A geração atual da picape cativa pela potência e a robustez,
mas tem aceitação modesta diante das principais concorrentes
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Em 2012 completaram-se 10 anos de fabricação da Nissan Frontier no Brasil. Importada desde 1998, a primeira geração da picape não foi um sucesso de público, tornando-se hoje uma figura rara em nossas ruas. Em junho de 2002 o modelo, com uma reestilização, passou a ser fabricado em São José dos Pinhais, PR. Essa série fez mais sucesso e a Nissan lançou diversas séries especiais, mas ainda assim a Frontier não conseguiu se equiparar em vendas a Toyota Hilux, Mitsubishi L200, Ford Ranger ou Chevrolet S10.
Em dezembro de 2006, enquanto a primeira geração nacional da Frontier ainda era fabricada, a Nissan importou da Espanha 200 unidades da Navara, que por aqui recebeu o nome de Frontier Limited Edition. Oferecida como opção mais moderna e sofisticada, a picape era cerca de 30% mais cara que a nacional e antecipava sua geração seguinte. Vinha equipada com bancos dianteiros com aquecimento e revestimento de couro, ar-condicionado automático de duas zonas, bolsas infláveis frontais, laterais e de cortina, controlador de velocidade, limpador de para-brisas automático, rodas de alumínio de 17 pol, diferencial autobloqueante e freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de frenagem (EBD). O motor 2,5-litros turbodiesel, com potência de 174 cv, vinha associado a uma tração integral com acionamento elétrico.
Quase um ano depois, em novembro de 2007, a nova geração da Frontier passava a ser importada em caráter permanente, dessa vez da Tailândia. Repetia o estilo da série especial espanhola, mas perdia 2 cv (passou a 172 cv) e era oferecida apenas na versão SEL, que contava com os mesmos equipamentos da Limited Edition. Seu único opcional era o câmbio automático de cinco marchas (o manual tinha seis). Enquanto a Frontier SEL vinha da Ásia, a nacional tinha as versões de topo descontinuadas, mas ainda era oferecida como opção de entrada.
A versão XE era a mais simples na geração lançada para 2009; rodas de alumínio
vinham de série, mas não freios ABS, bolsas infláveis ou ar-condicionado
A substituição definitiva da Frontier brasileira pela nova só se deu em agosto de 2008, já como modelo 2009, quando ela passou a ser fabricada aqui. Havia agora três opções de versões: a mais simples, XE, trazia rodas de alumínio, travas e retrovisores com controle elétrico e imobilizador do motor. Eram opcionais ar-condicionado, ABS, bolsas infláveis frontais e controle elétrico dos vidros. O visual era diferente das demais versões pela grade pintada na cor do veículo (no lugar do cromado) e pelo para-choque traseiro na cor preta.
A linha 2013 chegou cedo, mas a pressa tinha um bom motivo: a linha passava a contar com motores a diesel atualizados, com aumento de potência de até 32%
A versão intermediária, a SE, era basicamente uma XE equipada com todos os opcionais citados mais rádio com entrada para toca-MP3, alarme e para-choque traseiro cromado, não tendo opções disponíveis. Ambas vinham equipadas com um motor turbodiesel de quatro cilindros, 2,5 litros e quatro válvulas por cilindro, com potência de 144 cv, e podiam ter tração 4×4 opcional, mas o câmbio era sempre manual de seis marchas.
O topo da linha ficava com a Frontier LE, disponível apenas com tração 4×4 e basicamente o mesmo pacote da SEL importada. Tinha grade, retrovisores e para-choque traseiro cromados, faróis de neblina, estribos e barras no teto. Outros equipamentos de série eram bolsas infláveis frontais, vidros, travas e retrovisores elétricos, sistema de áudio, controlador de velocidade e alarme. Os opcionais incluíam revestimento dos bancos, volante e alavanca do câmbio de couro, faróis de xenônio, disqueteira para seis CDs, retrovisor interno fotocrômico com bússola digital e sistema de amarração de carga com trilhos nas laterais internas da caçamba e pontos de fixação deslizantes.
Os opcionais da XE vinham de série na SE (fotos), dotada do mesmo motor
turbodiesel de 2,5 litros e 144 cv, com opção entre trações traseira e 4×4
Também era exclusivo da versão LE o motor, de mesmas cilindrada e concepção, mas com diferenças de calibração, pressão do turbo e refrigeração da turbina com óleo e água, que lhe permitiam obter 172 cv e torque superior. O câmbio de série era o manual de seis marchas, que podia ser substituído pelo automático de cinco.
A linha se manteve sem grandes novidades até novembro de 2010, com a chegada no modelo 2011 da série especial Strike, de mesmo nome de uma versão da geração anterior. O motor e o câmbio eram os mesmos de XE e SE, podendo contar com tração 4×2 ou 4×4. A edição oferecia estribos, barras no teto, protetor de caçamba, rádio/toca-CDs com MP3, ar-condicionado, conjunto elétrico, bolsas infláveis frontais, ABS e EBD, alarme e um adesivo que tomava a porção inferior das portas.
Já em maio de 2011 era apresentada a linha 2012 da Frontier. O interior recebia novo revestimento em tom mais escuro e a porção inferior frontal passou a contar com uma chapa de proteção em aço; a versão XE ganhava vidros elétricos de série. Em agosto de 2011, mais uma série da primeira geração nacional era reeditada: a Frontier Attack, que podia ser configurada na versão SE ou na LE, podendo a SE ter tração 4×2 ou 4×4 e a LE apenas tração 4×4.
Na Frontier LE, tração 4×4 era padrão e o motor tinha mais potência, 172 cv;
bancos de couro vinham de série e havia opção de câmbio automático
Entre os itens que diferenciavam a Attack estavam as rodas mais escuras, faróis com máscara negra, pneus do tipo 50% asfalto e 50% fora de estrada com inscrições em branco, adesivos nas barras de teto e nas laterais da caçamba e para-choque traseiro preto ou cromado. Por dentro, o console central era prata, os bancos contavam com tecido em duas cores e o volante e a manopla do câmbio receberam couro.
A LE Attack contava ainda com rádio/toca-CDs com MP3, capaz de controlar as principais funções de um Ipod pelos botões do sistema de áudio e do volante. Também estavam disponíveis bancos de couro e tela colorida de 4,3 pol no painel. Outras diferenças vinham na motorização, pois a LE tinha o motor mais potente, mas apenas com câmbio automático. No mesmo período a Nissan introduzia dois pacotes para a linha 2012: o Premium (apenas para a versão LE) trazia o sistema de áudio da LE Attack; o Segurança (para a XE) vinha com bolsas infláveis frontais.
Ainda mais antecipada que a linha 2012 da Frontier foi a 2013, já em fevereiro de 2012. A pressa tinha um bom motivo: a linha passava a contar com motores atualizados, com aumento de potência de até 32%. O mais forte passou a desenvolver 190 cv e agora equipava qualquer versão com tração 4×4 e a LE 4×2. O motor mais fraco ficou reservado apenas para picapes XE e SE com tração traseira, fornecendo agora 163 cv. Em que pese o aumento de potência, os motores ficaram mais econômicos e menos poluentes, segundo as normas do Proconve L6. E a Frontier XE passou a contar, de série, com bolsas infláveis frontais, ABS e EBD.
Próxima parte |
Pneus especiais e rodas escuras estavam entre os diferenciais da edição
especial Attack 2012, oferecida sobre as versões SE e LE, esta só 4×4
Por fim, em novembro de 2012, a Nissan lançava a série especial 10 Anos, comemorativa do início da fabricação da picape no Brasil. As duas versões, SV e SL Attack, receberam novo para-choque dianteiro, faróis de neblina e grade frontal. Na SV vinham rodas de 16 pol, novo volante, novo painel e bancos de couro; a SL trazia rodas de 18 pol e controle eletrônico de estabilidade, além do motor de 190 cv (disponível para a SV 4×4).
“Robusta, bonita e confortável”
A robustez, o estilo e a relação custo-benefício da Frontier são os pontos de destaque entre seus proprietários, como indicou a participação dos leitores do Best Cars no Teste do Leitor.
