Chineses aproveitam bom momento para lançar seu SUV, que
oferece espaço de IX35 e Sportage a preço de Ecosport intermediário
Outra definição permeando diariamente para os veículos é a informatização e, hábito necessário, o uso de programas como o Waze para fugir do trânsito, através de caminhos sugeridos pela tela do celular. E aí outro problema: segurar com uma mão e conduzir com a outra? Deixá-lo sobre o painel? No colo? No console? No banco do passageiro — com ou sem este? Colocar suporte colado ao para-brisa?
Dentre as novidades, o T6 resolve o problema de maneira limpa e segura: pela tecnologia Mirror Link, o efeito espelho para a tela do celular, conexão a projeta nas sete polegadas da tela do T6. Como se trata de veículo oriental, onde a tecnologia Android esmaga a da Apple, todas as funções do celular são realizadas pela tela do veículo. A Apple e seu sistema IOS apenas a aumenta: os comandos permanecem no smartphone. É o grande adjutório para estes dias de transformação dos veículos em celulares com quatro rodas.
Com 4,4 metros de comprimento, 2,64 m entre eixos — mesma distância de IX35 e Sportage —, na prática oferece ótimo espaço para cinco passageiros e bagagem. Motor de 2,0 litros, 16 válvulas, com variador de abertura, 155 cv com gasálcool e 160 cv com álcool, 20 m.kgf de torque. Câmbio manual preciso nas marchas — sem opção automática —, 1.550 kg, suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas, direção elétrica. Suspensão é macia, seguindo o mercado chinês.
Exige prestar atenção para tê-lo sempre acima de 2.500 rpm e concentrado em andar confortavelmente. Abaixo deste regime, cai a disposição. Interior evoluído em encaixes e materiais agradáveis ao toque relativamente aos modelos anteriores. Os chineses evoluem. O conjunto parece ideal a automóvel. O uso fora de estrada demandaria ou mais torque em baixas rotações ou a primeira marcha mais reduzida. Vai de 0 a 100 km/h em 12 segundos e a 182 km/h.
Por conteúdo, preço, e a diferença com o Mirror Link, deve ser considerado.
Agrale Marruá, o Hummer daqui
O Marruá é evolução do antigo jipe Engesa, criado nos anos 80 e inviabilizado com a falência da empresa. Na virada do século a Agrale, fábrica de motores estacionários, tratores, ônibus, caminhões — e, no passado, motocicletas —, assumiu o projeto para completar o leque de produtos e mudou o foco, saindo do público civil e evitando a discussão de, pelo fato de não possuir caixa redutora, não se enquadrar nas exigências legais para o uso de motor a diesel. Tinha, apenas, a primeira marcha muito reduzida.
Mirou então nas Forças Armadas, comprador à prova de questionamentos sobre a inadequação. Conseguiu ajustá-lo às exigências militares e, aprovado, passou a fornecê-lo para substituir a frota antiga de Jeep Willys, Engesa, JPX, Land Rover e Toyota Bandeirantes. O aval de Exército e Marinha foi fundamental para abrir novo caminho, o das de exportações, liderado pela Argentina, seguido por Paraguai e Equador.
A motorização é Cummins de 2,8 litros, 150 cv e 36 m.kgf — motor para trabalho duro, perfil diferente dos utilizados atualmente em picapes, com mais apreço pela velocidade. Enquanto estes assinalam velocidade final na faixa dos 170/180 km/h, o Marruá fica nos 130 km/h.
Foto: Cintia Rodrigues
Chery começa com dificuldades
Sem trocadilho com o produto, a chinesa Chery foi célere para fazer fábrica e lançar o Celer, compacto com motor 1,5-litro em carrocerias hatch e sedã. Espécie de segunda edição do modelo já comercializado no Brasil, ganhou alterações para marcar o ciclo final: mudou frente e grupo óptico, alterou painel de instrumentos e console. Tentando mostrar-se pareado a produtos de porte, preço e conteúdo superiores, aplicou leds às lanternas traseiras.
Tropeços
A fábrica da Chery encontra duas dificuldades. Uma, política — a escolha do local, cidade de Jacareí, a 70 km de São Paulo, na Via Dutra. Sindicato de metalúrgicos da região é bom em greves e movimentos, atividade que, se por um lado obtém conquistas aos filiados, por outro força diminuir a atividade industrial, forçando demissões. A General Motors, ex-grande empregadora na vizinha São José dos Campos, míngua a produção e por conta do mau relacionamento, para evitar pane em suas linhas de produção, transferiu fábrica de motores e transmissões para Santa Catarina. Também, de desinteresse ao país, cancelou o Projeto Phoenix, de novo produto de entrada, levando-o para a Argentina.
Outro óbice é temporal: o dimensionamento da fábrica, projetada para 150 mil unidades anuais, de impossível absorção pelo mercado comprador neste e nos próximos anos. Previsão de vendas em 2015 é de 10 mil veículos. A ociosidade provoca, como a Coluna expôs a seus leitores, estudos e analises quanto à possibilidade de fazer montagem de veículos para a igualmente chinesa Lifan, para reduzir ociosidade.
