Molibdênio no lubrificante: o desgaste e o consumo

Trabalhei anos com impressoras de alta velocidade. O molibdênio em forma de pó é excelente para reduzir ou eliminar atritos em engrenagens. Juntávamos ao óleo lubrificante a cada milhão de impressos (horas). A redução do gasto de energia elétrica era notória, por volta de 5 a 12%. Existe a venda o molibdênio para o motor do automóvel. Funcionará tão bem quanto nas impressoras?

Lamark dos Reis – Pradópolis, SP

 

 

Interessante sua experiência no meio das impressoras. Jamais imaginaríamos uma redução tão grande de consumo elétrico ao usar o molibdênio em forma de pó: os fabricantes de automóveis fazem festa quando se consegue uma redução de consumo de combustível de 0,5%.

PistaoNa área de desenvolvimento de motores, porém, não se recomenda qualquer aditivo para o óleo lubrificante do motor. Há no mercado inúmeros aditivos — como o molibdênio em pó —, alguns com promessa de ganhos milagrosos. É comum fabricantes desses aditivos testarem seus produtos por meio dos fabricantes de automóveis e motores — em geral são contratados para certos testes, uma vez que são o único lugar com estrutura de equipamentos e laboratórios para conduzi-los com seriedade. Sempre que soubemos desses testes de aditivos, não se teve nenhum ganho prometido, como economia de combustível.

Vale lembrar que tanto os fabricantes de motores como os de óleos gastam por ano centenas de milhões de dólares para tentar aumentar a eficiência do motor. Entre as medidas para isso estão as reduções de atritos e da energia necessária para bombear o óleo pelo motor. Além disso, a composição do lubrificante — os dos aditivos já empregados nele — é secreta, a ponto de nem mesmo o engenheiro de lubrificação do fabricante de motores conhecê-la. Resta-lhe exigir certas características que o óleo tem de atender.

Por exemplo, se durante o teste de um novo óleo o engenheiro percebe que há mais atrito (pelo torque necessário para o dinamômetro girar o motor), ou após o teste detecta mais metal presente no óleo (indicação de maior desgaste interno do motor) ou mesmo formação de borra, ele pode concluir que aquele óleo é pior que o de referência. Com esses dados, o fabricante do óleo usará suas “fórmulas secretas” para melhorar certa características requisitadas pelo fabricante do motor. Quem sabe o próprio óleo não tenha um porcentual de molibdênio, sem que saibamos disso?

A redução de atrito ou energia de bombeamento é perseguida todo o tempo pelos fabricantes de motores e óleos. Uma das frentes para reduzir atrito é diminuir a área de contato entre o pistão e o bloco. Nota-se também a redução na viscosidade do óleo recomendado pelo fabricante em comparação a décadas passadas, como passar de 20W50 para 5W30. Óleo menos viscoso significa menos energia de bombeamento. Para conseguir esta redução com um óleo mais fino, contudo, há um extenso trabalho nas folgas internas dos motores.

Nossa recomendação parece praxe, mas tem um embasamento: não usar qualquer aditivo no óleo e manter o lubrificante recomendado pelo fabricante do motor (não do óleo, como somos tentados pelas propagandas). Há muita gente e muito dinheiro investidos nesta área e, com certeza, tanto os fabricantes de motores como os de óleo não deixariam passar algo que trouxesse uma melhora nas características de lubrificação. Além disso, um produto que provavelmente não trará benefício pode até ser prejudicial de alguma forma, como degradar o óleo mais rápido.

Texto: Felipe Hoffmann – Foto: divulgação

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