“O motor, o câmbio automático com cinco marchas, a estabilidade (que é muito melhor que a da Hilux), o espaço interno, o consumo (média de 12 km/l andando até 100 km/h) e o acabamento são impecáveis. Recomendo a todos que queiram comprar uma picape robusta, bonita e muito confortável. É excelente em todos os aspectos. Apresenta um excelente custo-benefício. O valor do seguro é baixo, levando em consideração o preço do veículo e o preço das peças, que são muito menores que os da Mitsubishi”, relata Rogério Matreus de Moraes, de Presidente Prudente, SP, dono de uma Frontier SEL automática 2008.
Todas as versões ganhavam potência no modelo 2013, que chegava a 190 cv no
caso da LE (nas fotos a Attack); bolsas infláveis e ABS vinham também na XE
“O desenho do carro é realmente muito bonito. O motor eletrônico é ótimo e o consumo não é fantástico, mas aceitável para um veiculo com seu porte. Recomendo, a nova Frontier é magnífica. O valor dela não é alto depois que você sai para dar uma volta”, convida Lucas do Prado Palmiro, de São Paulo, SP, dono de uma SEL manual 2008.
“A nova Frontier é magnífica. O valor dela não é alto depois que você sai para dar uma volta”, convida Lucas do Prado Palmiro, dono de uma versão SEL 2008
Márcio Veiga, de Florianópolis, SC, tem uma Frontier XE manual 4×4 2010 e também destaca os pontos positivos: “Achei o melhor custo-benefício. Das que fiz o teste, achei a mais silenciosa, a sexta marcha ajuda muito. O espaço na caçamba também é bom. A tampa traseira aberta aguenta uma moto Suzuki Bandit 1200N sem qualquer problema, mas quando carrego a moto adapto a placa na tampa aberta. É confortável e espaçosa. Meu irmão já foi do Rio Grande do Sul até o norte do Mato Grosso do Sul (Coxim, 1.600 km) em um dia. Anda bem e é relativamente econômica (faz 10 km/l, andando bem)”.
Apesar dessas qualidades, há aqueles que não estão tão satisfeitos assim. Lauro Cézzar, de Cuiabá, MT, tem pontos negativos a destacar: “Ficou a desejar um melhor acabamento, pois ficou cheia de plásticos que, com o tempo, ficam com folgas. A Nissan não aprende a cativar os clientes, praticando preços absurdos para as peças de reposição, deixando a manutenção muito cara”. Ele tem uma Frontier SE manual 2009. “Painel muito rústico, falta de itens básicos como protetor de caçamba e rádio, acabamento em plásticos do interior risca muito fácil (são frágeis, apesar de duros) e câmbio com relações muito curtas, exigindo muitas trocas de marcha”, relata Vanderly Castro, que roda por Maringá, PR, a bordo de uma XE 4×2 manual 2010.
A série especial 10 Anos comemorava o aniversário da fabricação brasileira;
no caso da SL Attack, vinha com controle de estabilidade e rodas de 18 pol
O já citado Márcio Veiga também tem pontos negativos a destacar: “Os pneus originais de fábrica não aguentam estrada de chão. Com 30.000 km já acabei com dois pneus. O detalhe é que rodo em estrada de chão, quando muito uma vez por mês, sem carga e sem correr muito nessa estrada. Também inexplicável é uma picape não vir com protetor de cárter. As peças são MUITO caras. Um dos para-lamas custou R$ 1.800 somente a peça”.
Entre os defeitos apresentados estão o desprendimento de parte dos plásticos do acabamento interno, presença de fumaça preta (indicação de má regulagem do motor) mesmo em veículos com baixa quilometragem e a facilidade com que o filtro de combustível fica saturado de resíduos, o que prejudica o funcionamento do motor e, em alguns casos, o faz parar. Deve-se fazer uma sangria no sistema de alimentação, o que consta nos procedimentos de manutenção de rotina. Houve também uma convocação para substituir o motor de partida.
O índice de satisfação dos donos de Frontier está bem inserido na categoria. Com 63,6% de donos muito satisfeitos no Teste do Leitor, ela fica bem atrás dos 83% da Toyota Hilux, mas muito acima dos 38,5% da Mitsubishi L200 Triton. Já a rede de concessionárias Nissan merece a mesma aprovação de apenas 45,5% dos donos, ante 69% da avaliação da rede Toyota e lamentáveis 15,4% das autorizadas Mitsubishi. Os Guias de Compra de Chevrolet S10 e Ford Ranger foram publicados há mais de sete anos, o que impede uma comparação adequada.
A Frontier tem suas qualidades, mas ainda não foi com as melhorias no motor, feitas em 2012, que a picape se consolidou no mercado. No acumulado do ano, a Nissan ficou em quinto lugar no ranking de vendas da Fenabrave de picapes médias. A primeira colocada foi a S10. Atrás da Frontier vieram apenas a Ranger (ainda da geração antiga) e a Ssangyong Actyon Sports.
Veja opiniões de proprietários | Opine sobre seu carro |
Custos de manutenção
Concessionária | Mercado paralelo | |
Disco de freio (par) | R$ 760 | R$ 320 |
Pastilhas de freio dianteiras (par) | R$ 460 | R$ 65 |
Amortecedores (jogo de 4) | R$ 1.000 | R$ 1.165 |
Pneus (Bridgestone Dueller H/T 840, 255/70 R 16, cada) | R$ 635 | |
Para-lama dianteiro (cada) | R$ 1.300 | R$ 230 |
Para-choque dianteiro | R$ 800 | R$ 650 |
Farol (cada) | R$ 530 | R$ 290 |
Mão de obra (hora) | R$ 210 | – |
Preços médios para Frontier SE 4×4 2011 obtidos pelo Sistema Audatex (concessionária) e lojas de autopeças, em pesquisa em fev/13; não envolvem instalação e pintura quando cabível |
Cotações de seguro
Custo médio | Franquia média | |
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Perfil de alto risco | R$ 23.210 | R$ 4.935 |
Perfil de médio risco | R$ 6.275 | R$ 4.935 |
Perfil de baixo risco | R$ 3.240 | R$ 4.935 |
Custos médios obtidos em pesquisa da Depto Corretora de Seguros em fev/13; conheça os perfis |
Satisfação dos proprietários
Com o carro | Com as concessionárias | |
Muito satisfeitos | 63,6% | 45,5% |
Parcialmente satisfeitos | 36,4% | 54,5% |
Insatisfeitos | 0% | 0% |
Não utilizam | – | 0% |
Estatística obtida no Teste do Leitor com 11 proprietários até fev/13 |
Compare as versões
Versão | Faixa de preço | Anos-modelo disponíveis |
Frontier SEL 4×4 (importada) | R$ 60.060 | 2007 |
Frontier XE 4×2 | R$ 64.915 a R$ 79.955 | 2009 a 2013 |
Frontier SE/SE Strike 4×2 | R$ 67.030 a R$ 83.820 | 2009 e 2012 |
Frontier SV Attack 4×2 | R$ 85.555 | 2013 |
Frontier SE Attack 4×2 | R$ 79.225 a R$ 85.745 | 2012 e 2013 |
Frontier XE 4×4 | R$ 67.180 a R$ 87.200 | 2009 a 2013 |
Frontier SE/SE Strike 4×4 | R$ 74.670 a R$ 89.330 | 2009 e 2012 |
Frontier SV Attack 4×4 | R$ 94.600 | 2013 |
Frontier SE Attack 4×4 | R$ 89.890 a R$ 94.710 | 2012 e 2013 |
Frontier LE 4×4 manual | R$ 75.605 a R$ 102.165 | 2009 a 2013 |
Frontier LE 4×4 automática | R$ 79.570 a R$ 108.160 | 2009 a 2013 |
Frontier LE Attack 4×4 automática | R$ 102.135 a R$ 109.005 | 2012 e 2013 |
Frontier SL 4×4 automática | R$ 110.310 | 2013 |
Preços fornecidos pela FIPE e válidos para fev/13 | ||
Versão | Combustível | Potência | Torque |
Motor 2,5, tração 4×2 (até 2012) | Diesel | 144 cv | 36,3 m.kgf |
Motor 2,5, tração 4×2 (desde 2013) | Diesel | 163 cv | 41,1 m.kgf |
Motor 2,5, tração 4×4 (até 2012) | Diesel | 172 cv | 41,1 m.kgf |
Motor 2,5, tração 4×4 (desde 2013) | Diesel | 190 cv | 45,8 m.kgf |
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis |