Em 1974 a Gurgel apresentava um pioneiro projeto de carro elétrico. O Itaipu -- alusão à usina hidrelétrica -- era bastante interessante: ótima área envidraçada, quatro faróis quadrados, um limpador sobre o enorme pára-brisa, que tinha a mesma inclinação do capô dianteiro. Visto de lado, era um trapézio sobre rodas. Era um minicarro de uso exclusivamente urbano para duas pessoas, fácil de dirigir e manobrar, que usava baterias recarregáveis em qualquer tomada de luz, como um eletrodoméstico. |
Em 1980 a linha contava com 10 modelos, incluindo diversas versões do X12 e do utilitário X15 (em segundo plano), que parecia um veículo militar com suas linhas retas | ![]() |
Um dos modelos elétricos se chamaria CENA -- carro elétrico nacional --, nome que ressurgiria no projeto do
BR-280/800, com o "e" representando "econômico". Mas os problemas de durabilidade e peso das baterias, consumo e autonomia são até hoje um desafio, inclusive nos países mais desenvolvidos. Infelizmente o projeto não vingou, mesmo depois de várias tentativas de seu criador para conseguir parcerias em financiamentos, incentivos e pesquisas. Mas deu origem a outros, anos depois. Em 1976 chegava o X12 TR, de teto rígido. Suas linhas estavam mais retas e ainda transmitiam respeito; continuava um utilitário bastante rústico. Os faróis redondos agora estavam embutidos na carroceria e protegidos por pequena grade. Na frente destacava-se o guincho manual com cabo de 25 metros de extensão, por sistema de catraca, para situações fora-de-estrada. As portas tinham dobradiças e na traseira, sobre a pequena tampa do motor, outro acessório interessante: baseado nos Jeeps da Segunda Guerra Mundial, um tanque de combustível sobressalente de 20 litros ou, como alguns gostavam de chamar, camburão. Era um dispositivo útil e bem-vindo para as aventuras fora-de-estrada. Na frente, o pequeno porta-malas abrigava o estepe e o tanque de combustível de 40 litros. Para as malas, havia quase nenhum espaço -- só se fossem lá dentro, junto com os passageiros. O painel era muito simples e continha o extremamente necessário. O chassi Plasteel continuava como padrão e a fábrica oferecia uma garantia inédita de 100.000 quilômetros. Fato interessante é que todo Gurgel tinha carrocerias originais: o engenheiro nunca copiou nada em termos de estilo, mesmo lá de fora, coisa corriqueira hoje em dia entre fabricantes de veículos fora-de-estrada, seja grande ou pequeno construtor -- quantas réplicas do Jeep você conhece? Em 1979 toda a linha de produtos foi exposta no Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça. Neste evento a propaganda do jipe nacional e o volume de vendas foram muito bons. Variedade de oferta Depois de cinco anos de estudo, outro veículo de tração elétrica, o Itaipu E400, ia para os primeiros testes em 1980. Tratava-se de um furgão com desenho moderno e agradável. Sua frente era curva e aerodinâmica, com amplo pára-brisa e pára-choque largo com faróis embutidos. Nas laterais havia somente os vidros das portas, com quebra-ventos; o resto era fechado. O painel era equipado com velocímetro, voltímetro, amperímetro e uma luz-piloto que indicava quando a carga estava por acabar. As baterias eram muito grandes e pesadas, cada uma com 80 kg e 40 volts. O motor elétrico era um Villares de 8 kW (11 cv) e girava a 3.000 rpm máximas. Apesar da potência ínfima, os elétricos conseguem boa aceleração porque o torque é constante em toda a faixa útil de rotações. Tinha câmbio de quatro marchas, embreagem e transmissão. |
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Depois de tentar com um minicarro, em 1975, Gurgel adotou a tração elétrica no furgão Itaipu E400, mas as baterias eram pesadas demais e tinham pequena autonomia |
O consumo, se comparado a um carro a gasolina, seria de 90 km/l, mas a autonomia era pequena, de apenas 80 quilômetros. Para recarregar eram necessárias em média 7 horas numa tomada de 220 volts. Devido a este fator, era um veículo estritamente urbano. A velocidade máxima estava por volta de 80 km/h, em grande silêncio -- uma das grandes vantagens de um carro elétrico
é não poluir com gases nem com barulho. Primeiramente foi vendido a empresas para testes.
Depois da versão furgão viriam o picape de cabines simples e dupla e o E400 para passageiros. O E400 CD (cabine dupla) era um misto de veículo de carga e passageiros, lançado em 1983. Com a mesma carroceria foi lançado um modelo com motor Volkswagen "a ar", com dupla carburação, que tinha a denominação G800. Trazia a mesma robustez e muito espaço interno para passageiros -- seria uma antevisão do Mercedes-Benz Classe A, projetado para ser elétrico mas que depois passou a motor de combustão interna? Na versão CD havia um detalhe curioso: três portas, duas na direita e a outra na esquerda para o motorista. Do mesmo lado, atrás, vinha um enorme vidro lateral. Ganhava o passageiro que se sentasse deste lado, pois tinha ampla visibilidade. O G800 pesava 1.060 kg e podia carregar mais 1.100 -- um utilitário valente e robusto. |
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