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Conforto e conveniência

Se o Focus hatch básico já havia agradado em acabamento, o que dizer do três-volumes em versão Ghia? O interior é mais sofisticado, chegando a apliques que imitam madeira escura no painel e nas quatro portas; o banco do motorista tem ajuste elétrico de altura; há computador de bordo e sistema de áudio controlados junto ao volante. Como no cinco-portas, os plásticos macios e as linhas elaboradas transmitem ótima impressão, sem falar no manual do proprietário em CD. O Focus surpreende no que mais um carro deve agradar: o ambiente interno.

Os demais oferecem bom revestimento de bancos e os equipamentos mais desejados, mas com alguns senões. No Astra -- o leitor deve estar cansado de ler, mas a GM não se mexe -- são os painéis de porta, e tanto nele quanto no Mégane a qualidade dos plásticos. O Renault parece ter fugido das aulas de ergonomia com seus controles elétricos de vidros dianteiros baixos (assim como os de ventilação) e os traseiros nos pés do passageiro central, além da ausência de travas visíveis nas portas dianteiras (apenas interruptor central).

O Marea não tem esses problemas e ainda ganha em largura interna, embora tenha o menor entreeixos, com reflexo no espaço para as pernas. É o único a oferecer ar-condicionado com controle automático de temperatura e difusores para o banco traseiro. Mas perde na posição de dirigir para Astra e Focus -- apoio importante é o volante com dupla regulagem, presente em ambos. E só o Fiat fica devendo computador de bordo.

Instrumentos e painéis de porta de estética pobre no Astra, apesar de recursos como disqueteira e sistema de verificação. Ponto alto é a posição de dirigir, beneficiada pelo duplo ajuste do volante

Entre os detalhes, o Astra é o único com retrovisor esquerdo plano (de menor campo de visão) em vez de convexo e limpadores de pára-brisa sem intervalo ajustável; Marea e Focus adotam volante de quatro raios, mais agradável; luzes no Mégane e Marea alertam para portas mal fechadas; Focus e Mégane podem ter volante revestido em couro; e o botão de abertura do porta-malas do Focus fica ao lado dos instrumentos, bem acessível.

Outro ganho do Ford de três volumes é o amplo porta-malas, de 490 litros, mais que os 460 litros do GM e os 430 do Fiat, e pouco abaixo dos 510 litros do Renault. Todos permitem rebater o banco traseiro para ampliar essas capacidades e têm o estepe sob o assoalho.

Mecânica, comportamento e segurança

A Fiat vem investindo pesado em motor no Marea, o que resulta em superioridade neste comparativo. Além da maior cilindrada, seu moderno 2,45-litros de cinco cilindros adota recursos exclusivos entre os quatro, como coletor de admissão de geometria variável, variador de fase do comando de válvulas e acelerador eletrônico (este não resulta em ganho de potência ou torque), para 160 cv e 21 m.kgf.

É uma vantagem considerável sobre os dois-litros de 16 válvulas do Astra (136 cv, 19,2 m.kgf) e Focus (130 cv, 17,9 m.kgf) e, ainda mais, sobre o oito-válvulas do Mégane (115 cv, 17,5 m.kgf). A Renault precisa adotar, e rápido, a versão de 16 válvulas deste dois-litros, já conhecida do Laguna. O Mégane nem mesmo compensa a menor potência com mais torque em baixos regimes, pois atinge o ponto máximo só a 4.250 rpm -- parece um multiválvula logo em seu aspecto negativo.

As diferenças de potência refletem-se no desempenho de cada um, tanto o sentido ao dirigi-los (não avaliamos o Astra de 136 cv, mas a percepção da versão anterior e o ganho de 8 cv permite uma boa idéia) quanto o verificado nos índices divulgados. Vale lembrar que o câmbio de relações longas do Focus resulta em retomadas mais lentas sem redução de marcha, o que alguns traduzem por menor agilidade.

O Marea vence em aceleração e velocidade máxima, mas não pela larga margem com que ganha em potência -- culpa do peso, o mais elevado do grupo. O Astra é o segundo em arrancada e o Focus em máxima, com o Mégane sempre em último. "Mas o Renault compensa em consumo", deve pensar o leitor. Errado: é o mais gastador, sendo o Ford o melhor em cidade e o Astra (por quase 2 km/l de vantagem sobre o segundo colocado) em estrada. O Fiat é o terceiro em consumo nas duas situações. Continua

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