelo mais caro.
Projeto não é original, mas a variante se diferencia de tentativas realizadas por marcas de veículos de maior preço, e fabricante e distribuidores tem mais chances de implantar o mecanismo comercial. Há, ainda, diferencial positivo, o preço do Etios. Revisto em características, implementado em confortos, como a melhor vedação acústica, de apelo ampliado pela nova versão Platinum.
No Ciclo Toyota, para aplicação dos 85% da tabela Fipe, o veículo deve ser submetido a regras contratuais, como fazer todas as revisões na rede autorizada, e ter rodado, no máximo, 15 mil km/ano. Interessado: www.toyota.com.br.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars