O primeiro Cobra estava pronto em fevereiro de 1962. Levava o número de chassi CSX0001, o primeiro carro a sair da lendária empresa de Shelby, naquele ponto ainda baseada na cidade de Santa Fe Springs. Tanto a Ford quanto a AC literalmente financiaram a entrada de Shelby no rol dos construtores de carros. Forneciam chassis e motores que só seriam pagos quando Shelby recebesse pela venda dos carros. |
Um Daytona
Coupe em construção (em primeiro plano), ao lado de um Cobra roadster
289 de competição e um dos primeiros Fords GT40. Mais atrás, vários
Mustangs em preparação |
Don Fray, gerente da engenharia avançada da Ford na época, certa vez disse, em retrospectiva: "Toda aquela operação de Shelby foi tocada com o dinheiro que sobrava do departamento de competições. Nunca foi uma equipe oficial. Era um bando de 'largados' que íamos apoiando cada vez mais de acordo com seus sucessos. Para nós, era apenas um paliativo na espera do GT40. Mas no fim, Shelby foi instrumental na nossa estratégia na Europa, e acabou sendo fundamental mesmo para o projeto GT40. Até hoje, isso me impressiona! O melhor investimento que já fiz..." |
Vista
aérea da fábrica da Shelby, em 1965, e Mustangs vindos
de Detroit aguardando as modificações que os tornarão GT 350 |
E nasce
o 427 A idéia de
Miles, o piloto-engenheiro, era simples: mais motor. Ele montou um gigantesco V8 de 7,0 litros (427 pol3), saído de um Fairlane
Stock-car, que produzia algo em torno de 500 cv brutos, no pequenino
roadster 289. Desastre total: o chassi torcia para todo lado, os freios e suspensões não eram suficientes. Mas Miles não desistia fácil e logo tinha um Cobra praticamente novo pronto, que conseguia usar a força do 427 a contento. Tudo havia mudado: chassi reforçado, novas suspensões (projetadas pela Ford) e freios. |
Carroll
Shelby, em 1963, em meio a três Cobras roadster de
competição: os agressivos "répteis" seriam a mais famosa
de tantas obras que ele colocou no mundo |
A única saída, que acabou sendo uma jogada de mestre, era então vendê-los como carros "de rua". Imediatamente, as revistas da época estavam
babando pelo carro. Nascia um mito. Foi durante anos o carro de "produção normal" mais rápido e veloz do mundo. Ficou famoso por, nas mãos de
Miles, realizar a prova 0-100-0 mph (partir do zero, acelerar até 100 mph ou 160 km/h e frear até a imobilidade) em 13,8 s. Em 1965! Shelby vendeu 310 carros desse ano até 1967, a US$ 9.500 cada um. Com esse dinheiro você poderia considerar como alternativa, na época, dois Lincolns (o carro mais caro da Ford) ou quatro
Mustangs. |
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