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Carros do Passado

O interior também não era dos melhores. Apesar da instrumentação farta e bem posicionada e de pedais quase perfeitos, o 924 abusava de pequenos itens VW -- como maçanetas e botões --, algo nada agradável para quem pagara preço de Porsche. Os plásticos do painel eram baratos e o volante posicionado muito baixo, encostando nas coxas do motorista. Era um carro estreito, 1,68 m de largura.

O motor transmitia potência ao câmbio na traseira, através de um tubo de torque. A ótima distribuição de peso entre eixos do 924 demorou a ser explorada por motores mais fortes
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O motor do 924 é um velho conhecido nosso: um VW 2,0-litros com a arquitetura básica dos onipresentes AP. Sua cilindrada, 1.984 cm3, é igual à do AP-2000, mas a partir de diâmetro dos cilindros e curso dos pistões diferentes -- 86,5 x 84,4 mm, contra 82,5 x 92,8 mm do VW. Contava com injeção mecânica de fluxo contínuo Bosch K-jetronic, moderna para época, e taxa de compressão de 9,3:1 para produzir bons 125 cv a 5.800 rpm. A versão para o mercado americano vinha com taxa reduzida para 8:1, para se adaptar à rígida legislação de emissões, o que resultava em parcos 95 cv.

Mas, para bom observador, já era possível perceber a sólida base sobre da qual a empresa de Zuffenhausen viria a construir mais um de seus clássicos. Sua carroceria era um monobloco de aço, ainda o melhor compromisso entre peso, rigidez, qualidade e custo, apesar do elevado investimento inicial. Tinha linhas limpas e, apesar de seu Cx de 0,34 (apenas razoável), contava com área frontal bem reduzida. A boa aerodinâmica resultante permitia alcançar 200 km/h já nas primeiras versões, apesar da letárgica aceleração.

No interior, nova decepção: materiais simples, volante baixo demais e excessivo aproveitamento de pequenas peças da VW

A área envidraçada era boa para um carro-esporte; a perfeita distribuição de peso permitia uma estabilidade e facilidade de controle que faziam jus ao símbolo do capô. Seus objetivos de espaço interno e conforto foram atingidos. Nestes itens, o 924 já nasceu melhor que o 911.

A Porsche, como sabemos, nunca se deixou abater por origens menos nobres, haja vista o que ela conseguiu partindo do Fusca. O 924 teve péssima aceitação, mas a marca não poderia abandonar seu conceito, visto que o 928 -- quase um "924 V8" em arquitetura básica -- seria lançado já em 1977, a um custo exorbitante de ferramental e com grandes esperanças futuras. Aquilo que a Porsche sabe fazer melhor, desenvolver pacientemente seus projetos até atingir a perfeição, se aplicaria também ao 924.

Similar ao AP-2000 de nossos Gol e Santana, o motor 2,0-litros com injeção mecânica desenvolvia 125 cv. Apesar das acelerações lentas, o 924 chegava a 200 km/h

Turbo   Os engenheiros da Porsche reagiram como esperado às críticas a seu novo carro: com melhorias em todas as frentes. De cara, uma versão mais potente do 924 foi lançada com a missão de mudar as opiniões e aquecer as vendas. Assim nasceu o 924 Turbo (conhecido internamente como 931), ao final de 1979. Motores turbo não eram segredo para a empresa, cinco anos após o lançamento do famoso 911 Turbo (930), o primeiro modelo a dar certo com o equipamento.

O motor VW recebeu novos pistões para reduzir a taxa de compressão a 7,5:1. A turbina KKK soprava com pressão moderada: máximo de 0,7 kg/cm2. Desenvolvia respeitáveis 177 cv a 5.500 rpm (156 cv nos EUA), permitindo um desempenho bem melhor: 0 a 100 km/h em 7,5 s e máxima de 225 km/h. O 924 começava a ficar interessante.
Continua

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