O Clio oferece mais espaço na frente e para as pernas na traseira, mas seu teto prejudica a acomodação de passageiros mais altos atrás. No Fiesta os ocupantes continuam com as pernas apertadas, a exemplo do hatch, apesar do aumento da distância entre eixos em 5 cm no três-volumes -- talvez o banco traseiro tenha permanecido na mesma posição.

Esse banco tem encosto bipartido apenas no Ford, enquanto no Renault seu rebatimento é comprometido por uma estrutura que fecha parte do vão. Quanto à capacidade de bagagem, vantagem expressiva do Clio, com 510 litros, a maior entre os sedãs nacionais -- no Fiesta cabem 400 litros, um dos menores do segmento. O estepe de ambos está por dentro, sob o assoalho.

Mecânica, comportamento e segurança   Os pequenos motores são similares em conceito, a não ser pelo emprego de quatro válvulas por cilindro no Clio, e adotam a mesma solução de acionamento indireto das válvulas com roletes (saiba como funciona). O Renault oferece um pouco mais de potência (68 contra 65 cv) e torque (9,5 ante 8,9 m.kgf), o que beneficia o desempenho, ao lado do peso inferior em 69 kg.

De acordo com os fabricantes, o Clio chega a 160 km/h e acelera de 0 a 100 em 15 s, e o Fiesta, 152 km/h e 18,47 s. São diferenças palpáveis, mas como o torque máximo do Renault aparece cerca de 1.000 rpm mais alto, no uso urbano normal não se percebe tanta disparidade. Em consumo o Ford volta a ficar para trás: declarados 11,1 km/l na cidade e 16,9 km/l na estrada, ante 13,4 e 19,7 km/l, na ordem.

Ambos têm funcionamento suave, pela relação r/l favorável (saiba mais sobre técnica), mas se tornam algo ruidosos em velocidades normais de viagem, como 130 km/h indicados. Influi nesse resultado da escolha de relações de marcha curtas, em função da velha justificativa de que "o brasileiro quer agilidade". A opinião do BCWS é de que os atuais motores de 1,0-litro, com até 50% mais potência que os primeiros (o Uno Mille de 1990 tinha 48 cv, o atual Gol 16V, 76 cv), ganhariam muito em conforto voltando a usar caixas 4+E, para menores ruído e consumo.

Relações à parte, o câmbio do Fiesta é mais leve e preciso (a Renault tem aqui um ponto a evoluir, mas que não tem recebido atenção alguma desde o lançamento do Clio, há três anos), além de ter a marcha à ré tão fácil de engatar como se fosse uma sexta, sem anel-trava como o do Clio. Os freios e a direção de ambos (assistida) correspondem às expectativas. Continua