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Carros do Passado

Existem várias interpretações alternativas deste famoso episódio. Uma delas coloca Ferruccio marcando uma reunião com Ferrari para propor uma sociedade, visto que Lamborghini adorava carros-esporte e queria ter seu nome associado a eles. Mas, mesmo segundo esta versão, de qualquer forma Enzo desprezou-o e ele partiu para a "carreira solo". Outra diz que Enzo recebeu Lamborghini, mas disse que os problemas que ele enfrentava com seus Ferraris eram porque "o senhor não sabe dirigir Ferraris. É melhor voltar para os seus tratores."

Ladeando Ferruccio (de terno mais escuro) e diante de um Miura, o "triunvirato de engenharia" da Lamborghini: Bob Wallace, Paolo Stanzani e Giampaolo Dallara, a partir da esquerda

Preferimos a primeira história, mais poética e interessante. E pode muito bem ter acontecido de verdade. Mas, na realidade, é mais provável que Lamborghini começou por dois motivos: primeiro por ser um entusiasta, e segundo por achar que poderia ganhar um bom dinheiro. Certa vez descobriu que a embreagem de um de seus Ferraris, que ele trocava regularmente, era idêntica à utilizada em seus tratores -- exceto pelo fato de que Enzo cobrava o triplo do preço por cada uma delas. Como já dissemos, bobo Ferrari não era. 

Bem, de qualquer forma, nosso herói agora tinha pela frente uma bela caminhada... Fazer uma fábrica de carros partindo do zero. E para, já de cara, criar supercarros melhores que Ferraris. 

Lamborghini não poupou recursos. Começou a construir uma fenomenal fábrica nos arredores de Modena, na pequena cidade de Sant'Agata Bolognese. Do outro lado da estrada, oposto à fábrica ainda em construção, montou um escritório improvisado, de onde começou a pesquisar talentos para contratar. Lamborghini queria gente jovem, talentosa e principalmente entusiasmada, sem medo de arriscar e disposta a trabalhar todo dia até tarde da noite. Gente disposta a construir um nome para si, junto com a nova empresa. E, é lógico, ganhando pouco (Ferruccio também não era bobo). 

O lançamento do 350 GTV, na porta da fábrica. Ferruccio Lamborghini está com a mão no capô e segura um charuto. O carro não tinha motor e nenhum dos presentes sabia

Conseguiu gente exatamente assim na rival Maserati, localizada ali perto, em Modena. Nascia o famoso "Triunvirato de Engenharia de Ferruccio Lamborghini": Giampaolo Dallara, Paolo Stanzani e Bob Wallace. 

Dallara, que já havia passado pela Ferrari antes da Maserati, projetava os carros, que eram ajustados pelo neozelandês Wallace em intermináveis testes pelas estradas européias. Stanzani era o Engenheiro de Processos e Produção, transformando as idéias de Dallara em peças produzidas em série. Um comandava a fábrica (Stanzani), outro a engenharia (Dallara), o outro o departamento experimental. Dallara tinha 24 anos, Stanzani e Wallace 25. Ferruccio era o "velho" da turma, com apenas 45 anos.

Naquela época, essas marcas italianas não tinham um departamento de estilo. Desenho era simplesmente comprado em empresas como Pininfarina e Bertone. Outro famoso engenheiro italiano a marcar fortemente a Lamborghini em seu início foi Giotto Bizzarini. Ex-Alfa, ex-Ferrari, uma das vítimas da "noite da faca longa", como já vimos. Bizzarrini se encontrava envolvido em vários projetos, como consultor, além de fazer parte do malfadado consórcio ATS.

O estilo do GTV, altamente discutível, não impressionou bem à imprensa. Muito seria modificado até o lançamento do 350 GT de produção, um ano depois

Mas arrumou tempo de projetar o motor V12 da Lamborghini. Esse motor, apesar de dizerem as más línguas ser uma cópia do V12 do Ferrari 330 P4 de competição, é uma obra-prima. Inicialmente com 3,5 litros de cilindrada, é a base de todo motor Lamborghini V12 até hoje. Apesar de não compartilhar uma peça sequer com esse primeiro motor, o motor do Diablo 6.0 (saiba mais) é parecidíssimo com ele.

Em 29 de outubro de 1963, Ferruccio Lamborghini chamou a imprensa à fábrica para mostrar o primeiro Lamborghini: o 350 GTV. Completo anticlímax. O carro, com desenho de Franco Scaglione (Bertone), tinha estilo altamente controverso. E, mal sabiam os jornalistas, não tinha motor! Como este ainda não estava pronto quando Bertone finalizara o veículo, quando tentaram finalmente montá-lo, perceberam que não cabia no cofre do carro...
Continua

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