16ª. Eleição dos Melhores Carros: fatos e curiosidades

Divulgados os resultados, a mais consagrada votação do
gênero na internet permite algumas interessantes conclusões

 

Quais os carros preferidos pelos brasileiros em cada categoria? Que modelos fora de produção tiveram maior destaque durante sua permanência no mercado? Com que automóveis sonham os internautas que frequentam o Best Cars?

Foi para buscar respostas a essas questões que o site lançou em 1998 a Eleição dos Melhores Carros,  que agora tem publicados os resultados de sua décima sexta edição. Foram 29.413 votos válidos registrados entre novembro e dezembro com as escolhas dos leitores em 30 categorias, das quais cinco são dedicadas a modelos fora de linha.

Tenho certeza de que o caro leitor vai devorar as várias páginas de resultados e análises, que incluem as colocações dos modelos no ano anterior, os vencedores em cada edição do evento e os votos da equipe do site, mas gostaria de apontar alguns fatos e curiosidades.

 

Os vencedores da Eleição nem sempre coincidem com os modelos mais vendidos de cada categoria, fenômeno que tem suas razões

 

A primeira é que temos hoje um mercado bastante movimentado, com frequência de lançamentos e renovações que torna muito dinâmica a preferência do público. A 16ª. Eleição evidenciou esse dinamismo pela vitória de nove modelos que competiram pela primeira vez ou que passaram por modificações relevantes no último ano: Chevrolet Onix e Ford Fiesta entre os hatches pequenos, Volkswagen Golf e Mercedes-Benz Classe A entre os hatches médios, Ford Focus entre os sedãs médios, Ford Fusion entre os sedãs grandes, Audi Q5 entre os utilitários esporte, Fiat Strada entre as picapes pequenas e Porsche Boxster/Cayman entre os carros esporte.

Outra constatação: os vencedores da Eleição nem sempre coincidem com os modelos mais vendidos de cada categoria. Esse fator havia chamado atenção já em edições anteriores, como na classe de picapes leves, em que a Strada não vencia desde 2010 apesar de ser líder inconteste no mercado. Como explicar?

Uma razão é que o veículo preferido — por atributos como tecnologia, estilo ou prestigio da marca — pode ser mais caro ou ter outras limitações, como uma rede de concessionarias restrita, o que leva grande parcela do público a preferir um concorrente na hora da compra. É preciso considerar também a influência das vendas diretas (para frotas, como empresas e locadoras) nos índices de mercado, um tipo de aquisição com parâmetros, em geral, bem diversos dos seguidos pelo consumidor comum ou dos considerados pelo eleitor.

Mais um aspecto que chama a atenção é a regularidade com que os carros são votados. Embora o público varie a cada edição (há novos leitores no site, como existe quem deixe de participar), de maneira geral as posições oscilam pouco de um ano para outro, salvo quando um importante lançamento muda as regras do jogo, como destacado três parágrafos acima. Como se espera, as maiores variações ocorrem na categoria O Carro dos Meus Sonhos,  a única com votação sem candidatos definidos — basta que o modelo esteja em produção.

Tal regularidade foi notada também nas categorias de carros fora de linha, que repetiram os vencedores do ano passado — edição que, por sua vez, havia trazido as inéditas vitórias do Ford Maverick e do Honda Civic, os primeiros ganhadores dessas categorias não fabricados pela General Motors.

 

 

Mais sedãs, mais utilitários

Atendendo a pedidos, na 16ª. Eleição reformulamos as categorias de utilitários esporte, que passaram de quatro para seis e agora consideram tanto o porte do veículo quanto sua faixa de preço. Os resultados são interessantes, pois alguns vencedores são os mesmos de anos anteriores, enquanto outro — o Ford EcoSport — obteve seu primeiro título ao não mais concorrer com carros maiores e mais sofisticados. Outra novidade foi a separação da categoria de sedãs pequenos em duas classes, conforme a faixa de preços.

Ambas as mudanças refletiram tendências do mercado observadas nos últimos anos. É fato — ainda que não agrade a muitos, este editor inclusive — que os utilitários esporte hoje substituem sedãs, peruas e minivans no transporte das famílias ou, no segmento dos compactos, surgem como alternativas aos hatches como carro pessoal. O efeito dessa aceitação foi a multiplicação de opções, que justificou sua divisão entre seis classes — eram apenas duas na eleição de 2003.

É curioso que, mesmo com tal segmentação, ainda haja variação considerável de preços em cada categoria. Caso do Range Rover Evoque, bem mais caro que os oponentes da Classe 2 de SUVs compactos: não seria o caso de deslocá-lo para o segmento de médios, nem seria viável abrir uma Classe 3 sem número adequado de candidatos. Para situações como essa o site recomenda aos eleitores ter em mente a relação custo-benefício.

 

O modelo com maior participação nos votos em sua categoria foi o Ford Fusion, seguido bem de perto pelo Range Rover Evoque

 

Quanto aos sedãs pequenos, são um tipo de automóvel que faz especial sucesso em países emergentes como o Brasil, ao oferecer espaço de bagagem comparável — quando não superior — ao de modelos médios e grandes sem grande aumento de preço, consumo de combustível ou custo de manutenção em relação a um hatch pequeno. Se na primeira eleição esse segmento representava uma fatia inexpressiva do mercado, hoje tem grande relevância e conta com projetos exclusivos (que só existem como sedãs, caso do Chevrolet Cobalt) ou com grandes alterações em relação ao hatch da linha.

De resto, para quem gosta de números, algumas curiosidades:

• O modelo com maior participação nos votos foi o Ford Fusion entre os sedãs grandes, com 54,8%, seguido bem de perto pelo Range Rover Evoque em sua classe (54%). Na sequência vêm Fiat Strada (49,1%) e Audi A1 (46,6%). Claro que é mais fácil obter tal representação nessas duas últimas categorias, com quatro concorrentes em cada, ante 14 candidatos na classe dos grandes.

• Na outra ponta, os campeões de rejeição — os veículos menos votados das 29 primeiras categorias — foram quatro chineses: Chery Face, S18 (ambos em hatches pequenos, Classe 1) e Cielo (Classe 2) e o MG6 (sedã grande), cada um com apenas 0,1% dos votos. Isso significa entre um e 44 votos, pois consideramos que não seria adequado indicar 0% em modelos escolhidos por ao menos um eleitor. Não se considera aqui a categoria O Carro dos Meus Sonhos,  com sua grande distribuição de votos: para dar uma ideia, 17,1% dos eleitores escolheram um modelo que não ficou entre os 20 mais votados.

• A vitória mais folgada foi também a do Fusion, com impressionantes 44,6 pontos percentuais a mais que o VW Passat entre os sedãs grandes. A VW perdeu outra entre os SUVs compactos Classe 2, na qual o Evoque colocou 37,5 pontos sobre seu Tiguan — mas respondeu entre os sedãs pequenos Classe 1 com o Voyage, 31,9 pontos à frente do Toyota Etios. Na faixa acima à desses sedãs, o novo Ford Fiesta obteve 30,4 pontos a mais que o Hyundai HB20 S.

• Por outro lado, entre os SUVs médios Classe 2 viu-se a disputa mais acirrada, com o Audi Q5 apenas 0,7 ponto percentual adiante do Volvo XC60. Outras vitórias apertadas: Chevrolet Opala sobre Monza nos carros dos anos 80 (2,3 pontos), Chevrolet Onix sobre VW Gol entre os hatches pequenos Classe 1 (2,7 pontos) e Jaguar XF sobre BMW Série 5 nos sedãs grandes de luxo (4,4 pontos).

• E qual o maior vencedor da história da Eleição? São dois: o Porsche 911, que venceu em Sonhos  todas as 16 vezes, e o Opala, com mesmo número de vitórias entre a categoria única para carros fora de produção (até 2006) e a classe das décadas de 1950 e 1960 (iniciada em 2007). Seguem-se o BMW Série 3, com 11 vitórias em sedã médio de luxo, e outros dois modelos que faturaram todas as vezes desde a abertura de suas categorias: Porsche Cayenne entre os SUVs de topo e Chevrolet Omega nos anos 90, cada um com oito títulos.

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