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O painel simples tinha o necessário; uma cobertura plástica imitando madeira era notável. O motor de 1,6 litro desenvolvia 54 cv e o consumo era de cerca de 11 km/l. Seu concorrente direto era a Ford Belina, lançada em 1970. Por causa de sua robustez, fez relativo sucesso -- e era a mais barata da categoria. Em 1971 ganhava a frente mais moderna, com quatro faróis e capô inclinado, que ganhou logo o apelido de "cabeça de bagre" pela semelhança com o peixe.

O motor de turbina baixa liberou espaço para um razoável porta-malas traseiro na Variant, que completava o dianteiro e resultava em boa capacidade de 640 litros

Em 1974 foram produzidas mais de 30 mil unidades, boa marca. Em dezembro de 1976 a fábrica comemorava a produção de 250 mil exemplares da Variant. No mesmo ano ela recebeu os mesmos avanços de segurança do Brasília, mas suas linhas defasadas já pediam aposentadoria.

O "Variantão"   A sucessora da Variant, a Variant II, foi lançada em dezembro de 1977. Embora tenha ganho o apelido de Variantão, era na verdade um "Brasilhão", pois as linhas eram inspiradas no Brasília. A visibilidade era tão boa quanto e media 4,33 metros, 20 cm mais que a primeira geração. Mas não obteve o sucesso alcançado por esta e sua carreira foi curta.

Entre os avanços da mecânica estava a suspensão dianteira McPherson com mola helicoidal, bem superior à de braços arrastados duplos e lâminas de torção do Fusca e da antecessora. A traseira apresentava braço semi-arrastado, o que eliminou o grave problema de cambagem variável inerente ao semi-eixo oscilante, em que a posição das rodas se modificava sensivelmente com o movimento vertical. A estabilidade melhorou muito, mas havia dificuldades no alinhamento de direção, o que ajudou a matar o modelo.

A frente mais baixa e agressiva, com quatro faróis circulares, foi adotada na Variant e no TL a partir de 1971, conferindo um "ar de família" entre esses modelos e os posteriores Brasília e Variant II

Por dentro, os bancos com encosto alto eram os mesmos do Passat e o painel tinha bom número de instrumentos em formato retangular, sendo mais tarde aproveitado no Gol. Boa novidade era o limpador do vidro traseiro. O volume de bagagens era maior, tanto na traseira quanto na dianteira, devido à suspensão McPherson que eliminava o corpo do eixo dianteiro, um "ladrão" de espaço. O conforto e o acabamento eram melhores, e o revestimento fonoabsorvente do motor era duplo para diminuir o ruído interno.

O motor era o mesmo do Brasília, mas com desempenho um pouco melhor devido a um comando de válvulas mais esportivo e à saída dupla de escapamento. Tinha 57 cv, velocidade máxima de 138 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 19 s. Em 1980, com o projeto da Parati já em andamento, a Volkswagen tirou o fracassado modelo de produção.

Apesar da suspensão bem mais moderna, a Variant II teve problemas de qualidade e
durou apenas três anos; a VW poderia ter mais sucesso trazendo a perua Passat alemã

Para estudiosos, a perua foi um erro grave da Volkswagen, que poderia ter lançado a versão Variant do Passat (a VW alemã utilizava o nome para suas peruas, o que persiste até hoje), produzida há mais de três anos. Dizia-se que a opção pela Variant II deveu-se à melhor eficiência da tração traseira em subidas enlameadas. Enquanto isso, a Belina com sua tração dianteira reinava absoluta...

Por fim, o fastback TL, lançado na Alemanha em 1966, chegou ao Brasil em 1970. Assim como a Variant daqui, tinha linhas mais retas que o similar germânico. A visibilidade para trás era sofrível por causa da traseira inclinada, bem ao estilo dos anos 60 e 70. Usava a mesma mecânica da perua, ou seja, motor de 1,6 litro de dupla carburação e turbina baixa. Substituiu o 1600 quatro-portas.

Projeto europeu de 1966, o fastback TL substituiu o 1600 de quatro portas, mas logo sofreu concorrência do Passat, que oferecia projeto muito mais moderno em um formato semelhante

O TL já nasceu com quatro faróis redondos, ainda na frente alta e arredondada. Em 1971 teve a frente reestilizada, ficando mais baixa, e ganhou a versão quatro-portas, numa tentativa da fábrica de conquistar o mercado de táxis, carente pelo fim do "Zé-do-Caixão".

A nova versão chegou a responder por quase 50% das vendas, que somaram mais de 20 mil unidades em 1973. Mas no ano seguinte caíam consideravelmente: o carro sofreu o canibalismo interno do Passat, carro anos-luz mais moderno e que significava o progressivo desaparecimento da linha Volkswagen refrigerada a ar.
Continua

Acessórios
Muitos boys se iniciaram com o Brasília. A maioria dos carros tinha sua suspensão rebaixada até o limite, ao ponto em que não dava para passar por cima de uma lata de cerveja em pé. Não faltavam acessórios como rodas de liga leve, vidros fumês ou verdes, bancos altos, minivolantes, conta-giros fixado sobre o painel, teto solar, escapamentos de saída dupla para todos os ouvidos, telas de proteção para estes, carburações, comandos especiais, etc. A parafernália transformava o carrinho.
Piada
O prefeito de uma cidade do interior e correligionários chegaram à capital sem avisar e pediram audiência com o governador. Após 10 minutos de espera, o chefe de gabinete do cerimonial disse que ele não poderia ser atendido naquele momento, pois o governador estava com gente que veio de Brasília. Um deles arrematou:

- Grandes coisas, nós viemos de Vectra!
Nas telas
O ator Tarcísio Meira dirigia um Brasília LS numa novela das oito do início da década de 80, em que era fazendeiro. No filme A Testemunha, estrelado por Harrison Ford, podemos ver uma Variant de origem alemã.
Os amigos do alheio
Durante anos, mesmo após a interrupção da produção, o Brasília figurou no ranking entre os mais roubados do País, dividindo o primeiro posto com o Fusca. Em 1992 ainda tinha a preferência dos ladrões: 15% dos carros furtados, com o Fusca em segundo com 8,5%, no estado de São Paulo. Era desmontado e virava bugue, para uso no litoral, ou aproveitava-se a robusta mecânica para tirar do chão aviões ultraleve. Multiuso em ar ou terra -- ou melhor, em areia.

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