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O desenho da C3 Picasso lembra o tema do "quadrado arredondado"
do novo Uno; embora divida opiniões, tem o mérito de ser diferenciado

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A Idea mostra bom trabalho de remodelação, que suavizou o excesso de linhas retas da versão original; nas lanternas traseiras ela usa leds

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A nova frente deixou a SpaceFox bem integrada à linha VW mundial; já na traseira as lanternas muito retilíneas têm aspecto um pouco antigo

Concepção e estilo

A C3 Picasso que chega ao mercado brasileiro, fabricada em Porto Real, RJ, é bastante parecida com a lançada em 2008 na França, embora a nossa tenha recebido grade frontal e outro arranjo na quinta porta, com a placa de licença deslocada para a direita. Também similares em aparência — apesar de usarem plataformas diferentes — eram a Idea feita em Betim, MG, quando apresentada em 2005, e a italiana lançada dois anos antes. Já a SpaceFox, que chegou em 2006, é um projeto exclusivo da América do Sul desenvolvido sobre o Fox brasileiro para produção na Argentina. As duas últimas já passaram por remodelações na frente e na traseira, elaboradas por aqui.

Os estilos mostram três escolas diferentes. Na Idea predominam as linhas retas, embora o modelo reestilizado tenha assumido algumas curvas para uma aparência mais leve e moderna. Na C3 Picasso vigora um padrão de desenho inspirado — assim como no novo Fiat Uno — no quadrado com cantos arredondados. Sua frente com capô pronunciado a distingue claramente das outras, que usam transição mais suave do compartimento do motor para o para-brisa. A SpaceFox é a de linhas mais arredondadas, apesar de, na contramão da Idea, ter adotado alguns cantos angulosos nos itens refeitos em 2010.

As três parecem ter sido aprovadas pela maioria dos que as viram durante a avaliação, embora não sejam do tipo de carro que entusiasme pelo estilo. As mudanças aplicadas à Idea foram felizes, embora alguns estranhem o comprimento das filas de leds que compõem as luzes de posição nas lanternas traseiras. Na SpaceFox, houve quem opinasse que as lanternas mais retilíneas parecem mais antigas que as arredondadas do modelo anterior, enquanto a frente bem inserida no novo padrão da VW agrada bastante. A C3 Picasso é a que mais divide opiniões: alguns acham o desenho um tanto pesado, quase utilitário, mas ela tem o mérito de se não se parecer com qualquer concorrente.

A Citroën não informa o coeficiente aerodinâmico (Cx) da minivan nacional, mas dados da França apontam para 0,308. A julgar por informações da Aircross, estimamos 0,32 para a C3 Picasso feita aqui, coerente com a adoção de grade dianteira e o uso de pneus mais largos como itens de série. Assim, seu Cx seria pouco melhor que o índice 0,33 da Idea e o 0,336 da SpaceFox. Considerada a área frontal (Cx.A), porém, a VW fica em melhor situação, com 0,80, ante 0,83 da Citroën e 0,88 da Idea.

Conforto e conveniência

A C3 Picasso mantém o ambiente interno da Aircross, com um painel moderno e de bom aspecto, similar ao do C3 francês de nova geração, e apliques em tom prateado ou que simulam metal polido, que valorizam a aparência. Na SpaceFox foram adotados painel e portas mais bem-acabados junto da reestilização externa, o que eliminou o aspecto pobre vigente até então. A Idea é que ficou para trás ao manter, na nova série, o painel retilíneo e já ultrapassado do lançamento — quase igual ao que equipa o Palio desde 2004.

Em termos de materiais, nenhuma agrada plenamente: usam plásticos rígidos e de baixo custo, habituais em carros derivados dos pequenos, apesar do preço de modelos médios que essas versões alcançam. Mas chamou atenção na Idea a queda de qualidade no acabamento, com mais rebarbas, encaixes malfeitos e parafusos aparentes. Quanto ao revestimento dos bancos, a C3 Exclusive vem com uma válida combinação de malha perfurada (na seção central dos bancos) e couro (nas laterais) e a SpaceFox usa couro sintético, opcional. A Idea Essence, com tecido simples e áspero, está em uma desvantagem justificada por não ser a versão de topo do modelo.

Apesar da variedade de regulagens — de altura do banco e de altura e distância do volante, com exceção da distância na Idea —, nenhuma delas oferece uma posição de dirigir realmente boa: notam-se sinais da adaptação das plataformas de outros carros, o que levou à dissonância entre a posição do banco e a dos comandos. O caso da Fiat é o mais grave, pois pedais e volante ficam deslocados à direita em cerca de 5 cm em relação ao assento. Na VW os pedais também estão mais para direita e, na Citroën, as alavancas de câmbio e — sobretudo — de freio de estacionamento ficaram baixas demais para a altura do banco. Nesses dois modelos não há bom local para o pé esquerdo. Ao menos os volantes são corretos nas três e, na C3 Picasso, agradam os amplos apoios laterais do banco.

Variações estéticas à parte, os painéis apresentam informações equivalentes com fácil leitura, iluminados em branco na Idea (antes alaranjado, que é talvez a melhor cor para isso) e na C3 Picasso e na combinação de azul e vermelho na SpaceFox, pouco funcional por seu baixo contraste com o fundo preto. Todas vêm com computador de bordo, que na Fiat e na VW inclui a segunda medição de tempo, distância, velocidade e consumo médios, além de informar consumo instantâneo — sempre em km/l, como se usa aqui. A C3 é a única a oferecer navegador integrado ao painel, ausente da avaliada. Continua

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Trabalhos nacionais: a Citroën ganhou grade, a Fiat foi toda redesenhada de frente e a VW, que já era projeto local, recebeu nova seção dianteira

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