Muito mais que coincidência

As semelhanças entre Audis e Volkswagens não são
recentes. E têm por trás uma longa história

Com a utilização de mesmas plataforma, mecânica e elementos internos nos últimos lançamentos de ambas as marcas, muitos dizem que Volkswagen é Audi "de pobre" ou, inversamente, que Audi não passa de Volkswagen mais caro. Essa sinergia de grupo -- como é definida pelo próprio Grupo VW Audi -- tende a ser cada vez maior, neste e em outros conglomerados de fabricantes. E justifica uma explicação histórica.

Até o final da década de 60, a Volkswagen só produzia na Alemanha carros com motor traseiro refrigerado a ar. Entre eles o Fusca ou Tipo 1; o Tipo 2 (Kombi); o jipe VW 181, feito à semelhança dos veículos militares usados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial; e os VW 1500/1600 Tipo 3, em três versões: notchback ou três-volumes, semelhante ao "Zé do Caixão" brasileiro, fastback, similar a nosso TL, e squareback, muito parecida com a Variant nacional (leia história destes modelos e do Brasília).

Os VW Tipo 3, em três carrocerias: semelhantes a nossos TL, Variant e "Zé do Caixão"

Ainda eram disponíveis o clássico Karmann-Ghia, conhecido como Tipo 14; sua versão mais atual, o Tipo 34, que não foi produzida no Brasil; e o Tipo 4, representado pelos modelos 411 fastback e perua. Estes eram muito parecidos com os TL e Variant brasileiros, só que mais modernos: com duas ou quatro portas, utilizavam monobloco, em vez de chassi e carroceria separados, e motores diferentes dos utilizados no Fusca e no Tipo 3, já que eram bem mais pesados.

Esse motor tinha carcaça e cilindros de alumínio, filtro de óleo como o usado nos dias atuais (em vez do de tela metálica do Fusca) e versões de 1,7 litro com 68 cv (411 de 1969) até 2,0 litros com 85 cv (412 S e LS, 1974). Também mereciam destaque o aquecedor elétrico temporizado, que descongelava o veículo nas manhãs de inverno, e as suspensões.

Na dianteira era usado o conceito McPherson, como em nossa Variant II. Já a traseira, desenvolvida pela Porsche, era praticamente o mesmo sistema do 911, mas simplificado, com braços semi-arrastados. Todas as molas eram helicoidais em vez de barras de torção. O Tipo 4, mesmo com motor e tração traseiros, tinha características subesterçantes (tendência a sair de frente nas curvas) graças ao excelente trabalho dos engenheiros da Porsche.

Em 1969 passava a utilizar injeção eletrônica, fazendo o motor 1,7 render 80 cv e permitindo partidas mais rápidas em temperaturas muito baixas, como o inverno sueco, onde 20° C negativos são uma constante. Em agosto de 1972 era lançado o 412, discreta reformulação que o deixava com a mesma "cara" dos nacionais Brasília e Variant, junto de algumas mudanças -- freios mais eficientes, suspensão reforçada, volante deformável e central elétrica com autodiagnóstico.

Estratégia de mercado   Foi justamente nesta época que a Volkswagen passou a se tornar mais agressiva no mercado. A Auto Union AG, fundada em junho de 1932, fora adquirida em 1962 e reunia quatro marcas: Wanderer, fundada em 1885; Horch, de 1899; DKW, de 1907; e a Audi, fundada em 1909 e única marca das quatro remanescente hoje. Cada argola do logotipo da Auto Union, que segue em uso até hoje como tradição, representava uma das marcas.

Antes de pertencer à Volkswagen, a Auto Union chegou a fazer parte do grupo Daimler-Benz, a partir de abril de 1958, quando a Daimler-Benz AG adquiriu 87,8% de seu capital. As relações entre Auto Union e Mercedes-Benz acabaram em janeiro de 1965, quando a Volkswagenwerk AG comprou 50,3% da Auto Union -- primeiro passo para que a VW se tornasse um das maiores grupos automobilísticos do mundo. Continua

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Fotos: divulgação

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