Corridas mantêm a estrela brilhando
Promover as corridas, fornecendo os automóveis e a estrutura organizacional, integra o grande projeto da marca em conquistar clientes mais novos para os modelos de entrada, Classes A e C. A Mercedes fornece os sedãs C250 e CLA. Os primeiros passam por reacertos de freios, direção e suspensão, além de estilo inspirado na aerodinâmica do superesportivo AMG C63. O motor está limitado a produzir 220 cv. Já os CLA, ditos Racing Series, estão em nível superior de desenvolvimento, com motor de 360 cv e tração nas quatro rodas para aproveitar integralmente tal disposição.
A marca Mercedes começou com corridas. Nome batizou pequena e revolucionária série de automóvel encomendada pelo distribuidor da Daimler na França.
Roda a Roda
Mais – Após absorver a Chrysler, a agora FCA busca outro parceiro. Visa marca asiática, focando Honda, Hyundai, Mazda e Suzuki. Esta, com seus três milhões de vendas anuais e presença na Índia, é a mais cotada.
Sucessão – Abalo na natural ascensão de Martin Winterkorn, CEO da VW mundial, a presidente do Conselho Diretor. Ferdinand Piech, detentor do cargo, acionista e herdeiro da família Porsche, declarou que não gostaria de vê-lo como sucessor. Contrato de Winterkorn finda em 2016, e o de Piech em 2017.
Movimento – Projeto ascendente de assumir liderança mundial; dificuldades com o mercado norte-americano; de aumentar a lucratividade percentual; e risco de queda em seu valor devem provocar acordo de convívio, e posto pode cair no colo do presidente da Porsche, também acionista e primo de Piech.
Opção – Com projeto aprovado, mas detido por não liberação de empréstimo pelo Desenbahia, banco de desenvolvimento estadual, JAC analisa deixar a Bahia por outro estado. CE, PE, GO, MG, RJ, SP e os sulinos na listagem.
Questão – PT/RS conseguiu perder a fábrica Ford para a Bahia de Antônio Carlos Magalhães, ágil para viabilizar negócio e legislação. Agora PT/BA arrisca-se a formar tradição.
Dúvida – Próxima semana, reunião na China entre a Geely e a representação brasileira comandada pelo Grupo Gandini. Chineses querem fazer fábrica local.
Começo – Jeep colocou emblema nos seus primeiros 1.000 veículos vendidos na primeira semana pós o emblemático 4 de abril, o 4/4. Diz ser a Opening Edition. Começou com grife.
Tropeço – Veículo para marcar sua retomada de mercado, o bem composto e equipado Peugeot 2008 tropeça em bobagem: não tem os engates Isofix para cadeirinhas de crianças, mandatório ao nível de seus consumidores.
Custo – Em breve os terá. Hyundai, por economia, fez o mesmo com o HB20. Porém, quando testes de impacto pelo Latin NCap, instituto aferidor de danos em passageiros, reprovou o veículo pelas consequências às crianças, aplicou o equipamento e suportou desgaste institucional e custos para novo teste.
Profissional – Mania mundial do Food Truck chegou à Peugeot. Empregou sua base histórica de produtor de equipamentos de cozinha e criou o Bistrô do Leão. Veículo e reboque se desdobram e permitem atender a até 30 clientes. Tem, ainda, o suporte da plataforma Peugeot Music com rádio web e playlists. Protótipo francês, inspirará criatividade nacional.
Caminho – Parte física da nova fábrica Honda em Itirapina, SP, ficou pronta. Agora inicia-se a fixação dos equipamentos industriais. Marca intenta dobrar capacidade de produção a 240 mil unidades, mesclando Civic, Fit, City e HR-V.
Momento – Visto o movimento do mercado no primeiro trimestre em relação ao de 2014, vendas de veículos novos retraiu em torno de 20%, porém a dos usados reagiu, ascendendo em 2,6%. Vender usado está mais fácil que novo.
Cinema – A incrível vida de Enzo Ferrari, fundador da famosa marca, virará filme. Associado, ator Robert De Niro fará o papel do Drake — apelido refere-se ao determinado Francis Drake, corsário da Rainha da Inglaterra. Focará o principal trecho de sua vida, de 1945 aos anos 80. Clint Eastwood pode dirigir.
Mudança – Em motos, nacional Dafra e italiana MV Agusta revisaram negócios. A MV se assume como marca, com sede e distribuição própria a partir de São Paulo, e comprará à Dafra serviços de montagem. Sem sinais se a Mercedes, dona de 25% da MV, abrirá sua rede concessionária à distribuição.
Produto – MAN Latin America fez novo caminhão, mais potente de sua linha, o TGX 29.480 6×4, cabine em teto baixo — 1,66 m de altura — e 480 cv. Teto alto, 1,94 m, é opção. Investiu para o produto alemão suportar as exigências da desorganização dos países em desenvolvimento.
Recorde – Equipe Mercedes marcou tempo recorde para troca de pneus no carro de Lewis Hamilton no GP de Xangai: inacreditável 1,83 segundo.
Gente – Cláudio Carsughi, 82, engenheiro e jornalista, surpreso. Após quase 60 anos na radio Jovem Pan, foi demitido. Exemplo de retidão e competência pessoal e profissional, saída empobrece o veículo e surpreende o mercado.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars